Duarte Cordeiro, responsável pela negociação do Governo com os outros partidos, critica quem aprovou a proposta do BE de não incluir a transferência para o Novo Banco no Orçamento do Estado, mesmo que apenas uma verba transferida pelo Fundo de Resolução com base em empréstimos dos bancos a esse organismo público que funciona na dependência do Banco de Portugal. Pareceu “um concurso de popularidade para [os partidos] dizerem que procuravam responder às preocupações das pessoas”, critica Duarte Cordeiro, em entrevista ao Jornal Económico.

“Independentemente de ter havido já apuramentos de auditorias e de a Procuradoria-Geral da República (PGR) se ter pronunciado e não se terem identificado matérias que indiciassem situações mais gravosa, e ainda assim os partidos terem pedido novas auditorias e o PS ter concordado com o princípio de uma nova auditoria e de o Governo concordar com a ideia de responder a solicitações dos partidos à nossa esquerda para retirar empréstimos públicos, [os partidos] quiseram sempre ir mais longe”, afirma Duarte Cordeiro.

O resultado foi uma decisão que “preocupa” o Governo pela “instabilidade que projeta no OE2021”. “Os partidos votaram a favor de uma alteração que se traduz numa desorçamentação de uma verba que estava previsto transferir sem terem noção das consequências. Procurámos dizer que havia riscos associados, o que parece um pouco estranho, pois convivemos durante um conjunto significativo de anos com empréstimos públicos do Estado para o Novo Banco”, lembra Duarte Cordeiro.

Apesar de considerar que o Bloco de Esquerda agiu de forma errada – algo que atribui a um “afastamento” associado a uma “avaliação estratégica” por parte do partido liderado por Catarina Martins – o principal alvo das críticas de Duarte Cordeiro é o PSD. “Tivemos o PSD a votar na proposta do Bloco de Esquerda sem nunca ter dito que concordava com a mesma. De forma clara, que todos antecipássemos, e sem eles próprios fazerem uma proposta. Concordo que se o PSD tivesse feito uma proposta não a faria nos termos do BE. Mas isso não o impediu de aprovar aquela e parece que o objetivo foi simplesmente criar desequilíbrio e instabilidade”, indicou, rematando: “Se há ano a que não queríamos acrescentar incerteza era este”.

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