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E tu Tiago, ainda te lembras como estavas em março? (a crónica do Belenenses SAD-Sporting)

Este artigo tem mais de 3 anos

Inspiração voltou a faltar, atitude foi inegociável e Sporting garantiu liderança em 2020 após vitória com o Belenenses SAD marcada por um grande Adán e um Tiago Tomás cada vez mais evoluído (1-2).

Tiago Tomás marcou a abrir, tornou-se o segundo melhor marcador do Sporting esta época e ganhou o penálti transformado por João Mário
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Tiago Tomás marcou a abrir, tornou-se o segundo melhor marcador do Sporting esta época e ganhou o penálti transformado por João Mário

Getty Images

Tiago Tomás marcou a abrir, tornou-se o segundo melhor marcador do Sporting esta época e ganhou o penálti transformado por João Mário

Getty Images

Quase duas décadas depois, o Sporting passou o Natal na liderança do Campeonato. Um facto que, por si só, vale pouco ou nada, um facto que os próprios responsáveis fizeram questão de desvalorizar. Ainda assim, um facto. E foi isso mesmo que se percebeu nas palavras de Frederico Varandas ao Record, numa reportagem feita na noite de 22 de dezembro em que o presidente leonino, tal como Hugo Viana e Rúben Amorim, se associou à Comunidade Vida e Paz para ajudar quem mais precisa nas ruas de Lisboa. “São essas piadas com o Natal que nos dão cada vez mais força. Esse é um daqueles estigmas que vai acabar. E só acaba ao mostrarmos resultados”, destacou. Por muito que não se ligue, todos conhecem e tentam transformar num fator motivacional. Com sucesso.

Sporting vence Belenenses SAD no Jamor por 2-1 e termina ano civil de 2020 na liderança da Liga

Se a vida do número 1 verde e branco sofreu uma mudança atípica em 2020, acumulando a liderança do clube em Alvalade com o Centro Militar de Apoio Covid-19 ao longo dos dois períodos de estado de emergência, também a vida do Sporting virou. Neste caso, para melhor. Em campo e fora dele, bastando para isso recordar aquele que foi o último encontro em casa com público nas bancadas: houve mais uma manifestação nos arredores do estádio de novo com participação de cerca de 3.000 adeptos (desta vez sem registo de incidentes, ao contrário da primeira), um aspeto desolador no interior do estádio, uma vitória por 2-0 frente ao último classificado Desp. Aves que aos 20 minutos já jogava com apenas nove. Tudo na estreia de Rúben Amorim. Estávamos em março, ainda no início, e termos como pandemia, coronavírus ou etiqueta respiratória era apenas matéria de Harrison. Nove meses depois, e no meio de tantos case studies, este é mais um. Com alguns pontos quase paradoxais.

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Apesar de não haver público nas bancadas, apesar de os resultados estarem agora a ajudar, o diferendo cada vez mais aberto entre Direção e claques (ou duas das claques) manteve-se. Houve tarjas na rotunda do Pavilhão, houve mais cartas para abandono das instalações, houve até um desabafo do líder da Juventude Leonina, Nuno Mendes (Mustafá), dizendo que a revolta no seio do Grupo Organizado de Adeptos perante tal tratamento era crescente. Mas, ao mesmo tempo, houve elogios por parte dos responsáveis ao apoio demonstrado pelos adeptos nas últimas chegadas da equipa aos estádios e houve uma presença massiva de elementos dessas claques para dar mais alento aos jogadores antes dos seus compromissos. No Jamor, o filme repetiu-se. E se a relação continua a não existir, o ano de 2020 devolveu o bom senso para compreender que existem bem maiores que estão acima de tudo.

Foi também com essa perspetiva que Rúben Amorim construiu uma nova equipa base, com apenas dois elementos em relação ao onze que ganhou ao Desp. Aves na sua estreia: Coates, que continua a ser capitão, e Sporar, que nem sempre é titular. Quando se olha para a atual formação verde e branca, provavelmente à exceção de João Mário, as individualidades aparecem pela força do coletivo e não para disfarçar as fraquezas do coletivo. E é assim que nomes como Pedro Gonçalves, Nuno Santos, João Palhinha ou Pedro Porro estão em destaque nesta primeira metade da temporada, onde o Sporting saiu de forma precoce da Europa mas não sofreu ainda nenhuma derrota: oito triunfos e dois empates no Campeonato, duas vitórias na Taça de Portugal, um triunfo na Taça da Liga.

“Natal na frente? Sabemos dessa brincadeira mas foi uma semana normal, com uma folga mais tardia. Tem sido um ano tão atípico mas que nada muda os nossos pensamentos. Com o Farense não fizemos o nosso melhor jogo mas foi o suficiente. O Belenenses SAD tem tantos golos sofridos como nós [sete] e jogamos em sistemas parecidos. Vamos entrar no jogo da mesma maneira de sempre, para ganhar e fazer o máximo. O que os sportinguistas esperam é isso, que a equipa venha a ter o mesmo comportamento, a dar o máximo. A comunicação é boa quando se ganha, se não se ganha arranja-se sempre qualquer coisa na comunicação dos treinadores. Posso prometer que vamos dar o máximo e tentar vencer todos os jogos. O Farense foi uma prova disso, de que todos os jogos são difíceis”, destacou o técnico, que voltava ao banco após três jogos fora pela suspensão de 15 dias.

