Rui Rio alertou esta segunda-feira para os riscos que a avalanche de notícias sobre alegados maus tratos às mãos de agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) pode ter para a credibilidade daquela polícia.

Em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião com uma delegação do SEF, o líder social-democrata voltou a classificar o caso que resultou na morte de Ihor Homeniuk no aeroporto de Lisboa como “lamentável” e “muito grave”, mas defendeu que não era prudente fazer de um caso pontual um problema sistémico, correndo-se o risco de criar um clima de “desautorização” daquela polícia.

“Não podemos olhar para o SEF como aparentemente se está a tentar olhar porque isso gera uma situação que é muito grave”, sublinhou o líder social-democrata.

Depois da reunião, Rui Rio disse ainda ter tido acesso a relatos de falta de “condições para que o SEF possa levar avante um trabalho competente”, com registo de “falta de meios humanos e falta de instalações” condignas. O presidente do PSD assumiu ainda ter recebido dados que apontam para problemas no controlo das fronteiras. “Não há um controlo eficaz das fronteiras portuguesas”, disse.

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Tweet polémico: “Fui muito criticado e fui muito apoiado. São opiniões”

Rui Rio foi ainda confrontado com o tweet que escreveu na sexta-feira a propósito de uma sondagem SIC/Expresso, que apontava para a subida do PS nas intenções de voto. Em tom irónico, Rio escreveu que “mais uma morte no aeroporto e ‘a coisa’ vai à maioria absoluta”.

Rio criticado dentro e fora do PSD por tweet onde ironizou sobre morte de Ihor Homenyuk para desconsiderar sondagem

Aos jornalistas, Rio desvalorizou as críticas. “Fui muito criticado e fui muito apoiado. São opiniões”, disse. O líder social-democrata aproveitou, aliás, para criticar, mais uma vez, a sondagem SIC/Expresso, dizendo que aquele exercício era “um insulto” à “inteligência” dos portugueses. “Com tudo aquilo que tem acontecido o PS e o Governo continuam a subir. A ironia está aí.”

Passos? “Tem todo o direito a falar”

Desafiado a comentar as palavras de Pedro Passos Coelho, que na sexta-feira fez uma rara aparição pública onde teceu duras críticas ao Governo socialista, nomeadamente à gestão que António Costa tem feito do caso SEF, Rui Rio pôs-se ao lado do ex-primeiro-ministro: “Este Governo tem sempre tendência à fuga das responsabilidades”, defendeu o social-democrata.

Sobre se ficava ou não confortável com a intervenção recente de Passos Coelho, Rui Rio disse não ter qualquer tipo de estado de alma. “Não fico confortável, nem desconfortável. Tem todo o direito a falar”, rematou.

Passos Coelho critica Governo, da TAP a Ihor Homenyuk, apontando “superior dificuldade em admitir as falhas graves”