A investigação sobre a explosão no porto de Beirute, que ocorreu a 4 de agosto, foi temporariamente suspensa, disse esta quinta-feira uma fonte judicial local, após um pedido de desqualificação do juiz de instrução do processo.

O juiz de instrução Fadi Sawan acusou em 10 de dezembro o primeiro-ministro cessante libanês, Hassan Diab, e três ex-ministros, Ali Hassan Khalil (Finanças), Ghazi Zaayter e Youssef Fenianos (que lideraram o Ministério de Obras Públicas e Transporte) neste processo.

Acusados de “negligência e de ter causado centenas de mortes”, foram intimados esta semana para serem interrogados pelo juiz de instrução mas nenhum dos quatro homens chegou a ser interrogado.

Khalil e Zaayter, agora deputados, apresentaram um pedido de desqualificação do juiz de instrução, a quem acusam de ter violado a Constituição com os seus procedimentos instaurados contra ex-ministros e deputados, disseram hoje a fonte judicial.

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O tribunal terá de tomar um decisão neste caso e, segundo a mesma fonte, “o juiz Sawan terá de suspender todos os procedimentos da investigação”.

Programado para esta quinta-feira, o interrogatório de Diab foi cancelado. O primeiro-ministro já havia se recusado na segunda-feira a comparecer à uma primeira convocação.

A 4 de agosto, uma explosão no porto de Beirute em um depósito contendo toneladas de nitrato de amónio, armazenado sem precaução durante anos, deixou mais de 200 mortos e 6.500 feridos. Parte da capital foi destruída.

A acusação contra os ministros provocou protestos dentro da classe política. Os réus dizem que a acusação de um ministro deve ser feita através de votação no Parlamento.

Mas o juiz de instrução, cujo pedido ao Parlamento nesse sentido foi ignorado em novembro, acredita que tem a prerrogativa, já que se trata de uma ação penal.

No final de outubro, a Ordem dos Advogados de Beirute apresentou cerca de 700 queixas no tribunal em nome das pessoas afetadas por esta tragédia.