O presidente da Câmara Municipal do Porto afirmou esta segunda-feira que o Pedido de Informação Prévia (PIP) apresentado pelo Corte Inglés foi aprovado porque contém “uma alteração profunda” ao nível da redução da cércea e do estacionamento. “O Pedido de Informação Prévia é aprovado em função de novos projetos, portanto, não houve nenhuma mudança de opinião da câmara”, garantiu Rui Moreira durante a Assembleia Municipal do Porto, que decorreu esta segunda-feira por videoconferência.

A Câmara do Porto confirmou à agência Lusa em 2 de outubro que o PIP apresentado pelo El Corte Inglés para o terreno da antiga estação ferroviária da Boavista teve parecer favorável da autarquia, com “a indicação das várias condições que deverão ser cumpridas no âmbito de um pedido de licenciamento da operação de loteamento”.

O autarca, que respondia a uma questão colocada pela deputada Susana Constante Pereira, do Bloco de Esquerda, disse terem sido apresentadas “alterações profundas”.

“Houve uma alteração profunda que foi uma redução da cércea e uma drástica redução do estacionamento, praticamente foi cortado todo o estacionamento não logístico. O estacionamento privado praticamente desaparece do projeto”, afirmou o independente Rui Moreira, sublinhando concordar com as alterações apresentadas.

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“Concordo naturalmente que tenha sido revista a cércea e concordo que, principalmente numa zona tão bem servida de transportes públicos, não se justificava fomentar o transporte individual através do estacionamento”, acrescentou.

Questionado pelo deputado Rui Sá (CDU) se concordava com a instalação de uma grande superfície naquele local, o presidente da câmara do Porto disse “não se pronunciar sobre marcas”.

“A cidade não se faz pelo gosto do presidente da Câmara, quando ela foi feita assim, normalmente deu mau resultado”, disse o autarca, acrescentando, contudo, que “conhecendo o PIP tal como foi aprovado” não parece estar prevista a construção de uma grande superfície.

“Também não lhe posso dizer que vai ser uma grande superfície, não me parece que seja o caso porque conhecendo o PIP tal como ele foi aprovado não me parece que seja isso que esteja previsto, mas é meramente uma opinião”, reforçou.

Sobre o pedido de classificação municipal da antiga estação, Rui Moreira afirmou que a classificação do edifício foi recusada pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e que foi feito um “levantamento exaustivo” do património ferroviário presente que, posteriormente, foi entregue ao Museu dos Transportes.

“Depois, seguiu para o museu ferroviário tudo aquilo que era considerado interessante do ponto de vista patrimonial relativamente a essa linha e já na altura este edifício não foi considerado de interesse patrimonial”, afirmou.

Na quinta-feira, o Movimento por um Jardim na Boavista considerou “contraditória” a aprovação do Pedido de Informação Prévia do Corte Inglés no Porto sem haver resposta ao pedido de reversão do negócio e enquanto decorre apreciação para classificar o terreno.

Na madrugada de sexta-feira, por volta das 03h30, deflagrou um incêndio no edifício devoluto da antiga estação ferroviária da Boavista que consumiu, segundo os Sapadores do Porto, parte do interior e da cobertura do edifício.

A Infraestruturas de Portugal (IP) anunciou que vai levantar um auto de notícia e admitiu que poderá “verificar-se a apresentação de uma queixa-crime contra desconhecidos”.

Para os terrenos da antiga estação ferroviária da Boavista, está prevista, para além de um grande armazém comercial, a instalação de um hotel e de um edifício de habitação comércio e serviços.

Até ao momento, a cadeia espanhola terá pago à IP, proprietária do terreno, 18,7 milhões de euros.