Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, aproveitou o editorial da próxima edição da revista Dragões para abordar vários temas da atualidade azul e branca. A qualificação para os oitavos da Liga dos Campeões, que teve o carimbo final com o triunfo na Grécia frente ao Olympiacos que tornou os portistas na equipa que soma mais vitórias na competição (114-113 em comparação com o Benfica), foi um dos principais temas mas o líder do clube comentou também pela primeira vez o desaparecimento do amigo e histórico dirigente Reinaldo Teles, ao mesmo tempo que voltou a apontar o foco ao Governo pelas limitações que ainda se fazem sentir no país.

“Não dou prendas, os jogadores é que vão buscar as prendas”. Sérgio não é Pai Natal, Pepe é importante até na bancada

“É muito difícil estar constantemente a disputar as fases mais adiantadas de uma competição tão dura mas o FC Porto tem-no conseguido muitas vezes, e com o Sérgio Conceição como treinador esta já é a terceira qualificação”, começou por recordar o presidente dos azuis e brancos, realçando um histórico que valeu a chegada aos oitavos e aos quartos nas épocas anteriores já com o atual técnico no comando (na outra caiu antes da fase de grupos, surpreendido na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões pelos russos do Krasnodar).

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“O mérito da equipa e de todos os que a constituem é inquestionável. E o orgulho que o FC Porto deve representar para Portugal também. Uma vez mais foi o futebol, tão desprezado por quem nos governa, a colocar o nome do país no topo do mundo. Apesar das dificuldades que cada vez mais nos impõem, continuaremos a tentar levar ainda mais longe esta história tão bonita”, referiu ainda, em alusão à ausência de público nos estádios numa fase onde alguns países europeus começam a testar modelos para promoverem o regresso dos adeptos.

Pinto da Costa diz que “este Governo vai ficar ligado à falência do futebol e do desporto”: “Há pouca sensibilidade e incompetência”

“Há dois ou três meses passeavam nas praias no meio de milhares de pessoas, não se preocupavam com a segunda vaga, só se preocupavam com o bronze. Hoje fecham os estádios e estão a matar o futebol, estão a dar cabo do futebol. Não permitir que num estádio com 22 mil lugares possam ter 10%, 20% ou 30% da lotação total como a UEFA permite… É lamentável, estão a querer matar o futebol, matar clubes como este [Fabril] que estão a lutar para singrar… É triste, ridículo e estúpido que hoje não possa estar público e ainda ontem no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, houve um espetáculo onde permitiram 40% da lotação. É uma má vontade, um querer ferir o futebol. Estes responsáveis vão ficar na história de Portugal como as pessoas que querem matar o futebol, não só os restaurantes”, tinha destacado à SportTV no dia do jogo da Taça de Portugal com o Fabril, em novembro.

“A maldita pandemia que deu a volta às nossas vidas em 2020 levou-nos o nosso querido Reinaldo Teles. É uma perda incalculável para a família, para mim e para o FC Porto. Conheci o Reinaldo há mais de 50 anos, quando ele era atleta de boxe e eu era responsável pela secção, e já nessa altura eram evidentes as características que todo o mundo do desporto viria a reconhecer nas décadas seguintes: era forte, competente, abnegado, leal e apaixonado pelo clube. Tinha um coração enorme e era um campeão. Logo nos primeiros anos da minha presidência do FC Porto, em 1984, não hesitei em chamar o Reinaldo para colaborar com a Direção e o trabalho que ele desenvolveu desde essa altura até este ano, nas mais diversas funções e sobretudo no departamento de futebol, veio confirmar que essa foi uma das melhores decisões que eu alguma vez tomei”, salientou sobre o antigo vice e administrador da SAD azul e branca, que morreu no passado dia 25 de novembro.

Morreu Reinaldo Teles, histórico dirigente do FC Porto e eterno braço direito de Pinto da Costa. Tinha 70 anos

“A história do FC Porto, felizmente, está repleta de figuras eminentes, desde os fundadores e impulsionadores como António Nicolau de Almeida e José Monteiro da Costa até presidentes da craveira do Dr. Cesário Bonito e do Sr. Afonso Pinto de Magalhães e dirigentes como Pôncio Monteiro, Teles Roxo e Armando Pimentel, entre muitos outros. Considero que o Reinaldo Teles conquistou há muitos anos o direito a figurar nessa galeria de ilustres. E a recordação do seu exemplo, da sua dedicação e do amor que colocava em tudo o que fazia ao serviço deste clube continuarão a ser, para mim e para todos os que tentam tornar o FC Porto cada vez maior, um estímulo inexcedível”, concluiu Pinto da Costa, falando sobre a pessoa mais próxima que teve no clube.

Pinto da Costa sentiu-se mal no último adeus ao amigo Reinaldo Teles, que juntou centenas de pessoas no Dragão