A Irlanda disponibilizou 2,2 milhões de euros para apoiar a assistência às populações deslocadas devido à violência armada em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, anunciou esta quinta-feira o Programa Alimentar Mundial (PAM).

“Com a contribuição irlandesa, o PAM será capaz de fornecer senhas de valor a 75.000 deslocados internos por um período de dois meses. Estas senhas não são apenas uma forma de apoiar os mercados locais, mas também permitem que os beneficiários comprem alimentos e outros itens essenciais”, refere o comunicado do PAM, uma das agências das Nações Unidas que tem estado a coordenar o apoio às populações em Cabo Delgado.

A violência armada naquela província do norte de Moçambique está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Segundo o PAM, que já distribuiu as senhas a pelo menos 375.000 deslocados, o apoio irlandês chega num momento oportuno, tendo em conta que a agência procura meios para garantir que a assistência abranja todos os deslocados naquela província.

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“Este financiamento chega num momento crítico, as necessidades estão a aumentar rapidamente devido à escalada da violência em Cabo Delgado”, disse Antonella D’Aprile, representante do PAM em Moçambique, citada no documento.

A agência avança que precisa de um total de 117 milhões de dólares (96,5 milhões de euros) para prosseguir com os seus trabalhos em todo o país, mas, até ao momento, tem disponível apenas um décimo do valor necessário — 11,7 milhões de dólares (9,6 milhões de euros).

“Sem apoio adicional, as operações do PMA serão comprometidas levando à diminuição ou mesmo suspensão da distribuição de alimentos aos necessitados”, acrescenta o documento.

A província de Cabo Delgado, onde avança atualmente o maior investimento privado de África, para exploração de gás natural, está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019.