O surf na Nazaré voltou esta segunda-feira a ser permitido, mas apenas nos dias de semana e até às 13h, determina um despacho da Capitania do Porto da Nazaré que revoga a interdição que vigorava desde o início de novembro.

O despacho do capitão do Porto, Zeferino Henriques, refere que, por determinação do delegado de saúde do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Oeste Norte, passa a ser permitida a prática de free surf e tow-in surfing (em que um surfista é rebocado para a onda por uma mota de água) na praia do Norte, “apenas nos dias úteis, no período compreendido entre o nascer do sol e as 13h”.

O despacho revoga a interdição que vigorava desde o dia 4 de novembro, com base num parecer negativo das autoridades de saúde, alegando perigo para a saúde pública no âmbito da pandemia de Covid-19, devido ao elevado número de espetadores que afluíram à praia do Norte no dia 29 de outubro, data em que se registaram ondas gigantes.

Nazaré. Surf proibido na Praia do Norte, autarquia prepara Plano de Contingência

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O presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, congratulou-se esta segunda-feira por “esta solução avançada pelo capitão do Porto para abrir a praia do Norte ao surf e aos surfistas de ondas grandes”, mas, em declarações à agência Lusa lamentou que “a Direção-Geral da Saúde (DGS) não se tenha ainda pronunciado sobre o Plano de Contingência que a autarquia submeteu”.

A Câmara da Nazaré apresentou à DGS, na primeira semana de novembro, um plano de contingência propondo condicionar todos os acessos às zonas de assistência, para evitar a concentração de público, e a garantir as normas de contenção da pandemia de Covid-19.

O plano de contingência, desenvolvido em conjunto com a proteção civil, bombeiros voluntários, PSP e Capitania do Porto da Nazaré, prevê a restrição de público atraído pelas ondas gigantes a “um máximo de 2.500 pessoas, distribuídas pela zona do farol, da encosta e no areal da própria praia”, disse o autarca.

Na altura, Walter Chicharro explicou que o plano restringe os acessos à praia a apenas “três pontos, com contagem cumulativa e em tempo real, enquanto funcionários da autarquia, agentes da Polícia Marítima e da PSP patrulharão toda a zona de público, de forma a fazer cumprir as regras em vigor”.

O autarca admite ainda o recurso a segurança privada, “de forma a que as forças da autoridade fiquem disponíveis para tarefas de fiscalização e cumprimento da lei”, bem como que a autarquia “assuma todos os custos envolvidos”.

No âmbito do plano, a Câmara está ainda a desenvolver esforços para garantir que “as próximas sessões de tow-in tenham transmissão online nas plataformas do município, de forma a que não seja quebrada a ligação ao mundo”.

Após a apresentação do plano, as autoridades de saúde “enviaram uma bateria de questões, a que a Câmara já respondeu, apesar de serem relacionadas com a segurança dos surfistas no mar, enquanto o dispositivo que o executivo propôs é apenas para intervenção em terra”.

Esperaria que, tendo todas as questões sido respondidas há cerca de duas semanas a DGS já tivesse enviado uma resposta sobre a possibilidade ou não da prática de surf na praia do Norte durante o período de ondas gigantes”.

Desde o início de novembro decorre o período de espera do Nazaré Tow-in Surfing Challenge — evento da Liga Mundial de Surf (WSL) que se estende até 31 de março de 2021 — com os surfistas a aguardarem a formação de ondas gigantes.

“A WLS já admitiu que a prova possa ser disputada sem público, mas sabendo o interesse que despertam os dias de ondas grandes, mesmo sem competição, a Câmara está preparada para acionar o plano a qualquer momento e garantir condições de segurança para a prática espontânea de surf”, concluiu Walter Chicharro.