Os Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) manifestaram-se esta segunda-feira surpreendidos com a greve dos trabalhadores, afirmando que encetaram este ano um processo negocial com as estruturas sindicais para atualizar salários e aumentar o subsídio de risco.

“Desde o fim da primeira vaga da pandemia, o SUCH promoveu negociações com as duas principais centrais sindicais, sendo que está prestes a assinar com o SINTAP, quando foi surpreendido com esta greve pela outra central sindical [CGTP], como resposta a estas negociações, que assim foram interrompidas”, lê-se num comunicado enviado à comunicação social.

Segundo a mesma fonte, locais onde habitualmente se fazia sentir a adesão à greve estiveram “a laborar a 100%”.

Trabalhadores da restauração e serviços de apoio aos hospitais concentraram-se esta segunda-feira em frente ao parlamento, onde deixaram uma moção a exigir aumentos salariais e o direito ao prémio de compensação atribuído aos profissionais de saúde.

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Estes trabalhadores, que estão em greve esta segunda-feira e na terça-feira, alegam que trabalham 40 horas semanais e que estiveram na linha da frente para assegurarem as refeições de doentes com Covid-19.

A greve, convocada pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), afeta à CGTP, está a registar “uma grande adesão” em vários pontos do país, segundo os organizadores, embora não tenham sido avançados números durante a ação de protesto que decorreu esta manhã.

Os trabalhadores aprovaram, em São Bento, uma moção para exigir negociações salariais e alertar para o que classificaram de condições de trabalho “horríveis e violentas” no Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH).

De acordo com os dirigentes sindicais, as administrações têm recusado reuniões com os trabalhadores “a pretexto da pandemia”, justificando ser realizados encontros presenciais neste momento, devido às medidas de contenção da covid-19.

De acordo com os manifestantes, não está também assegurado que estes funcionários estejam incluídos no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19.

Presente no protesto, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, afirmou que estes trabalhadores devem ser considerados profissionais de saúde e tratados em situação de igualdade, com os mesmos direitos, nomeadamente o acesso ao prémio de compensação.

Nos cartazes que exibiram em frente à Assembleia da República podiam ler-se frases como “Todos queremos subsídio de risco e compensação salarial”, “Exigimos respeito e melhores salários” e “Exigimos contratação de pessoal”.

Segundos os números apresentados pela organização da iniciativa, 90% do pessoal neste setor ganha o salário mínimo nacional.

“Estes trabalhadores estão aqui concentrados para exigirem aumentos salariais e melhores condições de vida. São essenciais ao funcionamento dos hospitais”, disse aos jornalistas Isabel Camarinha antes de discursar perante os manifestantes, incentivando-os à luta.

Para a dirigente da CGTP, o governo tem de garantir já justiça e igualdade para estes trabalhadores, face aos restantes.