789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Um café fraquinho que só mexeu à lei da Palhinha (a crónica do Sporting-Farense)

Este artigo tem mais de 3 anos

Numa das exibições mais apagadas da época, Sporting sobreviveu e venceu o Farense graças a um penálti de Sporar. Mas foi novamente Palhinha, no meio-campo, o elemento mais inconformado dos leões.

O médio que na época passada esteve no Sp. Braga foi o melhor elemento da equipa de Rúben Amorim
i

O médio que na época passada esteve no Sp. Braga foi o melhor elemento da equipa de Rúben Amorim

LUSA

O médio que na época passada esteve no Sp. Braga foi o melhor elemento da equipa de Rúben Amorim

LUSA

Na terça-feira, o Sporting venceu o Mafra nos quartos de final da Taça da Liga. A vitória não foi surpreendente — apesar de ter sido complexa, muito devido às alterações que Rúben Amorim fez ao onze inicial — mas deixou uma frase de um dos jogadores do Mafra a pairar no ar. “Acho que estivemos muito bem e conseguimos fazer o nosso jogo contra a melhor equipa de Portugal neste momento”, disse Gui Ferreira, numa linha de pensamento que já tinha sido defendida pelo próprio treinador, Filipe Cândido, na antevisão da partida. E uma linha de pensamento que Rúben Amorim, apesar de tudo, rejeita.

“Isso muda de semana para semana e é preciso ir avaliando os momentos da equipa, porque isso muda muito rápido. Acho que o Sporting joga muito bem — mas não digo que seja a melhor equipa em Portugal”, explicou o treinador leonino, que cumpria este sábado, contra o Farense, o último jogo do castigo que o afastou do banco de suplentes por três encontros. Na antevisão da receção aos algarvios, que marcava o regresso à Primeira Liga depois de duas partidas para as Taças, Amorim ainda comentou a expressiva juventude da equipa do Sporting. Uma juventude que é sempre notória no onze normalmente titular mas que ficou principalmente visível no encontro com o Mafra, para a Taça da Liga, onde a equipa inicial lançada pelo técnico foi a segunda mais jovem desde que Amorim chegou aos leões.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Sporting-Farense, 1-0

10.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: André Narciso (AF Setúbal)

Sporting: Adán, Neto (Gonzalo Plata, 79′), Coates, Feddal, Porro, Palhinha, João Mário (Sporar, 79′), Nuno Mendes (Tabata, 57′), Nuno Santos, Pedro Gonçalves (Matheus Nunes, 90+2′), Tiago Tomás (Gonçalo Inácio, 90+2′)

Suplentes não utilizados: Maximiano, Borja, Antunes, Daniel Bragança

Treinador: Emanuel Ferro (Rúben Amorim está castigado)

Farense: Defendi (Hugo, 90′), Hugo Seco (Eduardo Mancha, 78′), Bura, Cláudio Falcão, Fábio Nunes, Fabrício Isidoro, Filipe Melo (Alex Pinto, 90′), Amine, Ryan Gauld, Bilel (Mansilla, 78′), Patrick (Stojiljkovic, 71′)

Suplentes não utilizados: Madi Queta, Miguel Bandarra, Abner, Licá

Treinador: Sérgio Vieira

Golos: Sporar (gp, 90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Tiago Tomás (27′), a Defendi (36′ e 86′), a João Palhinha (41′), a Fabrício Isidoro (43′), a Coates (68′), a Fábio Nunes (75′), a Mancha (83′), a Nuno Santos (depois do apito final); cartão vermelho por acumulação a Defendi (86′)

