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A habitual sequela "comme ci comme ça" do filme que foi êxito de bilheteira (a crónica do FC Porto-Tondela)

Este artigo tem mais de 3 anos

Depois de um jogo para o Campeonato com sete golos e emoção até ao fim, FC Porto e Tondela cumpriram uma segunda parte que mais parecia uma partida de xadrez. Dragões venceram e seguem na Taça (2-1).

FC Porto v CD Tondela - Taca de Portugal
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Taremi abriu o marcador no Dragão ainda dentro dos cinco minutos iniciais da partida

Getty Images

Taremi abriu o marcador no Dragão ainda dentro dos cinco minutos iniciais da partida

Getty Images

Oito dias, dois jogos. Apenas oito dias depois de se terem defrontado para a Primeira Liga, FC Porto e Tondela defrontavam-se novamente para a Taça de Portugal. No primeiro jogo, numa espécie de primeiro ato da peça de teatro, os dragões precisaram de marcar quatro golos para superar os três que os beirões marcaram no Dragão. Ainda assim, e como quase sempre — infelizmente, sublinhe-se –, a história mais mediática da partida aconteceu já fora dos relvados.

Pako Ayestarán, treinador do Tondela, decidiu aproveitar a conferência de imprensa de antevisão do jogo deste domingo para deixar críticas à atitude da equipa técnica do FC Porto no banco de suplentes. “O árbitro a arbitrar, os jogadores a jogarem e o banco a dirigir o jogo e a animar a sua equipa. Por vezes, dava impressão, mesmo sendo um jogo num campo vazio, que estava cheio, pelo barulho que vinha do banco do FC Porto. Por momentos deu-me a impressão que queriam apitar o jogo… Todos sabemos que não é a mesma coisa apitar no Dragão, no João Cardoso, no Bernabéu ou no estádio do Levante. Os árbitros têm de ter em conta isso mesmo, equipas como o FC Porto têm já suficientes vantagens com o plantel que têm”, disse o espanhol, cujas declarações provocaram uma reação quase imediata de Sérgio Conceição.

Ficha de jogo

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FC Porto-Tondela, 2-1

Quarta eliminatória da Taça de Portugal

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

FC Porto: Diogo Costa, Manafá, Mbemba, Diogo Leite, Zaidu (Luis Díaz, 52′), Corona, Grujic, Sérgio Oliveira (Romário Baró, 73′), Otávio, Marega (Toni Martínez, 81′), Taremi (João Mário, 73′)

Suplentes não utilizados: Marchesín, Felipe Anderson, Sarr

Treinador: Sérgio Conceição

Tondela: Trigueira, Enzo Martínez, Jota (João Pedro, 73′), Medioub (Pedro Augusto, 86′), Bebeto (Souley, 84′), Jaquité (Filipe Ferreira, 73′), Jaume Grau, João Mendes (Rafael Barbosa, 73′), Khacef, Mario González, Murillo

Suplentes não utilizados: Babacar Niasse, Tiago Almeida

Treinador: Pako Ayestarán

Golos: Taremi (4′), João Mendes (20′), Marega (24′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Sérgio Oliveira (45+2′), a Khacef (74′)

“Se dissesse alguma coisa no fim do último jogo, até faria mais sentido, mesmo não sendo verdade. Agora, esta é uma forma grosseira de condicionar os árbitros, na minha opinião, e que pelos vistos está bem em voga em treinadores espanhóis. Um é catalão, o outro é basco, mas são os dois espanhóis. Nos últimos tempos temos defrontado treinadores espanhóis que parece que têm essa característica”, em referência a Pep Guardiola, que também falou sobre a atuação dos árbitros depois do encontro entre o FC Porto e o Manchester City, a contar para a Liga dos Campeões.

