Num documento obtido pela Bloomberg, a Comissão Europeia prepara-se para estabelecer metas muito ambiciosas no que toca à mobilidade eléctrica. O relatório que deverá ser divulgado em breve estima que, em 2030, existam pelo menos 30 milhões de veículos eléctricos matriculados no Velho Continente, o que corresponde a um salto de gigante, considerando que a actual frota europeia se limita a 1,4 milhões de automóveis a bateria.

A meta é ainda mais “surpreendente” tendo presente que, o ano passado, foram registados na União Europeia (UE) 17,9 milhões de veículos, de acordo com os dados fornecidos pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA). Significa isto que, para atingir os tais 30 milhões de veículos eléctricos, seria necessário que até 2030 o mercado europeu transaccionasse anualmente 3 milhões de carros eléctricos, o que corresponderia a uma quota de mercado ligeiramente superior a 16%.

Mas as baterias vão também estar apontadas à infra-estrutura de carregamento, sem a qual a mobilidade eléctrica não se apresenta como uma alternativa viável para muitos condutores. Segundo a Comissão, os actuais 200 mil pontos de carga devem “saltar” para 3 milhões de postos públicos, prevendo-se igualmente uma expansão da rede de abastecimento de hidrogénio. Neste caso, os eléctricos movidos com a electricidade gerada a bordo com recurso a células de combustível a hidrogénio terão, também no horizonte de 2030, 1000 estações onde podem atestar. De recordar que o desenvolvimento da tecnologia das fuel cells não concentra a atenção da maioria dos fabricantes de automóveis, excepção feita para a Hyundai e Toyota, sobretudo, que continuam a trabalhar para fazer avançar esta tecnologia que, por enquanto, ainda é muito cara e se depara precisamente com a ausência de locais de abastecimento.

Mas a neutralidade carbónica não deverá ser alcançada exclusivamente às expensas dos automóveis, se bem que um número crescente de países a anunciar limitações (ou mesmo a proibição completa) de carros com motor de combustão já esteja a contribuir para que os consumidores se virem para modelos electrificados. Prova disso é que, em Setembro passado, as vendas de veículos electrificados superaram, pela primeira vez, os diesel na Europa.

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Eléctricos venderam mais que os diesel em Setembro

Conforme a Bloomberg, a redução das emissões vai também apertar noutros meios de transporte, com a UE a definir metas mais apertadas para o transporte aéreo, marítimo e ferroviário. Resta saber como e se o grau de exigência será o mesmo que foi aplicado ao sector automóvel que, em Junho de 2021, verá de novo os limites de emissões de CO2 serem revistos para os automóveis ligeiros de passageiros e de mercadorias. Em 2022, será a vez dos pesados, sempre com base numa política de “estimular a procura de veículos com zero emissões”.