Dezenas de pessoas ficaram feridas esta terça-feira em Kiev, Ucrânia, em confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra o encerramento de setores económicos não essenciais entre 8 e 24 de janeiro para conter a Covid-19.

Milhares de pessoas responderam ao apelo do movimento Zajisti FOP (Proteja as Pequenas e Médias Empresas — PME) e reuniram-se junto à sede do Verkhovna Rada (parlamento) para protestar contra as medidas do governo, segundo a agência de notícias Ukrinform. Os manifestantes, que gritavam “Temos o direito de trabalhar”, marcharam então em direção à sede da presidência e, finalmente, à Praça (Maidán) da Independência, onde aconteceram os confrontos.

O tumulto começou quando os militares antidistúrbios usaram cassetetes e gás lacrimogéneo para impedir a instalação de tendas de campanha na praça, sendo que, durante a operação, pelo menos 40 polícias ficaram feridos, segundo as autoridades. Apesar da intervenção policial, os manifestantes, entre os quais também houve vários feridos, conseguiram instalar as tendas de campanha, referiu a imprensa local.

O líder do Sindicato para a Proteção do Empreendedorismo, Serhiy Dorotych, um dos organizadores do protesto, pediu ao Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelenski, para ordenar ao Ministério do Interior que parasse de agir contra os manifestantes.

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O endurecimento das restrições sanitárias decretadas em todo o país inclui o encerramento de centros educativos e de lazer e das instalações culturais, podendo apenas manterem-se abertas as lojas de rua ou de centros comerciais que vendam bens de primeira necessidade.

Também os bares e restaurantes foram fechados, podendo apenas servir comida para levar e ao domicílio. Em contrapartida, os transportes públicos, os hotéis, os bancos e os correios continuam a funcionar. Salões de beleza e cabeleireiros também não serão encerrados, devendo apenas atender clientes com hora marcada.

O governo ucraniano começou a impor restrições severas devido ao coronavírus em março passado, mas, em maio, suspendeu a maioria das medidas após detetar uma melhora na situação epidémica, que, entretanto, se agravou novamente nos últimos dois meses. Em novembro, o país impôs finalmente quarentenas nos fins de semana, o que já tinha gerado protestos de pequenos e médios empresários.

A Ucrânia, com cerca de 42 milhões de habitantes, acumula atualmente cerca de 900.000 infetados e contabiliza quase 15.500 mortes provocados pela Covid-19.