O Governo britânico disse esta quinta-feira que a probabilidade de um acordo de comércio com a União Europeia é inferior a 50%, apesar de questões como o transporte rodoviário de mercadorias e coordenação da segurança social já estarem definidas.

“Neste momento, infelizmente, o mais provável é não alcançarmos um acordo. Portanto são menos de 50%” as probabilidades de um acordo pós-Brexit, disse o ministro do Gabinete, Michael Gove, em resposta a deputados numa audição com a comissão parlamentar sobre a futura relação com a União Europeia (UE).

As condições de concorrência económica, a capacidade de cada lado tomar medidas de retaliação se as regras de concorrência não forem respeitadas e o acesso dos barcos europeus às águas de pesca britânicas são os pontos de divergência.

Gove revelou que questões como a participação britânica nos programas europeus de investigação científica Horizonte Europa e de intercâmbio de estudantes Erasmus, transporte rodoviário internacional, reconhecimento mútuo qualificações profissionais, mobilidade e coordenação da segurança social já têm acordo.

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Pelo contrário, adiantou, o Reino Unido decidiu que vai ficar de fora do Copérnico, um programa de observação por satélite da Terra, coordenado e gerido pela Comissão Europeia e pela Agência Espacial Europeia.

Se não for alcançado um acordo, a partir de 2021 o comércio entre o Reino Unido e a UE será feito sob as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), à semelhança do que acontece entre a UE e a Austrália, o que implica a aplicação de taxas aduaneiras e quotas de importação.

Gove reiterou que, se não se chegar a um entendimento, o governo britânico não tem intenção de voltar à mesa de negociações nos próximos meses.

“Isto é fim. Se sairmos nas condições da OMC, claro que haverá contacto entre o Reino Unido e países e dirigentes europeus, mas o que não vamos tentar é negociar um novo acordo”, vincou.

O ministro disse que o Governo queria continuar a negociar porque entende que a maioria das empresas tem preferência por um acordo e não excluiu que o parlamento britânico tenha de se reunir entre o Natal e o Ano Novo para analisar o texto e aprovar a legislação necessária à ratificação.

“Se conseguirmos o acordo que queremos, seremos o único país terceiro a ter um acordo sem quotas nem tarifas com a UE”, vincou.

O Reino Unido abandonou a UE a 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que mantiveram o acesso do país ao mercado único europeu durante 11 meses, mas que caducam no próximo dia 31 de dezembro.

O negociador-chefe da UE, Michel Barnier, disse esta quinta-feira, à saída da reunião com os líderes do PE, que estão a registar-se “bons progressos” nas negociações com o Reino Unido, mas “os últimos obstáculos persistem”.

“Bons progressos, mas os últimos obstáculos persistem. Só iremos assinar um acordo que proteja os interesses e os princípios da UE”, escreveu Michel Barnier na sua conta oficial na rede social Twitter.

O Parlamento Europeu (PE) definiu esta quinta-feira este domingo como a data limite para um acordo pós-Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia, sob pena de não ratificar o entendimento antes do fim do período de transição.