Durante muito tempo, quando se utilizava o termo sustentabilidade, fazíamos a direta analogia com o ambiente. Mas apesar de existir essa correlação, há muito mais a saber sobre este conceito. Para começar, dizemos-lhe já que a sustentabilidade se guia por três pilares fundamentais: social, económico e ambiental. E para uma plenitude sustentável, uma empresa, por exemplo, deve reger-se por estas três linhas mestras e, sobretudo, fazer com que interajam de forma harmoniosa. Mas como? Vejamos ponto por ponto.

O pilar social

A vertente social é o capital humano associado às atividades que são realizadas. E essa componente humana inclui não só os colaboradores de uma empresa, como o seu público-alvo, os parceiros, os fornecedores e até a própria comunidade onde estão inseridos. Mas desengane-se quem achar que as ações socialmente sustentáveis se referem apenas a férias ou a prémios aos colaboradores. São essencialmente as componentes que proporcionam um ambiente salutar nas equipas, estimulando a criação e promovendo as relações de trabalho. Dessa forma, e favorecendo o desenvolvimento individual, irá conseguir-se um melhor ambiente geral.

O pilar económico

Já a componente económica está diretamente ligada com a capacidade que uma empresa tem de produzir, distribuir e oferecer os seus produtos ou serviços de uma forma justa em relação aos concorrentes no mercado. Para uma empresa ser economicamente sustentável, nunca poderá lucrar pela exploração, isto é, dando más condições de trabalho aos seus colaboradores ou desequilibrando o ecossistema empresarial à sua volta.

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O pilar ambiental

Por fim, mas não menos importante, o pilar relacionado com o ambiente prende-se com todas as condutas da empresa que possam ter, direta ou indiretamente, algum impacto no meio ambiente. O desenvolvimento sustentável procura minimizar ao máximo os impactos ambientais, nomeadamente no que às grandes indústrias diz respeito.

Alentejo: a única região de Portugal com um programa de sustentabilidade para vinhos

Estes três pilares relacionam-se entre si pois sem eles a sustentabilidade não se sustenta. Cada um retrata um contexto, mas todos dependem uns dos outros para garantir a integridade do planeta. Ao apostar nestas diretrizes todos saímos a ganhar: as pessoas, que passam a ter uma melhor qualidade de vida; os negócios, porque as empresas conseguem ser autossuficientes; e o planeta pois os seus recursos são poupados e assim preservados para as próximas gerações.

Em Portugal, o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA) é um excelente exemplo de como um projeto pode ser realmente sustentável, harmonizando as componentes sociais, económicas e ambientais. E isso, só por si, faz dos vinhos alentejanos ainda mais especiais e distintos de todos os outros.

428

Número de membros associados ao PSVA

E porquê? Porque este programa pioneiro, numa iniciativa da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) e dirigida aos produtores de uva e de vinho do Alentejo, segue as diretrizes mundiais que exortam as garantias da aplicação de princípios de sustentabilidade aplicada aos seus produtos. Foi lançado em 2015 e desenvolvido com base nas indicações de sustentabilidade para o setor da Organização Internacional do Vinho (OIV).

A CVRA

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A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) foi criada em 1989, e é
responsável pela promoção, defesa, controlo e certificação dos vinhos DOC Alentejo e Regional Alentejano.

O Alentejo é líder nacional em vinhos certificados, com cerca de 40% de valor total das vendas num universo de 14 regiões vitivinícolas em Portugal. Com uma área de vinha de 22,9 mil de hectares, 30% da sua produção tem como destino a exportação
para cinco destinos principais, designadamente Brasil, Angola, EUA, Polónia e China. É ainda uma das duas únicas regiões que produzem Vinho de Talha em todo o mundo.

“O Programa foi desenvolvido considerando uma abordagem de análise de ciclo de vida, onde identificámos todas as fases de produção do produto vinho, desde a instalação de uma vinha, preparação dos solos, uso de rega ou preservação e promoção da biodiversidade até à gestão de energia dentro da adega, compras ecológicas de componentes, ou embalamento final da garrafa, não descurando os recursos humanos, a comunidade envolvente e a contribuição para a socioeconómica local e regional, entre outros”, explicou recentemente à Revista de Vinhos, João Barroso, coordenador do PSVA. E realçou os objetivos do programa: “Produções vitivinícolas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, através da redução do uso de pesticidas, do gasto de água e eletricidade ou da proteção da biodiversidade são, sem dúvida, produções também elas mais viáveis economicamente, uma vez que tornam todo o processo, desde a uva até à garrafa, mais eficaz e eficiente”.

E como é que se consegue medir a sustentabilidade dos vinhos alentejanos?

Como em qualquer outro sistema de avaliação, existem métricas quantitativas e qualitativas. De recordar que o Alentejo tem cerca de 1800 viticultores e 280 adegas, entre grandes produtores e outros mais pequenos, com diferentes capacidades ao nível económico e financeiro, tamanho de equipas, objetivos ou estratégias. A sensibilidade para as questões de sustentabilidade também varia.

30%

redução do consumo de energia registada entre os produtores que integram o PSVA

 

O ponto em comum é que todos os membros deste programa querem contribuir para reduzir a sua pegada de carbono. Assim foram ajustadas as necessidades, capacidades e prioridades de cada produtor.

38%

dos membros do PSVA já convertem os resíduos orgânicos em adubo para aplicação como fertilizante no campo

As métricas estão associadas, por exemplo, ao consumo de água, energia, resíduos, boa gestão dos solos, preservação de ecossistemas, redução do uso de pesticidas, produção biológica, a redução de resíduos, o uso de produtos mais verdes — como as rolhas ou as barricas — e emissões de dióxido de carbono.

20%

redução do consumo de água nas atividades registada entre os produtores que integram o PSVA

Até ao momento, estas sugestões de boas práticas têm vindo a ser muito bem acolhidas. A título de curiosidade, note-se a grande poupança que muitos produtores já registaram com uma redução de custos na ordem dos 20% em água e de 30% em eletricidade.

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O que torna o vinho alentejano diferente dos demais?

O PSVA contribuiu para diferenciar o vinho alentejano de todos os outros. A certificação (e o selo que lhe vem associado), única em Portugal, é atribuída por quatro organismos certificadores (Bureau Veritas, Certis, Kiwa Sativa e SGS), que têm trabalhado em colaboração com a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), e será concedida aos produtores que cumpram um conjunto de requisitos ligados à sustentabilidade, tendo como base melhores práticas reconhecidas internacionalmente.

43%

dos membros do PSVA já implementaram planos de gestão de rega, o que lhes permite um uso de água muito mais eficiente

Este, selo inédito no setor, é primordial para o benefício ambiental, mas traz ainda uma grande vantagem aos produtores que apostem numa viticultura mais sustentável, uma vez que se estima um aumento de vendas na ordem dos 5 a 10%.

Alentejo à porta

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