“Acho que a juventude traz alguma descontração, o que ajuda em momentos de pressão. Nunca senti o grupo muito eufórico. Já comentava com a equipa técnica, antes dos jogos, que conseguíamos ver o Neto, o Feddal e o Seba [Coates] a irem para os quartos descansar a seguir ao almoço e o Matheus [Nunes] e o Nuno Mendes ficam a jogar pingue-pongue antes de um jogo. Os jogadores têm um equilíbrio muito bom na forma de estar, que vem da experiência de cada um e eles não estão eufóricos, porque passa-lhes um bocadinho ao lado”, acrescentou, sublinhando o balanço que existe no plantel entre os mais experientes, como o trio defensivo que enumerou, e os mais jovens.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Este sábado, o Sporting voltava então ao Campeonato e à defesa da liderança — agora presa por apenas dois pontos, graças ao empate em Famalicão –, precisando então de ganhar para garantir desde já que passa o Natal no primeiro lugar da classificação. Nuno Mendes chegou a estar em dúvida, depois de ter saído com dificuldades musculares do jogo com o Mafra, mas era titular; assim como Tiago Tomás, que aparecia no ataque e atirava Sporar para o banco de suplentes. De resto, e depois das nove alterações que Rúben Amorim fez na Taça da Liga, o habitual: Neto, Coates e Feddal na defesa; Porro na ala oposta a Mendes e João Mário e Palhinha no centro do meio-campo; e Nuno Santos e Pedro Gonçalves no apoio ao avançado mais destacado, que era então Tomás, a partir dos corredores. Do outro lado, estava um recém-promovido Farense que venceu o Marítimo na última jornada mas que tem apenas oito pontos — os mesmos que Boavista e Portimonense, as duas equipas na zona de despromoção.

Ora, à parte todas as restantes condicionantes, o Sporting tinha então essa possibilidade — em caso de vitória — de passar o Natal na liderança isolada da Primeira Liga. Um dado que, à primeira vista, até parece menor. Mas que para os leões acabava por ter uma preponderância significativa. Isto porque era preciso recuar até ao Natal de 2001, há 19 anos, para ver o Sporting passar a quadra festiva no primeiro lugar da classificação. Se é certo que Leonardo Jardim, em 2013, passou a Consoada em primeiro mas com os mesmos pontos do Benfica, também é certo que Jorge Jesus perdeu a liderança no último jogo do ano de 2015 — mas nunca, desde a temporada 2001/02 em que terminou como campeão nacional pela última vez, voltou o Sporting a passar o Natal enquanto líder isolado da tabela.

Em campo, a primeira equipa a criar perigo foi mesmo o Farense. Ryan Gauld, escocês que chegou a Portugal precisamente pela mão do Sporting, aproveitou uma atrapalhação de Coates à entrada da área leonina e aproximou-se de Adán com a bola dominada; o guarda-redes espanhol, com uma boa intervenção com as pernas, evitou o primeiro golo do jogo (6′). Depois desse lance inicial, a verdade é que o jogo tomou o sentido que era esperado — a baliza do Farense. O Sporting assumiu o controlo da partida e assentou arraiais no meio-campo adversário, colocando a primeira linha de construção numa zona muito elevada do terreno.

Ainda assim, os leões não conseguiam criar verdadeiras oportunidades de jogo. O Farense, totalmente recuado no próprio meio-campo, colocava muitos elementos na faixa central e obrigava o Sporting a lateralizar a posse de bola, impedido de avançar pelo coração do relvado por estar sempre em inferioridade numérica. João Palhinha e João Mário, sempre muito marcados e pressionados, tinham dificuldades na hora de criar desequilíbrios e procuravam o apoio de Pedro Gonçalves e Nuno Santos, mais próximos dos corredores. Os dois jogadores, contudo, não encontravam espaços suficientes para apoiar Tiago Tomás e demonstravam-se manifestamente insuficientes na hora de resolver sozinhos, escasseando as linhas de passe face à enorme densidade de jogadores adversários naquela zona do terreno.

Assim, e adquirindo confiança à medida que mantinha a baliza a zeros, o Farense procurava criar perigo sempre que tinha a oportunidade de chegar perto da grande área leonina. Ryan Gauld bateu um livre que desviou na barreira e ia enganando Adán (32′) e o Sporting só conseguiu responder com um remate de João Palhinha que também bateu num defesa algarvio e saiu ao lado (38′). Os leões atacavam de forma lenta e previsível, sem grande criatividade e rasgos de brilhantismo, e o jogo aproximava-se do intervalo sem grande qualidade nem pontos de interesse. Os melhores lances da primeira parte apareceram já mesmo nos descontos da primeira parte, um em cada baliza: Gauld voltou a ficar perto do golo, com um remate rasteiro que Adán encaixou depois de um contra-ataque conduzido por Hugo Seco (45+1′), e Tiago Tomás acertou no poste quando estava já praticamente sem ângulo (45+2′).

