O presidente do CDS-PP considerou que os problemas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) não se resolvem “mudando a farda aos agentes” e defendeu que acabar com esta entidade “é um erro e uma estratégia desesperada”.

Numa publicação na sua página da rede social Facebook, Francisco Rodrigues dos Santos criticou o ministro da Administração Interna (MAI), Eduardo Cabrita, e considerou mesmo que se tornou “um embaraço nacional” pela forma como geriu a morte, em março, de um cidadão ucraniano nas instalações do SEF no aeroporto de Lisboa.

Eduardo Cabrita tornou-se um embaraço nacional. 9 meses depois do crime gravíssimo cometido contra um cidadão que estava…

Posted by Francisco Rodrigues Dos Santos on Monday, December 14, 2020

“Nove meses depois do crime gravíssimo cometido contra um cidadão que estava à guarda do Estado, as respostas do MAI para o sucedido envergonham qualquer país civilizado”, salientou.

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Num comentário às declarações de domingo do diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), que admitiu estar a ser trabalhada a fusão da PSP com o SEF, o líder centrista advogou que não é “mudando a farda dos agentes ou alterando a orgânica das polícias que o caso fique resolvido”.

Os problemas do SEF, que tem como qualquer instituição, não são corrigidos por alteração semântica, por passar a ser um braço da PSP, ou da GNR”, prosseguiu.

Na ótica de Francisco Rodrigues dos Santos, a prioridade deve estar em “preservar a instituição, garantir que os responsáveis sejam julgados e exemplarmente punidos, dar meios, corrigir falhas e reforçar sistemas de controlo que não permitam que crimes se voltem a repetir”.

Querer, à boleia de um crime horrível e da incompetência de Eduardo Cabrita, acabar com o SEF, cuja especialização e trabalho são extremamente relevantes para Portugal, é um erro e uma estratégia desesperada para tentar salvar a pele de um ministro que na realidade já não o é”, critica igualmente.

O presidente do CDS-PP refere ainda que o MAI deveria ter tido, no caso da morte do cidadão ucraniano, “uma postura liderante e afirmativa, que aclarasse o que falhou, apurasse atempadamente as responsabilidades internas do serviço, criasse mecanismos para que casos destes nunca mais se repetissem e impedisse que um erro manchasse a dignidade de uma instituição tão relevante como o SEF”. O presidente centrista considerou que “o ministro fez o contrário disto, fugindo às suas responsabilidades de tutela”.

“Hoje [segunda-feira], a única solução que aparentemente se discute é o desmantelamento do SEF e, ontem [domingo], o MAI acabou por ser ultrapassado por um dos seus subalternos, o diretor nacional da PSP, que veio sentenciar a fusão do SEF com a PSP”, assinalou, considerando que “Eduardo Cabrita não se deu ao respeito e acabou por perder o respeito de quem devia tutelar”.

Supõe-se que ainda seja ministro, embora não tenhamos grandes certezas. Parece que o Ministério foi tomado de assalto por uma comissão de liquidação do SEF e que Eduardo Cabrita ficou à porta”, acrescenta.

No domingo, no final de um encontro com o Presidente da República, o diretor nacional da PSP admitiu que está a ser trabalhada a fusão da PSP com o SEF e que abordou a questão com Marcelo Rebelo de Sousa.

Diretor Nacional da PSP quer extinguir SEF e PSP para ter uma Polícia Nacional

Pouco depois das declarações de Magina da Silva, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou à agência Lusa que a projetada reforma no âmbito do SEF será anunciada “de forma adequada” pelo Governo, “e não por um diretor de Polícia”.

Ainda no domingo, a direção nacional da PSP esclareceu, em comunicado, que declarações feitas pelo diretor sobre uma reestruturação do SEF foram apenas uma “visão pessoal” que não pretenderam condicionar qualquer reestruturação.