As medidas de restrição impostas ao comércio devido à pandemia estão a provocar “danos nefastos” ao setor e à produção nacional, alertou esta quarta-feira, 16 de dezembro,  a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), apelando ao Governo para as retirar.

“As sucessivas medidas de restrição impostas ao retalho estão a provocar danos nefastos ao setor e à produção nacional, com prejuízos avaliados em dezenas de milhões de euros e impacto considerável na estabilidade de mais de 100.000 postos de trabalho, quer do retalho alimentar quer do retalho especializado”, adverte a associação em comunicado.

Em declarações à Rádio Observador, o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição garante que há luz verde da DGS para rever esse rácio e que a própria entidade considera que não faz sentido.

“DGS reconhece que o rácio [de pessoas por loja] não faz sentido”

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Gonçalo Lobo Xavier acredita que é o primeiro-ministro quem está a bloquear essa alteração.

Perante esta situação, a APED apela ao Governo para que “retire medidas sem qualquer efeito prático na defesa da saúde pública, em concreto a redução dos horários de funcionamento ao fim de semana, o rácio de número de pessoas permitida em loja e proibição da venda de álcool a partir das 20h00”.

Para o diretor da APED, Gonçalo Lobo Xavier, “está em causa não só a sustentabilidade do Retalho como de um conjunto de setores da produção nacional, que estão a ser severamente condicionados no escoamento dos seus produtos”.

“A produção nacional está a ser duplamente penalizada: pelos efeitos decorrentes da pandemia, mas sobretudo pela tomada de decisões do Governo que se têm revelado inconsequentes em termos de contributo para a saúde pública, principalmente no que diz respeito aos horários do comércio”, sublinha.

A restrição dos horários de funcionamento dos espaços comerciais do Retalho Alimentar e Retalho Não Alimentar é uma das medidas que a APED aponta como “equívocas e que apenas têm causado constrangimentos aos consumidores e às empresas” e que “prejudicam gravemente a época de Natal”.

No caso dos fins-de-semana, afirma, “apenas tem levado a maior aglomeração de pessoas, a uma corrida aos espaços comerciais, levando à existência de filas de mais de uma hora para entrar”.

“Se se queria evitar ajuntamentos, esta foi uma medida de sinal contrário que poderia ser evitada com horários mais extensos e com o aumento do número de pessoas em loja, mantendo a segurança”, defende o responsável.

A manutenção do rácio de pessoas em loja “mais restritivo da Europa”, com um limite de cinco pessoas por 100 metros quadrados, também “agrava a realidade vivida nos espaços comerciais”, que têm “todas as condições para receber mais pessoas com total segurança”, defende.

A proibição da venda de álcool a partir das 20h00 é “mais uma medida sem paralelo na Europa” e que “a realidade demonstra que não tem qualquer ligação com a transmissão da pandemia” e com um “enorme prejuízo para o sector do vinho e das bebidas espirituosas que já estimam perdas acima dos 16 milhões de euros só com esta medida”.

“Se no verão ainda se compreendia o racional – evitar os ajuntamentos se estavam a registar em espaços públicos -, a manutenção desta medida ao longo de todos estes meses, sem um enquadramento, sem um racional que a sustente, apenas está a levar ao agravamento dos prejuízos de setores tradicionais da nossa economia, como são o do vinho e espumantes, já fortemente penalizados pelos efeitos da pandemia”, alerta Lobo Xavier.

A APED reafirma o seu compromisso de ser uma parte ativa no combate à crise sanitária e manifesta a sua disponibilidade para contribuir para “soluções adequadas que protejam a saúde dos consumidores e assegurem condições de sustentabilidade aos agentes económicos”.