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Farense:]

No início da segunda parte, prevalecia a ideia de que o Sporting teria de ser bem mais disruptivo para abrir o marcador e conquistar uma vitória que estava bloqueada pela intensa muralha defensiva do Farense — até porque Defendi tinha ido para o intervalo sem ter feito qualquer defesa em Alvalade. Uma primeira defesa que apareceu logo nos primeiros minutos da segunda parte, motivada por um remate cruzado de Pedro Gonçalves (52′) depois de um lance que exemplificou a mudança tática e estratégia que o Sporting tinha trazido do balneário.

Os primeiros instantes da segunda parte deixaram desde logo claro que Nuno Santos, ao invés de ficar mais colado à ala esquerda, iria ocupar terrenos mais centrais, muitas vezes logo ao lado de Tiago Tomás e à frente de João Mário. Nuno Mendes compensava no corredor e estava mais subido, enquanto que os leões beneficiavam do elemento extra na zona mais central do jogo, de forma a criar desequilíbrios no último terço adversário. O lance que culminou com o remate de Pedro Gonçalves foi exemplo disso mesmo, com Nuno Santos a aparecer mesmo na meia-lua da grande área a abrir no colega de equipa à direita.

A nova posição do esquerdino dos leões, contudo, só durou pouco mais dez minutos. A primeira substituição de Rúben Amorim apareceu logo nessa altura, com o treinador leonino a tirar Nuno Mendes — que parece não estar ainda totalmente recuperado e esteve muitos furos abaixo do habitual — para lançar Tabata. O avançado ex-Portimonense, que marcou nos últimos dois jogos, foi para a direita do ataque do Sporting; Nuno Santos recuou para a posição que tinha sido até aí de Nuno Mendes, ficando responsável pelo corredor esquerdo; e Pedro Gonçalves trocou de ala, passando a desempenhar as funções na meia-esquerda que nesse início de segundo tempo tinham sido de Nuno Santos.

Nesta fase, o Sporting continuava a dominar a partida de forma genérica mas não conseguia  capitalizar a subida de intensidade que registou na segunda parte. Além disso, os leões não estavam coerentes na hora da transição defensiva e acabavam por permitir muitos espaços ao Farense, que não desistia de causar sustos a Adán. Uma situação que só não se tornava pior graças a João Palhinha, que era novamente o melhor elemento da equipa de Rúben Amorim e estava praticamente intransponível enquanto último obstáculo antes da defesa leonina.

Rúben Amorim voltou a mexer a cerca de dez minutos do apito final, ao tirar Luís Neto e João Mário para lançar Sporar e Gonzalo Plata, mas o Sporting continuava com muitas dificuldades para criar situações de perigo: Bruno Tabata esteve perto de marcar, com um cruzamento que saiu à baliza, mas Defendi desviou por cima da trave (70′). Já dentro dos derradeiros dez minutos, surgiu o lance que acabou por ditar o resultado final. Tabata cobrou um livre descaído na direita e André Narciso, o árbitro da partida, considerou que Defendi fez grande penalidade sobre Feddal. O guarda-redes do Farense foi expulso, por ver o segundo cartão amarelo, e Sporar acabou por bater o recém-entrado Hugo Marques na conversão do penálti (90+1′).

A grande penalidade convertida pelo avançado dos leões acabou por garantir o regresso às vitórias dos leões no Campeonato, depois do empate em Famalicão, e ainda a liderança isolada no Natal — algo que não acontecia há 19 anos. O Sporting continua invicto nas competições internas, voltou a não acabar um jogo sem marcar e abriu provisoriamente uma distância de cinco pontos para o Benfica, que só joga este domingo em Barcelos com o Gil Vicente. Numa das exibições mais apagadas da temporada, a equipa de Rúben Amorim acabou por sobreviver graças a golo de Sporar mas sempre graças a João Palhinha: que foi novamente o melhor elemento leonino, que continua a ser o jogador mais inconformado do grupo e que é o grande motor dos leões.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora