O primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou esta quarta-feira que em breve haverá “boas notícias” sobre a retoma da atividade da Cabo Verde Airlines (CVA), estabelecendo como prioritárias as ligações a Lisboa e Boston, para servir a comunidade emigrante.

A posição foi transmitida por Ulisses Correia e Silva ao ser questionado sobre o futuro da companhia aérea de bandeira durante o debate mensal no parlamento, subordinado ao tema “diáspora e desenvolvimento”, em que fez um balanço das políticas governativas para a comunidade emigrante da atual legislatura, iniciada em 2016.

“Sobre a Cabo Verde Airlines, é um processo que brevemente será encerrado”, afirmou o primeiro-ministro, numa altura em que a companhia mantém a atividade suspensa, apesar da reabertura das fronteiras cabo-verdianas desde 12 de outubro, encerradas em 19 de março para conter a pandemia de Covid-19.

Desde maio que é conhecida a negociação entre o Governo e os investidores islandeses que desde março de 2019 lideram a CVA para um empréstimo de longo prazo, para permitir viabilizar a companhia, mas até agora sem qualquer desfecho conhecido.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ulisses Correia e Silva admitiu que as “condições de mercado atuais” não vão permitir continuar a desenvolver o conceito de ‘hub’ que a Cabo Verde Airlines estava a implementar na ilha do Sal, ligando voos entre os continentes africano, europeu e americano.

Contudo, traçou as duas ligações prioritárias na retoma da atividade da CVA, centradas nas principais comunidades cabo-verdianas no exterior: “Saída de Cabo Verde para Lisboa e saída de Cabo Verde para Boston [Estados Unidos] estão dentro das prioridades e brevemente vamos ter boas notícias”, garantiu Ulisses Correia e Silva.

Essas duas ligações têm vindo a ser assumidas essencialmente pelas portuguesas TAP e SATA, que estão a reforçar os voos para o arquipélago de Cabo Verde e à Europa e Estados Unidos da América.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

O ministro dos Transportes cabo-verdiano, Carlos Santos, afirmou em 15 de outubro, no parlamento, que a intervenção do Estado na CVA é “inevitável” e será anunciada “muito brevemente”, envolvendo a restruturação da companhia, que não realiza voos comerciais desde março.

Ao intervir na Assembleia Nacional, na Praia, num debate sobre os transportes e os seus impactos no desenvolvimento do país, agendado pela oposição e visando especialmente a CVA – que resultou da venda de 51% do capital social da TACV -, o governante garantiu que a “companhia vai continuar”.

“Nós vamos continuar a apostar na TACV, que esta companhia deve recentrar os seus objetivos no curto prazo, olhar para a diáspora e para o turismo, que deve redimensionar a empresa, sim”, afirmou, depois de várias críticas e perguntas da oposição sobre o negócio envolvendo a CVA.

A CVA não realiza voos comerciais desde março, quando o arquipélago encerrou a ligações internacionais, para conter a pandemia de covid-19, por decisão do Governo.

Esses voos foram retomados em 12 de outubro, com a reabertura de fronteiras, mas a administração da CVA não tem ainda planos para retomar a operação, sendo conhecidas desde maio negociações com o Governo, para um apoio financeiro, ainda sem conclusão.