O prazo definido para se chegar a um acordo sobre como será a relação entre Reino Unido e União Europeia (UE) depois do Brexit se materializar foi estendido.

O prazo, informal, terminava este domingo porque é necessário algum tempo para a Câmara dos Comuns, em Londres, e também os 27 Estados-membro ratificarem os moldes da relação futura entre União Europeia e Reino Unido, quando o Reino Unido abandonar a UE a 1 de janeiro. Mas haverá um esforço extra de negociações.

O anúncio foi feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que reconheceu que todos os prazos foram falhados mas que considerou “responsável” tentar continuar chegar a acordo sobre as relações entre Reino Unido e UE no futuro. “As negociações continuam aqui em Bruxelas”, apontou.

Tive uma chamada telefónica construtiva e útil com o primeiro-ministro Boris Johnson. Discutimos os principais assuntos por resolver [que impedem o acordo]. As nossas equipas negociais têm estado a trabalhar dia e noite nos últimos dias, apesar da exaustão provocada por quase um ano de negociações e apesar dos prazos terem sido falhados recorrentemente”, apontou ainda a presidente da Comissão Europeia, numa declaração partilhada na sua conta na rede social Twitter.

Apesar de este ser mais um prazo falhado, Ursula von der Leyen adianta que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, concordou consigo que “é responsável, nesta altura, tentar percorrer mais uma milha” — ou seja, fazer um esforço adicional para continuar chegar a acordo sobre como será o pós-Brexit. “Já mandatámos as nossas equipas negociais para continuarem as conversas e para tentarem perceber se é possível chegar-se a acordo, mesmo nesta fase tão tardia. As negociações continuam aqui em Bruxelas”, rematou a presidente da Comissão.

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Se o prazo limite para o fim das negociações entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido para se alcançar um acordo pós-‘Brexit’, que recomeçaram na sexta-feira, não fosse adiado, o cenário confirmado seria o de um ‘no deal’.

Boris Johnson, porém, já veio colocar água na fervura e assumir que uma saída do Reino Unido da UE sem acordo — ou seja, um cenário de ‘no deal’ — é o mais provável:

Tenho de insistir que o desfecho mais provável nesta altura é, claro, que tenhamos de nos preparar para os termos da Organização Mundial do Comércio [OMC]. Tanto quanto vejo, há algumas questões muito importantes e muito difíceis que atualmente separam o Reino Unido da UE, e o melhor que todos temos a fazer é prepararmo-nos para relações comerciais nos termos da OMC”, apontou Boris Johnson.

Brexit. Boris Johnson mantém que ‘no deal’ é o cenário mais provável nas negociações com a UE

Antes desta declaração, Ursula von der Leye tinha informado o Conselho Europeu, cuja reunião terminou também sexta-feira em Bruxelas, que “a situação continua difícil, havendo ainda muitos obstáculos” a um acordo sobre as futuras relações comerciais entre a UE e Londres.

A probabilidade de não haver acordo (‘no deal’) era maior do que a de se chegar a um consenso, apesar de todos os esforços.

Quinta-feira, a Comissão Europeia publicou planos de contingência para que não fossem interrompidas a circulação rodoviária, o tráfego aéreo e as atividades de pesca.

O Reino Unido abandonou a UE a 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que caducam no próximo dia 31.

Na ausência de um acordo, as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passariam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de taxas aduaneiras e quotas de importação, para além de mais controlos alfandegários e regulatórios.

Para além das pescas, mantêm-se as divergências entre Londres e Bruxelas sobre questões de concorrência e de resolução de litígios.