O presidente da Comissão de Acompanhamento da Luta contra a Pandemia nos Açores considerou esta sexta-feira que não deverá ser necessário adotar medidas mais restritivas no Natal no arquipélago, mas deixou conselhos para o período que antecede a quadra.

“Penso que neste momento não serão justificáveis medidas demasiado restritivas. Agora, a semana ainda não acabou. Vamos verificar se de facto o risco tem uma tendência decrescente nestas últimas duas quinzenas e se, de facto, assim se comprovar poderemos então não assumir nenhuma medida mais restritiva para o Natal, dando apenas conselhos”, avançou Gustavo Tato Borges, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

Segundo o médico especialista em saúde pública, atualmente apenas dois concelhos nos Açores apresentam um risco elevado de transmissão do novo coronavírus (com mais de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 15 dias).

Os dois principais concelhos da ilha de São Miguel com mais casos por 100 mil habitantes são Ribeira Grande e Vila Franca do Campo, que neste momento estão debaixo de olho. Pensamos que a situação vai estabilizar e voltar ao normal dentro das próximas semanas”.

No caso da Ribeira Grande, o pico do aumento de casos coincidiu com um rastreio realizado na vila de Rabo de Peixe, a única localidade dos Açores com uma cerca sanitária e medidas mais restritivas, mas os números mais recentes indicam que “parece haver já uma quebra” na transmissão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Em princípio, a situação estará bastante controlada e a cerca será levantada no domingo, e não será necessário fazer qualquer medida extraordinária”, avançou Gustavo Tato Borges.

O concelho de Vila Franca do Campo, também na ilha de São Miguel, registou um aumento de casos nas últimas duas semanas, mas o responsável sublinhou que todos os casos pertencem à mesma cadeia de transmissão, por isso também não deverão ser necessárias medidas adicionais de controlo. “Neste momento é uma situação que está debaixo de olho, não nos preocupa de sobremaneira, mas estamos todos atentos”.

Segundo Gustavo Tato Borges, os Açores estão “numa fase de estabilização com alguma descida”, mas é preciso redobrar os cuidados no período que antecede o Natal, para que a quadra “não seja uma altura de disseminação do vírus”.

As pessoas devem continuar a fazer a sua vida, devem a ter os cuidados todos e mais alguns, porque só assim vamos conseguir minimizar qualquer pico de casos novos. As regras são sempre as básicas do costume: utilização de máscara, distanciamento físico de mais de dois metros, higiene das mãos, etiqueta respiratória… Tudo isso é fundamental para que haja um controlo adequado da transmissão do vírus”.

Além destas recomendações, o médico apela a que a população não negligencie os sintomas da Covid-19. “A partir do momento em que alguém tem alguma sintomatologia respiratória, algum sintoma que aparece de novo, deve imediatamente contactar a Linha Saúde Açores para que o seu caso seja avaliado de uma forma global e concreta. E a partir do momento em que tenha sintomas deve evitar contacto com familiares e amigos”.

Gustavo Tato Borges aconselhou ainda a população a “minimizar todos os contactos de risco” e a “evitar aglomerados de pessoas”, por exemplo, em espaços comerciais ou cafés. “O facto de eu utilizar máscara é uma proteção, mas se eu ficar num espaço onde não consigo manter distanciamento estou a colocar-me na mesma em algum risco, pelo que devo procurar ir noutra altura a estes locais”.

A máscara deve ser utilizada “em todos os locais” e nos espaços de refeição só deve ser retirada “no momento em que se está a comer”, referiu o responsável, recomendando ainda a ventilação dos espaços, através da abertura de portas e janelas.

Os Açores registaram esta sexta-feira 20 novos casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 que provoca a doença Covid-19, sendo 12 na ilha de São Miguel e oito na ilha Terceira. Atualmente existem 411 casos positivos ativos, dos quais 301 em São Miguel, 108 na Terceira, um no Pico e um no Faial.

Desde o início do surto já foram registados 1.387 casos na região, tendo ocorrido 21 óbitos e 871 recuperações.