Pelo menos 706 mil crianças e adolescentes com idade entre 5 a 17 anos trabalhavam em atividades consideradas perigosas no Brasil em 2019, segundo levantamento publicado esta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).

Para chegar a este número, o IBGE procurou correlacionar a lista de Trabalho Infantil Perigoso (TIP), da Organização Internacional do Trabalho (OIT), com as ocupações presentes nas respostas coletadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios que realiza junto a população do país.

A lista TIP inclui 89 tipos de trabalhos em todos os setores económicos e os respetivos riscos ocupacionais e repercussões à saúde. Segundo o IBGE, nas faixas de 5 a 13 anos e 14 e 15 anos, mais de metade das crianças e adolescentes que trabalhavam estavam nessa situação de risco, com 65,1% e 54,4%, respetivamente.

Outros 20,6% dos que realizavam atividades económicas estavam em atividade agrícola, para os que exerciam ocupações em trabalho infantil perigoso o percentual praticamente dobrava, atingindo 41,9%. Ao todo, 1,8 milhões de crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil no Brasil em 2019.

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Temos 706 mil pessoas em situação de trabalho infantil em ocupações que compõem a lista TIP. Então 45,9 % de crianças e adolescentes que realizavam atividade económica estavam em ocupação de trabalho perigoso”, frisou Maria Lucia Vieira, gerente da pesquisa do IBGE.

O órgão de pesquisas do governo brasileiro frisou que a população brasileira com idade entre 5 e 17 anos soma 38,3 milhões de pessoas. Embora os números indiquem um patamar alto, houve uma redução de 16,8% no contingente de crianças e adolescentes trabalhando face ao ano de 2016, quando 2,1 milhões de crianças brasileiras estavam nesta situação.

A queda do trabalho infantil foi observada tanto em termos absolutos como na proporção da população, e foi ligeiramente maior para a população de rapazes e meninos, do que entre as mulheres.

Essa queda maior já era de se esperar, porque há mais meninos que meninas no trabalho infantil”, explicou Maria Lucia Vieira. Quanto à faixa etária das crianças e adolescentes que trabalham no país sul-americano, a sondagem mostrou que 21,3% tinham idades entre 5 até 13 anos, 25,0%, 14 e 15 anos e a maioria, 53,7%, tinha 16 e 17 anos de idade.

A maioria das crianças que trabalha no Brasil é do sexo masculino (66,4%). Já a percentagem crianças do sexo feminino trabalhando foi de 33,6%. O percentual de pessoas que se autodeclaram brancas em situação de trabalho infantil era bastante inferior (32,8%) àqueles de cor negra (66,1%).

A sondagem também mostrou que 25% dos jovens brasileiros de 16 a 17 anos que trabalhavam cumpriam jornada de mais de 40 horas. Outro ponto relevante da pesquisa indicou que 92,7 mil crianças e jovens trabalhavam como empregados domésticos e 722 mil de 16 e 17 anos estavam em trabalhos informais, ou seja, sem contrato de trabalho.