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Ainda assim, e polémicas à parte, o FC Porto recebia o Tondela numa das melhores fases da temporada, vindo de oito jogos seguidos sem perder e de uma fase de grupos da Liga dos Campeões em que garantiu sem grandes sobressaltos a passagem aos oitavos de final. Na Taça de Portugal, depois de eliminar o Fabril, Sérgio Conceição optava então por lançar alguns jogadores menos utilizados, como o guarda-redes Diogo Costa e o central Diogo Leite, promovia o regresso de Corona ao onze depois de o mexicano ter estado lesionado e era forçado a oferecer a titularidade a Grujic no lugar do castigado Uribe. Sérgio Oliveira também voltava à equipa, depois de ter sido poupado contra o Olympiacos e de nem ter estado na ficha de jogo, e recuperava a braçadeira de capitão depois de uma semana em que renovou contrato com os dragões até 2025.

“É um orgulho imenso. É um prestígio representar um clube desta dimensão. Sinto uma felicidade imensa por prolongar o meu vínculo com o FC Porto. Estou neste clube há 19 anos e estendi por mais alguns. É um motivo de grande orgulho para mim. A carreira de um futebolista nem sempre é fácil. Vão existir momentos altos e momentos baixos, mas o mais importante é nunca baixar os braços, dar sempre o melhor todos os dias, em todos os momentos, dentro e fora de campo, e ter um sentido de responsabilidade por envergar a camisola de um clube mundialmente conhecido, com muitos títulos. O sonho só se consegue com trabalho”, disse o internacional português de 28 anos, que nas redes sociais partilhou um vídeo sobre o percurso de quase duas décadas que leva ao serviço do FC Porto.

Na repetição do encontro do passado sábado, o déjà vu não poderia ter sido maior: aos quatro minutos de jogo, Taremi abriu o marcador, tal como Zaidu tinha feito também contra o Tondela na última jornada da Primeira Liga. Numa jogada apimentada por alguma sorte, Taremi recebeu um passe vertical de Corona na grande área, esticou-se para rematar à saída de Trigueira e viu a defesa do guarda-redes dos beirões ressaltar no próprio corpo para marcar o primeiro golo do jogo (4′). Aberto o marcador, o FC Porto procurou agarrar a dianteira do jogo e controlar as ocorrências um ritmo não muito alto, até porque o Tondela não permitia grandes aventuras sem depois cobrar as consequências nos espaços deixados livres. Otávio ficou muito perto de aumentar a vantagem depois de uma combinação com Marega (19′), mas foi precisamente do canto que esse lance originou que saiu o empate da equipa de Pako Ayestarán.

Murillo agarrou na bola ainda no meio-campo adversário e conduziu o contra-ataque em velocidade em superioridade numérica. Manafá não recuperou a tempo e deixou Corona praticamente sozinho para defender três jogadores: Mario González começou por fazer o primeiro remate, para uma grande defesa de Diogo Costa, mas João Mendes aproveitou a recarga para empatar o jogo (20′). E se João Mendes marcou este domingo aos 20 minutos, Mario González também tinha marcado aos 20 minutos no passado sábado — um dado curioso que agigantou ainda mais o déjà vu. O FC Porto, porém, não voltou a cumprir a cronologia dos acontecimentos.

Se, há uma semana, Rafael Barbosa deu a volta ao marcador menos de um quarto de hora depois do primeiro golo do Tondela, desta feita foi Marega que não precisou de mais do que cinco minutos para recuperar a vantagem dos dragões. O avançado recebeu um lançamento de linha lateral de costas para a baliza e solicitou de imediato Otávio com um passe de calcanhar. O brasileiro foi em esforço até à linha de fundo e conseguiu cruzar atrasado para a grande área; a bola ainda ressaltou num adversário e chegou aos trambolhões a Marega, algo que foi mais do que suficiente para o maliano fazer golo (24′). Os dragões estiveram perto de chegar ao terceiro logo depois, com uma oportunidade de Zaidu que Trigueira anulou com uma boa defesa (31′), e seguiram-se cerca de dez minutos em que a equipa de Sérgio Conceição foi muito superior e chegou à grande área do Tondela em múltiplas ocasiões, ainda que com pouco espaço para criar verdadeiras oportunidades.

