O presidente do PSD alertou esta quarta-feira que o processo de reestruturação da TAP pode ser um “presente envenenado” se só produzir efeitos nos próximos quatro anos, voltando depois tudo à “estaca zero”.

“Não sei se é verdade, mas está a preocupar-me e isso tem de ser esclarecido. Eu ouvi, e espero que não seja verdade, que a restruturação [designadamente ao nível de custos e em particular na despesa com pessoal] é para os primeiros quatros anos e que no quinto ano volta tudo à estaca zero. Se assim for, é um presente envenenado”, disse.

O social-democrata, que falava aos jornalistas à margem de um encontro no Porto com a Federação Nacional de Educação, afirmou que, uma vez que “não mostra o plano” de reestruturação da TAP, cabe ao Governo esclarecer se “é verdade ou mentira” que quem estiver no executivo ou na administração da companhia aérea volta a ter, no quinto ano, “os custos todos”.

Se é verdade, é gravíssimo, porque estamos a preanunciar que teremos de meter mais dinheiro”.

Lamentando desconhecer o plano de reestruturação da TAP, além daquilo que foi dito pelo ministro das Infraestruturas, Rio disse esperar que este processo defina que não haverá mais injeções de capital, além dos cerca de três mil milhões previstos, e converta a companhia aérea numa empresa viável e cumpridora do serviço público.

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Se é o Estado que lá está, tem de cumprir o serviço público e o serviço público é para fazer de Valença a Vila Real de Santo António, passando pelas regiões autónomas. Não é para centrar tudo num único e exclusivo aeroporto que neste caso é o de Lisboa”.

E acrescentou: “Se for para concentrar tudo em Lisboa, ou tudo em Faro, ou tudo no Porto, isso é uma iniciativa privada. Se são os portugueses que pagam a TAP, e têm de parar de pagar, então, pelo menos, a TAP tem de fazer serviço público e isso é servir as regiões todas do país”.

O plano de reestruturação da TAP, entregue em Bruxelas este mês, prevê a suspensão dos acordos de empresa, medida sem a qual, segundo o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, não seria possível levar por diante o processo.

O documento prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas.

O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo (30% no caso dos órgãos sociais) e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões comerciais.