O Liverpool empatou na passada quarta-feira com o Midtjylland, na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões e numa altura em que já tinha garantido o apuramento para os oitavos de final da competição. Salah abriu o marcador no primeiro minuto, tornando-se o melhor marcador de sempre do Liverpool na Champions ao superar o registo de Gerrard, e Scholz garantiu o empate com uma grande penalidade já na segunda parte. Tudo isto num jogo em que Jürgen Klopp apresentou um onze alternativo, não só para fazer face às múltiplas lesões que afetam o plantel dos reds mas também para aproveitar um jogo de nível menos exigente e já sem grandes consequências para fazer descansar os habituais titulares.

Esta rotação de jogadores aliada às lesões fez com que nenhum dos quatro capitães do Liverpool estivesse presente no onze inicial: nem Henderson, nem James Milner, nem Van Dijk nem Wijnaldum. A braçadeira, por isso, caiu no braço direito de Trent Alexander-Arnold, lateral de 22 anos que voltava à titularidade depois de ausência por lesão e que recebia essa designação pela primeira vez na carreira. Mas Jürgen Klopp, contudo, garantiu que não teve de pensar muito para chegar ao nome do internacional inglês.

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“A razão… Não achei que ele era o ‘melhor líder’ agora a fazer o onze do último jogo, mas ele é o jogador que está há mais tempo no clube. Quando os quatro capitães não estavam, foi claro que nem sequer era uma decisão. Foi claro que era o Trent. E percebi, quando lhe disse, que isto significa muito para ele. Isso é bom e vai ser o papel dele no futuro, quando os outros acabarem as carreiras ou algo do género. Ele já se prepara para isso. No futuro, vai ser a cara deste clube, em conjunto com outros. E isso é muito bom. Quando percebi o quanto significava para ele, fiquei muito feliz por ter tomado a decisão. Mas a decisão foi lógica porque ele já está no clube há muito tempo”, explicou o treinador alemão.

O encontro contra o Midtjylland, porém, trouxe uma má notícia — e uma nova dor de cabeça para Klopp. Diogo Jota foi titular mas saiu lesionado, com queixas no joelho direito, e exames suplementares confirmaram que o avançado português deve ficar ausente dos relvados por cerca de dois meses. Assim, e de volta à Premier League, o Liverpool visitava o Fulham sem o jogador ex-Wolves, que tem sido o wildcard dos reds nestes primeiros meses de temporada. O trio ofensivo era por isso o do costume, com Mané, Salah e Firmino, Wijnaldum e Curtis Jones faziam companhia a Henderson no meio-campo — com o médio inglês a recuperar a braçadeira — e Alexander-Arnold e Robertson eram os responsáveis pelas alas da defesa, com Matip e Fabinho no eixo. Do outro lado, Ivan Cavaleiro era titular, assim como Loftus-Cheek, emprestado pelo Chelsea, e o guarda-redes Areola, emprestado pelo PSG.

Mas, onzes à parte, o Liverpool entrava para o jogo deste domingo com a certeza de que podia saltar para a liderança isolada da Premier League. Isto porque, instantes antes de o apito inicial soar no estádio do Fulham, soou o final em Londres, onde o Tottenham empatou com o Crystal Palace e ficou com apenas um ponto de vantagem em relação aos reds. Assim, e a escassos dias de as duas equipas se encontrarem — em Anfield, na quarta-feira –, o Liverpool podia colocar-se numa posição de vantagem em relação ao conjunto de José Mourinho.

O Fulham, porém, surpreendeu. A equipa de Londres entrou melhor, com muita dinâmica e facilidade para chegar à grande área de Alisson — que voltava ao onze depois de também ter estado lesionado –, e foi Ivan Cavaleiro a obrigar o brasileiro à primeira defesa do jogo (4′). A lógica do jogo não se alterou nos minutos seguintes, com o avançado português a ser a principal dor de cabeça da defesa do Liverpool, que tinha dificuldades na hora de ser eficaz nas habitualmente letais transições rápidas dos jogadores da frente. Adivinhava-se o contrário, o golo do Fulham, que acabou por aparecer ainda antes da meia-hora para êxtase dos dois mil adeptos que estavam em Craven Cottage.

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Depois de um canto batido na esquerda, a defesa do Liverpool conseguiu afastar para o início da grande área, onde Lookman ganhou a bola a Salah e abriu na direita em Bobby Reid; o internacional jamaicano, que apanhou a equipa dos reds totalmente desamparada, rematou forte e cruzado e bateu Alisson (25′). Até ao intervalo, tanto Mané como Salah tiveram boas oportunidades para empatar o jogo mas a primeira parte terminou mesmo com o Liverpool a perder em casa do Fulham. No início do segundo tempo, Klopp lançou Minamino desde logo, por troca com o central Matip, e a história da partida inverteu-se, com o Liverpool a assumir naturalmente a dianteira do jogo para procurar dar a volta ao resultado. Henderson esteve muito perto, depois de uma assistência perfeita de Firmino, mas Areola agigantou-se e segurou a vantagem (61′).

Klopp voltou a mexer já a cerca de 20 minutos do final, ao trocar Alexander-Arnold — que não teve uma tarde muito conseguida — por Neco Williams, e Scott Parker respondeu com a entrada de Kamara. E foi Kamara, precisamente, que acabou por deitar a perder a vantagem que o Fulham estava a conseguir arrastar durante a segunda parte e apesar do enorme fluxo ofensivo dos reds. Na conversão de um livre direto, por intermédio de Wijnaldum, Kamara estava na barreira e travou a bola com o braço — grande penalidade assinalada e Salah, na cara de Areola, não falhou (79′).

Até ao fim, o Liverpool não conseguiu mesmo chegar à vitória e perdeu pontos pela quinta vez consecutiva fora de casa para a Premier League. Os reds desperdiçaram o deslize do Tottenham com o Crystal Palace e mantêm-se assim a um ponto da equipa de José Mourinho — algo que deixa o encontro entre ambos, na quarta-feira, com uma camada extra de interesse. Já o Fulham, recém-promovido à Premier League, mostrou-se num nível altíssimo contra o atual campeão inglês e aproveitou a bênção de Areola, guarda-redes emprestado pelo PSG, para segurar um importante ponto.