A Alemanha criticou, na quarta-feira, a Rússia e a China por impedirem a entrada de bens essenciais na Síria, país em guerra civil desde 2011, durante uma vídeoconferência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

O embaixador alemão na ONU, Christoph Heusgen, considerou que os dois países com assento permanente no Conselho de Segurança deveriam reverter a decisão de bloquearem os pontos de entrada no país do Médio Oriente, tomada em julho.

Em vez de estarem sempre a reclamar sobre as sanções [impostas à Síria], a Rússia e a China deveriam reverter a sua decisão e permitir que mais pontos de entrada sejam abertos, de forma a que a população possa realmente obter os alimentos e remédios de que precisa”.

Na última intervenção da Alemanha no Conselho de Segurança, já que vai perder esse lugar em 31 de dezembro, após dois anos como membro não permanente, o embaixador considerou ainda que o órgão da ONU “dececionou o povo sírio”, tendo criticado o apoio da Rússia ao presidente Bashar al-Assad.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Rússia não só apoiou Assad, como também contribuiu para o sofrimento e a morte de pessoas”.

Na resposta, o vice-embaixador da Rússia, Dmitri Polyanskiy, considerou que a culpa de o Conselho de Segurança ter dececionado o povo sírio é do “comportamento hipócrita” da Alemanha e do Ocidente, tendo mesmo dito que a colaboração de Christoph Heusgen “não fará falta”.

Muitos membros da ONU que anteriormente defenderam que Alemanha deveria ser membro permanente do Conselho de Segurança estão agora a questionar-se se deveria ser permitido tanto cinismo neste órgão”.

Já o representante chinês, Yao Shaojun, defendeu que o bloqueio dos projetos humanitários para a população síria se deveu às sanções da União Europeia e dos Estados Unidos e considerou que o desempenho alemão no Conselho de Segurança esteve aquém do esperado.

Se a Alemanha quiser ingressar no Conselho de Segurança, o caminho será difícil. A atuação da Alemanha não correspondeu às expectativas do mundo e do Conselho”.

Além da Rússia e da China, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França são membros permanentes do Conselho de Segurança, órgão que reúne ainda dez membros não permanentes, eleitos de dois em dois anos.

A guerra civil na Síria causou até agora cerca de 387 mil mortes, segundo o balanço divulgado pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), na semana passada.

A ONU já estimou que o conflito originou 6,7 milhões de pessoas deslocadas no seio do país e 5,5 milhões de refugiados.