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Quando Odysseas é a chave com mais um, está tudo dito (a crónica do Gil Vicente-Benfica)

Este artigo tem mais de 3 anos

Na primeira parte, Benfica dominou; a partir do 2-0, Benfica dominou. Pelo meio, ficou a jogar com mais um. E o Gil Vicente, de bola corrida e parada, desafiou uma derrota que não era assim tão certa.

Vlachodimos teve cinco intervenções determinantes no resultado durante a segunda parte e foi a chave do triunfo dos encarnados em Barcelos
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Vlachodimos teve cinco intervenções determinantes no resultado durante a segunda parte e foi a chave do triunfo dos encarnados em Barcelos

Getty Images

Vlachodimos teve cinco intervenções determinantes no resultado durante a segunda parte e foi a chave do triunfo dos encarnados em Barcelos

Getty Images

As exibições nem sempre foram as mais conseguidas, a tal “nota artística” nem sempre foi a melhor, mas depois de um período com duas derrotas para o Campeonato e um empate na Liga Europa com três golos sofridos em cada jogo o Benfica conseguiu a retoma dos resultados, somou uma série de oito encontros consecutivos sem perder e colou-se no segundo lugar da Primeira Liga, apenas a dois pontos do Sporting (que, com o triunfo pela margem mínima diante do Farense em Alvalade na véspera, voltou a fugir na frente). Ainda assim, e atravessando uma fase mais conseguida da temporada, Jorge Jesus assumiu que existe uma equipa em Portugal a jogar melhor futebol do que o Benfica, algo que não tem a ver com o nome do clube mas sim com a posição que ocupa.

Benfica vence Gil Vicente em Barcelos por 2-0 e chega ao Natal no segundo lugar da Liga a dois pontos do Sporting

“Só há uma equipa que joga melhor futebol em Portugal do que o Benfica, é a que está em primeiro [Sporting]. Isso é que determina, quem chegar à frente e for campeão é quem joga melhor. Isso… Isso é conversa da treta. O jogo falado é uma coisa, o jogo treinado e jogado é outra coisa, que é só para alguns, jogadores e treinadores. Quem está em primeiro não joga melhor do que o segundo? E o segundo não joga melhor do que o terceiro? Agora, há que saber definir as coisas…”, destacou o técnico na conferência de lançamento do jogo frente ao Gil Vicente em Barcelos, a apenas três dias da discussão do primeiro título oficial da temporada frente ao FC Porto na Supertaça.

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A ideia despertou reações mas nem todas foram na mesma direção. António Simões, antiga glória dos encarnados e bicampeão europeu pelo clube, enalteceu as palavras de Jesus. “Estou completamente de acordo com a afirmação. O Sporting está em primeiro por ter qualidade. A frase ‘Today, we are not good enough’, muito popular em Inglaterra, não existe em Portugal. É interessante que um treinador reconheça que, em determinado momento, haja uma equipa que jogue melhor. Aprendam, faz bem!”, disse ao jornal Record. “Vale o que vale. Não ouvi essas declarações… Acho-as estranhas [risos]. Mas não me cabe a mim comentar. O que os jogadores do Sporting devem ouvir é o seu treinador. Somos é uma equipa trabalhadora e difícil de bater. A nossa força tem por base o trabalho”, atirou Rúben Amorim, após o triunfo da noite deste sábado frente ao Farense.

Mas, afinal, o que é jogar o melhor futebol? Rodar a bola ao primeiro toque, ser muito ofensivo, ter capacidade para criar várias oportunidades e fazer muitos golos? Não permitir que o adversário passe do meio-campo, ter uma posse acima dos 70% e jogar com mobilidade e velocidade para ganhar sempre superioridade em qualquer ação do jogo? Tudo terá o seu peso na avaliação. Mas jogar o melhor futebol também tem uma parte mais invisível e até aparentemente menos relevante mas que no final ganha sempre um redobrado peso: a capacidade para potenciar os pontos mais fortes e, sobretudo, disfarçar os pontos menos fortes de qualquer equipa. E é aí que está a diferença no Campeonato até ao Natal, com o Sporting a funcionar como exemplo paradigmático disso mesmo.

