Depois do Campeonato da Europa conquistado no Stade de France, Cristiano Ronaldo conseguiu o segundo troféu pela Seleção no Estádio do Dragão, com Portugal a vencer a Holanda por 1-0 (golo de Gonçalo Guedes) na final da primeira edição da Liga das Nações. Se o recinto dos azuis e brancos já deixava boas memórias pelos jogos que ali fizera no passado, ainda mais simbolismo ganhou. Em fevereiro, na primeira mão dos oitavos da Champions, o português regressa agora pela Juventus. E se em termos teóricos havia adversários ainda mais complicados do que o campeão italiano, ter pela frente o avançado madeirense não é bom sinal para as equipas nacionais.

FC Porto encontra Juventus de Cristiano Ronaldo nos oitavos de final da Liga dos Campeões

Ainda assim, a primeira memória do FC Porto não poderia ser melhor: Ronaldo foi suplente utilizado nos dois jogos dos oitavos da Liga dos Campeões de 2003/04 frente ao Manchester United (no segundo saiu oito minutos depois por lesão, substituído por Solskjaer aos 83′), que depois de um triunfo por 2-1 no Dragão com bis de Benny McCarthy deu a passagem aos azuis e brancos de Mourinho com Costinha a anular nos descontos em Old Trafford o golo de Paul Scholes e a prolongar uma caminhada que terminaria com o título europeu. Já nos quartos da Liga dos Campeões de 2008/09, a história foi diferente: depois do empate em Inglaterra a dois (Cristían Rodríguez, Rooney, Tévez e Mariano González), o português apontou o único golo no triunfo na segunda mão no Dragão com um fantástico remate a mais 30 metros da baliza de Helton, sem hipóteses para o brasileiro.

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Depois, o Sporting. O clube de formação de Ronaldo mas aquele que mais danos sofreu nas provas europeias com o avançado: o madeirense marcou o único golo no triunfo em Alvalade na fase de grupos da Champions de 2007/08, pedindo de seguida desculpa e ouvindo uma grande ovação dos adeptos leoninos, antes de marcar o 2-1 aos 89′ em Old Trafford num livre direto que surpreendeu o então estreante na Europa Rui Patrício (antes tinham marcado Abel e Tévez). Pelo Real Madrid, mais do mesmo: na fase de grupos da Liga dos Campeões de 2016/17, o Sporting esteve a ganhar no Santiago Bernabéu com golo de Bruno César (48′) mas Ronaldo iniciou a reviravolta com um livre direto (89′) antes de Morata sentenciar o marcador (90+4′), ao passo que em Alvalade fez o passe para o golo de Varane em novo triunfo por 2-1 (Adrien e Benzema, a três minutos do fim, também marcaram).

Já em relação ao Benfica, nos quatro jogos em que defrontou os encarnados, sobraram as assistências… e um gesto polémico, quando levantou o dedo do meio aos adeptos na Luz perante os assobios quando foi substituído aos 67 minutos do jogo da fase de grupos da temporada de 2005/06, na única vez que o avançado perdeu contra uma equipa portuguesa (2-1, com golos de Scholes, Geovanni e Beto). Antes, no jogo em Old Trafford, os red devils tinham ganho também por 2-1 (Giggs, Simão e Van Nistelrooy), sendo que acabariam por ficar atrás das águias e do Villarreal, caindo logo nesse momento da Champions. Na época seguinte, a realidade foi diferente: o Manchester United ganhou os dois jogos na fase de grupos ao Benfica, com assistências de Ronaldo na Luz (1-0, Saha) e em Old Trafford (3-1, Nelson, Vidic, Ryan Giggs e Saha) que deram a qualificação aos ingleses.

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Sobre o peso de Ronaldo contra equipas portuguesas em competições europeias, há pouco a acrescentar. Todavia, o FC Porto vai reencontrar uma Juventus dos ex-laterais Danilo e Alex Sandro diferente do que aquela que encontrou em 2017, nos oitavos da Champions (derrotas por 2-0 no Dragão e 1-0 em Turim): depois da era Allegri no clube, Maurizio Sarri foi uma opção falhada na época de 2019/20 e Andrea Pirlo está ainda num processo de adaptação que tem sido bem visível sobretudo na Serie A, onde ainda não perdeu mas leva já cinco empates (além de seis vitórias). A vitória por 3-0 em Camp Nou no Barcelona foi de facto a melhor exibição da temporada mas nem tudo são rosas na Vecchia Signora, que ainda este domingo enfrentou dificuldades para ganhar em Génova. É também aí que entronca a esperança dos azuis e brancos numa chegada aos quartos. E a esperança para superar um clube a quem nunca venceu e que impôs a maior deceção europeia do FC Porto e de Pinto da Costa, quando ganhou a final da Taça das Taças em 1983/84 com Platini, Boniek, Rossi e companhia.