A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está disponível para alargar o seu apoio às comunidades portuguesas que passam dificuldades no estrangeiro, começando pela África do Sul, onde já apoiou quatro instituições e vai estender esta ajuda.

“Estamos a falar de comunidades portuguesas a viver em outros países e que passam por necessidades muito particulares, principalmente em países onde os sistemas de proteção não estão consolidados e não são suficientemente fortes”, explicou à agência Lusa o provedor da SCML, Edmundo Martinho, após a assinatura de um memorando com o Ministério dos Negócios Estrangeiros que decorreu esta terça-feira em Lisboa.

Este memorando visa instituir um mecanismo de cooperação institucional entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a SCML para apoiar a comunidade portuguesa na África do Sul, dando continuidade a um apoio monetário que abrangeu quatro instituições, uma de apoio a crianças com necessidades especiais e outras três dedicada aos idosos.

Cada uma destas quatro instituições recebeu 15.000 euros, valor aplicado sobretudo em obras.

A comunidade portuguesa na África do Sul é estimada em cerca de 450 mil pessoas.

A partir de janeiro, e em resultado do memorando assinado, este apoio irá ser alargado para uma vertente “mais importante, não pela dimensão, mas pelo que pode representar em termos de sustentabilidade e de futuro”, disse Edmundo Martinho.

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Trata-se de uma ajuda às nossas instituições que prestam apoio aos cidadãos nacionais e, em alguns casos, não nacionais que podemos apoiar através da formação, da troca de experiências, de contactos com experiências diferentes, quer cá [em Portugal], quer através da deslocação de técnicos nossos que possam ajudar as instituições a de alguma forma melhorar o seu trabalho”.

Edmundo Martinho reconheceu que, “com este grau de organização”, é a primeira vez que a SCML presta ajuda a instituições de apoio às comunidades portuguesas”.

É a primeira vez que fazemos e espero podermos fazer mais em outros ambientes e outras latitudes”.

Por seu lado, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, sublinhou a importância desta ajuda a comunidades como a que reside na África do Sul, com muitas pessoas de idade, muitas vezes sozinha – por viuvez ou porque os filhos emigraram para outros países.

Em declarações à Lusa, explicou que esta comunidade se organizou e criou respostas sociais, as quais albergam dezenas de portugueses.

Contudo, adiantou que os fundos recolhidos através de eventos ou beneméritos deixaram de chegar com a mesma frequência, o que se agravou durante a pandemia de Covid-19, pelo que as autoridades portuguesas nesses países transmitiram a necessidade de um apoio, ao qual a SCML respondeu numa primeira fase e no futuro através do memorando assinado.

“Este memorando tem como objetivo formalizar essa cooperação. O que está previsto é um apoio que pode ser não só monetário”, mas também através de ações de capacitação e no trabalho de uma gestão que garanta uma sustentabilidade. Pode ainda passar pelo apoio em medicamentos.