Depois de cinco jornadas a abrir com outras tantas vitórias, alternando entre jogos em versão rolo compressor no plano ofensivo (Famalicão e Rio Ave) e encontros com maior gestão no segundo tempo (Moreirense e Belenenses SAD), o Benfica tinha apenas três golos sofridos e três partidas com a baliza a zero. A seguir à derrota no Bessa, houve uma alteração dessa realidade: além dos dois desaires, os únicos na Primeira Liga, os encarnados sofreram sempre golos ao longo de quatro jogos, num total de oito entre Boavista, Sp. Braga, Marítimo e P. Ferreira. E esse era um dos principais desafios para a deslocação a Barcelos, também tendo em vista a Supertaça que se realiza em Aveiro na quarta-feira: fechar a baliza, marcar primeiro e não ir para o intervalo em desvantagem como tem acontecido como regra nas últimas partidas com apenas metade das reviravoltas conseguidas.

Esta noite em Barcelos, não foi isso que aconteceu – embora subsistisse o nulo ao intervalo. No entanto, e se a vitória acabou por chegar sem golos sofridos na segunda parte, a exibição não convenceu. Aliás, foi exatamente aí, quando o Gil Vicente estava reduzido a dez, que os minhotos criaram mais e as melhores oportunidades de golo, tendo ainda uma bola na trave no seguimento de um canto, outra boa chance também de bola parada e mais três hipóteses de bola corrida, tudo em 20 minutos entre os 42′ e os 62′. Se durante quase toda a primeira parte o Benfica soube controlar o jogo e se depois do 2-0 o encontro ficou sentenciado, os encarnados voltaram a ter uma exibição abaixo do que já fez e a anos luz do triplo que Jesus prometeu no início da época. E quando Odysseas Vlachodimos, de regresso à baliza, se torna a chave de uma vitória contra dez, está tudo dito.

Ficha de jogo

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Gil Vicente-Benfica, 0-2

10.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Cidade de Barcelos

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

Gil Vicente: Denis; Joel, Rodrigo, Ygor Nogueira, Talocha; Lucas Mineiro (Ahmed, 87′), Claude Gonçalves, Vítor Carvalho (Henrique Gomes, 69′); Lourency (Baraye, 87′), Leautey (Tim Hall, 46′) e Samuel Lino (Bouba, 69′)

Suplentes não utilizados: Daniel Fuzato, Kanya, Renan Oliveira e Leandrinho

Treinador: Ricardo Soares

Benfica: Vlachodimos; Gilberto (Diogo Gonçalves, 66′), Jardel, Vertonghen, Grimaldo; Weigl (Samaris, 81′), Pizzi (Cervi, 84′); Pedrinho (Taarabt, 46′), Everton Cebolinha; Darwin Núñez (Waldschmidt, 81′) e Seferovic

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Ferro, Nuno Tavares e Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Rodrigo (58′, p.b.) e Everton Cebolinha (65′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ygor Nogueira (39′ e 45′), Gilberto (43′), Weigl (46′) e Vítor Carvalho (63′); cartão vermelho por acumulação a Ygor Nogueira (45′)

Com algumas razões físicas à mistura, seja por lesão ou poupança, Jesus apresentou surpresas na equipa inicial em Barcelos: na defesa, além de promover o regresso de Grimaldo, voltou a apostar em Jardel pelo quarto encontro consecutivo deixando Otamendi fora da convocatória; no meio-campo, além de colocar de novo Pizzi como ‘8’, deu a titularidade mais uma vez a Weigl e apostou em Pedrinho pela direita em vez de Gabriel e Rafa (que também não foram ao banco); na frente, em vez da solução 1+1 com um elemento mais móvel nas costas da referência, lançou em simultâneo Seferovic e Darwin Núñez. E seriam do uruguaio as primeiras chances dos encarnados, duas aproveitando maus passes da defesa minhota e uma terceira num remate na área para defesa de Denis (17′). Com boas coberturas defensivas, Weigl a um bom nível nas transições e os dois alas a serem rigorosos na descida com os laterais, Vlachodimos era um mero espetador sem pagar bilhete mas não festejou nenhum golo porque o Benfica não aproveitava as bolas recuperadas no terreno contrário nem conseguia desposicionar a defesa contrária.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Gil Vicente-Benfica em vídeo]

