Um grupo de cientistas propõe a avaliação contínua da temperatura corporal e de outros sinais, recorrendo a equipamentos que se podem “vestir”, para se detetar precocemente o desenvolvimento de sintomas associados a uma infeção com SARS-CoV-2. Os resultados publicados na revista científica Scientific Reports são ainda preliminares — uma prova de conceito com 50 pessoas, num universo de 65 mil previstos no projeto.

O objetivo do projeto é desenvolver um algoritmo que possa prever o aparecimento de sintomas como febre, tosse ou fadiga, que são característicos da Covid-19, e o meio para recolher estes dados é através de um anel no dedo. A questão que se levanta, e que pode comprometer o sucesso do projeto, é o acesso aos dados clínicos e pessoais dos utilizadores, que têm de se sentir seguros na partilha destes dados.

As primeiras 50 pessoas estudadas já usavam anéis da start-up filandesa Oura antes de entrarem na experiência e antes de serem infetados com o coronavírus. O que a equipa de investigadores fez foi aceder aos dados guardados e assim percebeu que a temperatura deu sinais de alteração antes de as pessoas detetarem a febre ou antes de terem qualquer outro sintoma.

Benjamin Smarr, investigador no Intituto Halicioglu de Ciências de Dados na Universidade de San Diego e primeiro autor do artigo, destacou, em comunicado divulgado pelo EurekAlert, a importância de ter dados contínuos em oposição a fazer medições esporádicas, como alguns espaços exigem à entrada.

Estas medições pontuais da temperatura equivalem a registar uma sílaba por cada minuto de uma conversa, em vez das frases inteiras, diz o investigador. Como se adivinha, o resultado é que muita informação é perdida, porque a temperatura de uma pessoa, mesmo saudável, varia ao longo do dia.

O potencial de usar o anel para antecipar o desenvolvimento de sintomas de Covid-19 ainda está em estudo e o anel não foi aprovado como dispositivo médico pela agência reguladora do medicamento norte-americana (FDA) — mas os resultados prometem ser bem mais fidedignos do que o dos “anéis do humor”.

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