Cabo Verde pretende escolher até 15 de janeiro do próximo ano a empresa vencedora do concurso público para construir o terminal de cruzeiros em São Vicente, disse esta segunda-feira 21 de dezembro, à Lusa o ministro da Economia Marítima, Paulo Veiga.

“Neste momento está a decorrer esta escolha, as empresas apresentarão as propostas até 29 de dezembro e pensamos até 15 de janeiro estar em condições de ter escolhido a empresa para que possa implementar o estaleiro e iniciar as obras”, disse o ministro.

Paulo Veiga falava à agência Lusa, durante uma visita a vários intervenientes do setor da pesca na cidade da Praia. O Ministério da Economia Marítima é o único que tem sede na ilha de São Vicente.

Nesse que será um dos maiores investimentos públicos recentes no arquipélago, o ministro reconheceu algum atraso, uma vez que o projeto deveria arrancar em 2019, mas não aconteceu devido a reclamações.

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Mas também, ainda segundo aquele político, pelo facto de o projeto ter uma parte que é financiamento e outra que é oferta da Holanda, e tem de passar pelo crivo da Orio, que é a instituição que controla tudo que é oferta da Holanda.

“Depois veio a pandemia, Cabo Verde ficou com as fronteiras fechadas, as cinco empresas que estavam escolhidas não conseguiram deslocar ao terreno para fazer a visita técnica e poder apresentar as propostas técnica e financeira concretas”, explicou Paulo Veiga.

O ministro disse que as cinco empresas pré-selecionadas estão a ultimar as suas propostas para apresentar a 29 de dezembro. “E o júri tem até ao dia 15 de janeiro para escolher a empresa e podermos finalmente iniciar com as obras do terminal de cruzeiros”,

Segundo uma nota da Enapor, empresa estatal que gere os portos do país, a primeira fase do concurso público para esta empreitada terminou em agosto do não passado com a pré-seleção de cinco grupos empreiteiros: Afcons Infrastructures (Índia), Conduril Engenharia (Portugal), consórcio Mota-Engil/Empreitel Figueiredo (Portugal/Cabo Verde), consórcio Sogea-Satom/Dumez Maroc (França/Marrocos) e Soletanche Bachy International (França).

Essas empresas selecionadas passaram para a segunda fase do concurso, que segundo a Enapor “consiste na entrega das propostas técnicas e financeiras para as obras de construção do terminal, “que serão executadas em regime de chave na mão”.

O terminal de cruzeiros a instalar em São Vicente prevê a construção de dois pontões para atracação de navios com mais de 400 metros de extensão e de uma vila turística, conforme o concurso público internacional.

O Governo estima que o terminal permita receber anualmente 200.000 turistas de cruzeiro.

A obra é cofinanciada pela Fundo Orio, dos Países Baixos, e pelo Fundo OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional.

“O Terminal de Cruzeiros do Mindelo terá um impacto enorme na economia de São Vicente e Santo Antão, assim como um efeito indutor na economia de Cabo Verde”, lê-se no edital do concurso.

Os trabalhos vão envolver a reivindicação de uma área de terra, denominada “Ponte Terrestre”, com 2.700 metros quadrados (m2), e a dragagem de aproximadamente 124.000 metros cúbicos na bacia portuária e no canal de acesso.

Entre outras características, o projeto prevê ainda a construção de um pontão de atracação de 400 metros de extensão com 11 metros de profundidade e outro de 450 metros com 9,5 metros de profundidade, além de um cais com uma largura de 12 metros, uma gare de passageiros, uma vila turística e uma zona imobiliária.

Prevê também a construção de um edifício de receção aos turistas com cerca de 900 m2, designado por “Visitor Welcome Sente”, e instalações com 6.150 m2 para estacionamento de táxis e autocarros de apoio.

Cerca de 48.500 turistas em viagens de cruzeiro visitaram Cabo Verde em 2019, um aumento de 3% face ao ano anterior e um novo recorde, segundo dados da Enapor.