Mesmo dominando por completo o encontro, ao ponto de o Gil Vicente não ter tocado a bola na área contrária até aos 42′, faltavam mais movimentos de rutura e maior velocidade de circulação para tirar previsibilidade às ações no último terço do Benfica. Ainda assim, e de forma quase natural, os encarnados foram conseguindo criar várias oportunidades para inaugurarem o marcador: Everton rematou de primeira ao segundo poste após cruzamento longo de Gilberto na sequência de uma boa combinação na direita, Denis defendeu (23′); Vertonghen aproveitou uma bola a pingar na área após bola parada, o remate saiu por cima (35′); Gilberto foi ao corredor central criar superioridade, arriscou a meia distância, a bola sofreu ainda um desvio, Denis defendeu (38′); Vertonghen ganhou pelo ar na área após cruzamento na direita de Everton, Denis defendeu (41′). Parecia que só havia uma baliza em campo, sendo que o Gil Vicente ficou muito perto de marcar na primeira aproximação com perigo onde Leautey puxou para dentro na esquerda, cruzou e o desvio de Vítor Carvalho saiu a rasar o poste (42′).

O encontro encaminhava-se para o intervalo quando dois lances mudaram por completo a história do encontro. E a história podia ser bem diferente – numa história que promete continuar nos próximos dias. Num primeiro lance, a meio-campo descaído na direita, Leautey e Gilberto tiveram uma disputa mais acesa, o ala dos minhotos tocou com o braço na cara do lateral encarnado, o brasileiro respondeu com uma cotovelada na cara do adversário e Nuno Almeida foi “conservador” com dois amarelos sem que o VAR tivesse dado qualquer indicação mesmo perante as repetições de ângulos diferentes. Dois minutos depois, Ygor Nogueira voltou a saltar com o braço aberto, atingiu de novo Darwin na cabeça, viu o segundo amarelo e foi expulso. É aqui que entronca o grande erro de Nuno Almeida: se o lance com Leautey e Gilberto onde há intenção se atingir o adversário só valeu amarelo, os de Ygor Nogueira não podia valer; se os de Ygor Nogueira mesmo sem intenção de atingir o adversário valeram (e bem) amarelo, o lance com Leautey e Gilberto deveria ter sido sancionado com outro cartão que não o amarelo.

Para o segundo tempo, e prevendo um encontro que seria ainda mais de sentido único, Ricardo Soares equilibrou a equipa com a entrada de Hall para o lugar de Leauty ao passo que Jorge Jesus abdicou de Pedrinho para lançar Taarabt, reforçar o corredor central e ter os laterais cada vez mais projetados no plano ofensivo. No entanto, e mesmo reduzido a dez unidades, foi o Gil Vicente que criou as oportunidades mais flagrantes, numa prova também de alguns dos problemas que continuam a afetar os encarnados: após um remate de fora da área de Samuel Lino para defesa a dois tempos de Odysseas Vlachodimos (52′), Lucas Mineiro apareceu ao primeiro poste num canto para desviar de cabeça para grande defesa do grego (54′) e, no canto seguinte, o mesmo jogador, no mesmo local e no mesmo primeiro poste acertou na trave antes de nova grande defesa de guardião das águias (55′).

Com menos um, o Gil Vicente criava mais. Com mais um, o Benfica jogava menos. Assim foi o primeiro quarto de hora da segunda parte, assim foi o contexto em que chegou o golo inaugural dos encarnados até aí com “ajuda” de um adversário: Gilberto cruzou largo da direita mais uma vez ao segundo poste, o desvio de cabeça de Everton saiu com pouca força mas Rodrigo, tentando tirar a bola da zona de perigo, acabou por trair Denis e fazer autogolo (58′). Em condições normais, com vantagem numérica e jogadores com enorme experiência, o jogo estaria resolvido por parte dos lisboetas mas voltaram a ser os minhotos a ameaçarem de forma real o empate, com Samuel Lino a entrar pelo espaço entre lateral e central, a obrigar Odysseas Vlachodimos a defesa para a frente e, com o grego ainda no chão, Lourency viu a recarga desviada também para canto (62′). Ato contínuo, o Benfica voltou a ir para a frente, criou uma oportunidade, marcou e arrumou com o jogo: na sequência de um bom trabalho na direita entre Pizzi e Seferovic, o suíço cruzou de pé direito e Everton, que começara a jogada, fez de cabeça o 2-0 (65′).

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