Os últimos cinco minutos da primeira parte, porém, pertenceram por inteiro ao Tondela. A equipa de Pako Ayestarán aproveitou a quebra de intensidade do FC Porto para avançar no terreno, intensificar a pressão alta e reduzir os espaços dos dragões, que mal conseguiam sair do próprio meio-campo. Os beirões recuperavam a bola em fases muito adiantadas do terreno e tinham a primeira linha de construção na zona do meio-campo, prosseguindo sem grandes problemas nem preocupações face a uma abordagem muito macia e displicente por parte da defensiva dos dragões. Grujic era o arquétipo deste problema do FC Porto e foi de um erro do médio sérvio que apareceu a melhor oportunidade do Tondela na primeira parte, à exceção do golo de João Mendes: Medioub apareceu vindo de trás para roubar uma bola à entrada da grande área, combinou com um colega e entrou sem oposição na grande área, sendo travado somente por uma saída corajosa de Diogo Costa (40′). À ida para o intervalo, o FC Porto estava a ganhar mas já tinha sofrido mais um golo em casa e os últimos cinco minutos do primeiro tempo deixavam antever que o Tondela não iria oferecer de mão beijada a vaga na próxima ronda da Taça de Portugal.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Tondela:]

Na segunda parte, Sérgio Conceição ainda esperou cinco minutos para perceber como estava a condição física de Zaidu, que no fim da primeira parte teve queixas musculares e chegou a ser assistido, mas depressa percebeu que o lateral não conseguiria terminar o jogo e preparou a substituição. Depois de dois sprints impressionantes no corredor esquerdo, Zaidu voltou a cair no relvado e foi mesmo substituído por Luis Díaz, com Corona a assumir a posição de lateral direito, Manafá a deixar esse lado da defesa para ocupar o contrário e o colombiano recém-entrado a ir para a posição que até então tinha sido do mexicano no ataque.

O segundo tempo, contudo, foi muito mais cauteloso do que o primeiro. Numa espécie de jogo de estratégia, ambas as equipas procuravam cometer o mínimo de erros possível e arriscar sempre de forma calculista: se o FC Porto só atacava em contra-ataque e superioridade numérica e preocupava-se em resguardar a vantagem mínima com um bloco defensivo compacto, o Tondela sobrevivia a partir da esperança que essa vantagem mínima ainda oferecia mas tinha receio de se balançar demasiado para a frente e destapar as costas, abrindo a porta a um terceiro golo dos dragões. Assim, o jogo foi-se arrastando até faltar um quarto de hora para o apito final, altura em que Pako Ayestarán fez três substituições e Sérgio Conceição respondeu com duas: Filipe Ferreira, João Pedro e Rafael Barbosa entraram no Tondela, num óbvio boost para o ataque; Romário Baró e João Mário entraram no FC Porto, num claro refrescar e recuar da equipa, com Marega — e, dez minutos depois, Toni Martínez — a passar a atuar sozinho no ataque.

Até ao fim, o Tondela dominou a larga maioria dos acontecimentos, com o FC Porto a recuar voluntariamente para o próprio meio-campo para proteger a vantagem e não ser surpreendido, mas nunca conseguiu ser asfixiante e criar muitas oportunidades de golo. A melhor, por intermédio de Souley, acabou com um cabeceamento por cima do avançado numa altura em que estava totalmente sozinho na grande área (88′). Os dragões venceram e estão nos oitavos de final da Taça de Portugal, levando para nove a série de jogos consecutivos sem perder; os beirões perderam e estão fora da competição, apesar de terem demonstrado novamente que têm muito mais qualidade do que aquilo que a sofrível qualificação na Primeira Liga deixa aparentar. Num jogo que ficou vários furos abaixo do da semana passada, numa espécie de sequela “comme ci comme ça” de um filme que foi êxito de bilheteira, a equipa de Sérgio Conceição foi mais cautelosa do que rebelde na segunda parte e lucrou com os resultados dessa estratégia.

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