O Ministério Público chinês anunciou esta quarta-feira a acusação formal de “travessia ilegal” das águas da China continental a 12 manifestantes antigovernamentais de Hong Kong detidos em agosto, entre eles um jovem luso-chinês.

Segundo uma nota publicada na rede social chinesa Weibo pela Procuradoria-Geral de Yantian, em Shenzhen, cidade chinesa adjacente a Hong Kong, dois dos jovens são ainda suspeitos de organizar a passagem ilegal da fronteira.

Dois jovens serão julgados à porta fechada por serem menores de idade, acrescenta a nota.

A campanha #save12hkyouths (“salvem os 12 jovens de Hong Kong”) revelou à Lusa que só a família de um dos detidos tinha sido informada da acusação formal, tendo recebido esta quarta-feira uma chamada de um advogado que terá sido nomeado pelo Governo chinês para defender o ativista.

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A campanha confirmou que a família do estudante universitário Tsz Lun Kok, detentor de passaportes português e chinês, não recebeu ainda qualquer informação oficial.

Os detidos, a maioria ligados aos protestos anti-governamentais do ano passado, em Hong Kong, tinham iniciado a viagem com destino a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo, quando a lancha em que seguiam foi intercetada, em 23 de agosto, pela guarda costeira chinesa.

Segundo familiares dos detidos, desde a detenção nenhum dos ativistas pôde contactar a família nem ter acesso a advogados mandatados pelos seus familiares.

A #save12hkyouths anunciou a 19 de novembro que familiares de sete dos detidos receberam cartas alegadamente escritas pelos ativistas. Na altura a campanha confirmou à Lusa que a família de Tsz Lun Kok não tinha recebido qualquer mensagem do jovem.

O jovem, que tem nacionalidade portuguesa e chinesa, embora a China não reconheça a dupla nacionalidade, tinha já sido detido em 18 de novembro de 2019 em Hong Kong, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, sendo acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objetivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior.