Ana Luísa viu pessoas a gritar “Socorro” porque não conseguiam sair de casa, num edifício vizinho ao que desabou no centro de Lisboa. José Cruz encontrou “pessoas soterradas com os braços de fora” a pedir ajuda e o carro de que é proprietário ficou completamente destruído. Foram momentos de pânico os que se viveram esta manhã, na Rua de Santa Marta, perto da Avenida da Liberdade, depois de uma explosão seguida de um desabamento ter provocado cinco feridos (um deles grave) e um desaparecido.

À equipa da Rádio Observador no local, a moradora que deu o alerta aos bombeiros relata que ouviu uma “explosão enorme”. Dirigiu-se da Rua Alexandre Herculano, onde reside, para a Rua de Santa Marta, onde ouviu “pessoas a gritar”, pedindo-lhe que chamasse os bombeiros.  Viu “senhores de pijama cheios de pó, a tentar saltar do prédio”. “Vejo outra senhora do prédio ao lado a gritar ‘Socorro, Socorro’. Vou chamar os Bombeiros e começo o ver a prédio a arder“, conta Ana Luísa, que saiu de casa com o filho por receio de que o incêndio se pudesse alastrar ao seu prédio.

“Há um casal que vivia no prédio ao lado, que teve logo de sair. Conseguiram-se vestir, mas têm a casa toda destruída. Dizem que a cama deles saltou para a rua”, relata.

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Uma outra testemunha, que trabalha na pastelaria Fórum, localizada ao lado do prédio que desabou, disse à Rádio Observador que viu parte do teto do estabelecimento a abater. Estava na fábrica da pastelaria quando tudo aconteceu. “Do lado direito vejo o teto todo a abater… Ouvi uma explosão e o teco a abater. Entretanto, olho para o lado do balcão, da parte da entrada da pastelaria, e vejo aquilo cheio de fumo e o teto com as luzes no chão, vidros estilhaçados”, conta.

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Quando saiu do estabelecimento, deparou com “pessoas soterradas com os braços de fora a pedir socorro“. Em conjunto com outros cidadãos tentou socorrê-las, mas sem sucesso. “Não conseguimos fazer nada, ligou-se para o 112 e estivemos à espera que chegassem os bombeiros”, aponta José Cruz.

Os danos terão chegado a outros edifícios. “O terceiro prédio também tinha brechas no quarto e as portas, com o impacto do estrondo, não abriam, as pessoas não conseguiam sair“, afirma.

António Domingues, dono da mesma pastelaria, refere que não sabe se o estabelecimento está em condições para funcionar.

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Maria José Figueiredo, moradora de um prédio nas traseiras do edifício desabado, adianta que ficou com as janelas dos quartos destruídas, assim como as portas e as fechaduras do quintal. Acrescenta que tem estilhaços de vidros em cima das camas. “Pensava que ia morrer (…). Pensei que fosse um terramoto, mas depois começámos a ver o fogo“. Os bombeiros arrombaram-lhe a porta com receio de que estivesse ferida. “Estávamos no quintal e não ouvimos baterem à porta. Entraram e começaram a gritar ‘Está aqui alguém? Está aqui alguém?”

Os estilhaços na casa de Maria José Figueiredo, nas traseiras do prédio que desabou

Já Dominga Pascoal, que mora num dos prédios contíguos, lembra o momento da explosão “muito forte”. “O prédio estremeceu todo, totalmente, partiu os vidros. Não tínhamos saída. A porta da minha casa é blindada, trancou-se de novo, não abria. Foram os bombeiros que tiveram de abrir”. Quando falou com o repórter da Rádio Observador no local, antes das 13h00, ainda não sabia onde ia pernoitar. “A minha casa toda rachou. Estou ao lado do quintal que caiu.”

Câmara de Lisboa assegura, falta encontrar apenas um dos nove moradores do edifício que ruiu esta manhã na rua de Santa Marta