As autoridades de saúde espanholas confirmaram esta sexta-feira que o contágio do novo coronavírus no país tem vindo e vai continuar a piorar em todas as comunidades autonómicas. O relaxamento de medidas de combate ao coronavírus, acumuladas com a ponte entre os feriados dos dias 6 e 8 de dezembro, são apontadas como os principais culpados para este aumento no número de casos.

Fernando Simón, diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias, citado no El País, alertou também para um possível agravamento da situação com as festividades natalícias, uma tendência que durará “pelo menos” até meados de janeiro. O porta-voz do governo não pôs de parte um endurecimento das medidas para o Natal, já anunciadas pelo ministério da Saúde de Espanha, que avisou igualmente as comunidades que estariam sujeitas a um ajuste, caso a incidência assim o exija.

É muito possível que haja uma redução ao que se propôs no dia 2 de dezembro [dia em que se aprovaram as medidas para o Natal] quando a evolução era muito distinta da que observamos agora”.

Sobre a possibilidade de se cancelarem por completo as festividades, o diretor do CCAES não a descartou por completo. “As medidas que propomos estão associadas aos riscos de momentos concretos do ano. Não é o mesmo uma festa pequena que uma que nos infeta a todos. Temos que ver como a situação evolui e o que se decide no final. Não cancelaríamos o Natal mas, sim, encontraríamos uma maneira de o celebrar, que é o que estamos a fazer”, esclareceu.

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Os dados conhecidos na quinta-feira apontam para uma incidência acumulada nos últimos 14 dias de 207 casos por cada 100 mil habitantes em toda a Espanha. A nível regional há, no entanto, comunidades que registam mais de 250 — considerado de risco extremo — como é o exemplo das ilhas Baleares (322), Madrid (262), País Basco (256), Comunidade Valenciana (254) e Castela-Mancha (251). Embora o território de Bilbau tenha estabilizado, os restantes registam tendência a aumentar.

Segundo Simón, as alterações na curva começaram a verificar-se a 9 de dezembro, altura que coincidiu com o relaxamento das medidas na Espanha, e o momento imediatamente a seguir aos dois feriados de dezembro. Apesar do expectável aumento, esse será “seguramente lento”.

Depois de um período muito favorável, sem que a situação fosse boa, agora temos que ter muito cuidado para que este aumento não nos faça voltar a níveis de outubro e novembro. O objetivo é minimizar o impacto”.

Embora não se saiba ao certo o impacto que os números terão nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), a situação atual dos hospitais espanhóis está “relativamente estabilizada”, segundo o El País.

Em comparação com o resto da Europa, Espanha é, de momento, um doa países com menor incidência, diz o porta-voz do Governo. “O único dos grandes com situação parecida é França. E medidas mais drásticas não estão a ser tomadas mais drásticas não estão a ser tomadas por países como o nosso ou França. Cada um adaptou-as à sua situação epidemiológica”. Fernando Simón refere-se  a países como a Alemanha, com uma incidência acumulada de 341 por cada 100 mil habitantes, que encerrou praticamente todas as atividades.

A opção [de encerrar atividades] está aí, mas temos que pensar muito antes de a aplicarmos. A nossa tendência mudou e isto deve fazer-nos refletir tanto às instituições, como aos cidadãos, a necessidade de sermos muito rigorosos e aplicar medidas gerais e individuais de forma permanente”.

Alguns dos governos das Comunidades já adotaram medidas mais restritivas, como é o caso das Canárias e Baleares. Já Madrid ou Andaluzia rejeitaram fazê-lo. Por sua vez, a Catalunha ainda está em fase de avaliação.