2020 não foi um ano extraordinário para quase ninguém. Ainda assim, Bruno Fernandes será das poucas pessoas do mundo que não tem grandes razões de queixa do ano que está agora a terminar. O médio português trocou o Sporting pelo Manchester United no final de janeiro, teve um impacto assinalável no único mês que teve disponível antes de tudo parar e afirmou-se como o elemento mais importante da equipa de Solskjaer tanto na retoma da Premier League como no início da atual temporada.

Talvez por isso, foi exatamente Bruno Fernandes o escolhido pelo Manchester United para dar uma entrevista aos meios do clube na penúltima semana do ano — e o internacional português não teve grandes pruridos em adiantar que ainda tem objetivos para cumprir até ao final da época. “Acho que, como já disse anteriormente, tudo se torna mais fácil quando jogas numa equipa como o Manchester United porque tens muitos jogadores bons à tua volta. Ajudam-te a ser melhor e estou aqui para os ajudar a serem melhores. Por isso, claro que os números são muito bons mas é agora que tenho de começar a melhorar. Vai passar a ser mais difícil daqui para a frente, de dia para dia, de jogo para jogo, porque os outros jogadores vão conhecer-me melhor (…) Quero terminar a Premier League esta época com mais golos e mais assistências do que jogos. Isso seria bom”, disse o jogador, que sublinhou ainda a vontade de conquistar títulos com os red devils.

“Acho que estes primeiros 11 meses têm sido ótimos. Claro que a coisa que mais quero, e que ainda não consegui até agora, são troféus. Isso é claro. Podemos mesmo atingi-lo em 2021 e penso que, no final de tudo, o que fizemos nos últimos 11 meses foi realmente bom. Estou muito feliz por estar aqui e por fazer parte deste grande clube”, acrescentou Bruno Fernandes. Ora esta quarta-feira, e depois de marcar mais dois golos no fim de semana ao Leeds, o médio português estava no onze inicial de um Manchester United que continuava uma caminhada rumo, precisamente, a um troféu. Em Goodison Park, a equipa de Solskjaer defrontava o Everton nos quartos de final da Taça da Liga inglesa e podia juntar-se a Manchester City, Brentford e Tottenham na fase seguinte.

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O treinador norueguês aproveitava o jogo da Taça para deixar descansar praticamente todos os habituais titulares (só sobravam Bruno e Harry Maguire) e lançava Cavani, Van de Beek, Tuanzebe e o guarda-redes Dean Henderson para a titularidade, sendo que o ex-FC Porto Alex Telles também começava de início e Martial, Rashford e Fred estavam no banco de suplentes. Do outro lado, André Gomes estava no onze de Carlo Ancelotti — que é o líder de um grupo do Everton que tem sido muito regular e que está no quarto lugar da Premier League –, onde também apareciam Doucouré, Sigurdsson, Richarlison e Calvert-Lewin, numa equipa com poucas poupanças. James Rodríguez, ainda lesionado, falhava o quarto jogo consecutivo.

Numa primeira parte que acabou sem golos, a verdade é que o nulo no marcador era muito lisonjeiro para o Everton. O Manchester United dominou de forma genérica até ao intervalo, tanto em posse de bola como em aproximações à baliza contrária: Cavani esteve perto do golo mais do que uma vez e do outro lado, junto do guarda-redes Dean Henderson, contou-se principalmente uma tentativa de Sigurdsson já ao passar dos 20 minutos iniciais. A equipa de Solskjaer estava a jogar mais e melhor — apesar de uma clara melhoria do Everton nos últimos instantes do primeiro tempo — mas foi para o balneário ainda sem vantagem, fruto da pouca eficácia que revelou no último terço adversário.

Na segunda parte, a dinâmica manteve-se e o interesse caiu ainda mais. As duas equipas entraram sem grande velocidade nem intensidade e o relógio arrastou-se sem oportunidades, lances de perigo ou grandes picos de entusiasmo. Carlo Ancelotti lançou Ben Davies e Bernard, Solskjaer respondeu com Martial e Rashford mas pouco ou nada mudou. Um encontro que prometeu muito e que tinha todos os ingredientes para ser o melhor dos quatro que compuseram os quartos de final da Taça da Liga revelava-se aborrecido e praticamente sem eventos para relatar, longe do melhor que tanto Everton como Manchester United já mostraram que conseguem fazer.

O golo, por fim, chegou já perto do apito final. Cavani — que até deveria ter sido expulso num lance em que agrediu Yerry Mina — recebeu de Martial e atirou cruzado de fora de área, de pé esquerdo, sem dar qualquer hipótese a Olsen (88′). No último minuto de descontos, o mesmo Martial ainda aumentou a vantagem com assistência de Rashford (90+6′) e fechou as contas. Mas no fim, foi o remate de Cavani que garantiu a vitória do Manchester United, que derrotou o Everton e que pôs a equipa de Solskjaer nas meias-finais da Taça da Liga. E mais do que isso, o remate do uruguaio evitou um prolongamento de um jogo pobre que seria nada mais do que meia-hora de praticamente nada.