E se o encontro com o Farense foi difícil, este no Jamor frente ao Belenenses SAD trouxe ainda mais dificuldades pela capacidade que os azuis tiveram em criar oportunidades e perigo junto da baliza de Adán, que fez o melhor jogo da temporada incluindo uma grande penalidade defendida. Amorim dizia que “a inspiração pode faltar mas a atitude é inegociável” e essa frase na antevisão acabou por resumir da melhor forma a exibição dos leões no último jogo do ano civil. No entanto, e mais uma vez, a equipa não falhou. Venceu. Fez 29 pontos em 33 nas 11 primeiras jornadas. E ganhou em paralelo mais um bocado de jogador, Tiago Tomás, o avançado que faz o que a equipa precisa e que acudiu uma equipa necessitada quando ela mais precisou. Mais evoluído, mais inteligente a ler o jogo, mais capaz de dar a profundidade que resgatou a exibição leonina na primeira parte. Um Tiago Tomás ainda com idade de formação que, em março, tinha descido aos juniores para fazer a fase final do Campeonato depois de ter começado a época nos Sub-23. Agora, está nos seniores. Como titular. E a brilhar. Assim foi 2020.

Ficha de jogo

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Belenenses SAD-Sporting, 1-2

11.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Nacional, em Lisboa

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Belenenses SAD: Kritciuk; Diogo Calila, Tiago Esgaio, Danny Henriques, Tomás Ribeiro, Rúben Lima; Yaya Sithole (Bruno Ramires, 80′), Afonso Taira (Cauê, 86′), Afonso Sousa (Edi Semedo, 80′); Miguel Cardoso (Cassierra, 86′) e Silvestre Varela (Francisco Teixeira, 72′)

Suplentes não utilizados: Guilherme, Gonçalo Silva, Robinho e Richard Rodrigues

Treinador: Petit

Sporting: Adán; Neto, Coates, Gonçalo Inácio; Pedro Porro, João Palhinha (Matheus Nunes, 78′), João Mário, Nuno Mendes (Antunes, 78′); Bruno Tabata, Pedro Gonçalves (Nuno Santos, 68′) e Tiago Tomás (Sporar, 83′)

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Eduardo Quaresma, Borja, Daniel Bragança e Gonzalo Plata

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Tiago Tomás (5′), Miguel Cardoso (14′) e João Mário (24′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Adán (17′), Tiago Esgaio (24′), Miguel Cardoso (45+1′), Gonçalo Inácio (63′), Tomás Ribeiro (75′ e 78′) e Neto (82′); cartão vermelho por acumulação a Tomás Ribeiro (78′)

Com Gonçalo Inácio a ocupar o lugar do lesionado Feddal e Bruno Tabata a surgir como grande novidade no onze no lugar de Nuno Santos (passando Pedro Gonçalves para a esquerda), o Sporting ainda viu o Belenenses SAD ter uma primeira saída interessante a explorar a profundidade mas conseguiu inaugurar cedo o marcador no primeiro remate à baliza e numa grande jogada de Bruno Tabata, a ganhar vários metros numa cavalgada pela direita antes de cruzar rasteiro e Tiago Tomás mostrar toda a sua técnica individual, recebendo de pé direito e atirando de pé esquerdo na rotação para o 1-0 (5′). Aquilo que parecia ser mais difícil estava feito mas o que parecia mais fácil tornou-se um pesadelo num autêntico início de loucos: aproveitando um espaço entre linhas no corredor central, Miguel Cardoso recebeu de Silvestre Varela, arriscou o remate, a bola bateu em Gonçalo Inácio e traiu Adán (14′) antes de uma grande penalidade cometida e defendida pelo espanhol sobre o mesmo Miguel Cardoso (19′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Belenenses SAD-Sporting em vídeo]

Poucos minutos depois, e dando continuidade a um jogo acima da média na Primeira Liga, os papéis inverteram-se e foi Tiago Tomás a ser lançado em profundidade por João Mário antes de ser carregado na área por Tiago Esgaio. Diferença? João Mário, ao contrário de Miguel Cardoso, não desperdiçou e o Sporting voltava a uma posição de vantagem que, ao contrário do que acontecera até este momento, não foi suficiente para estabilizar a equipa. Pelo contrário: se é verdade que Tiago Tomás aproveitou um erro crasso de Kritciuk para ficar muito perto do golo só evitado com um corte de carrinho de Tomás Ribeiro (37′) e que Nuno Mendes teve um remate de pé direito com perigo, foi o Belenenses SAD a estar melhor, a ter mais oportunidades e a deixar mesmo a pergunta de como era possível ter entrado nesta jornada como pior ataque. Segredo? Explorar os espaços entre linhas à frente da defesa, insistir nas zonas entre laterais e centrais e fazer variações rápidas de jogo, ingredientes que deram oportunidade a Miguel Cardoso, Afonso Sousa e Calila de empatar o encontro ainda antes do intervalo.

No segundo tempo, e apesar das claras instruções de Rúben Amorim no balneário para haver um outro tipo de controlo do jogo que não houve na primeira parte, Silvestre Varela começou por deixar uma ameaça logo aos 30 segundos com uma defesa complicada para Adán num remate de meia distância e Afonso Sousa tentou também um tiro fora da área após mais um bom trabalho individual para nova defesa do espanhol. No entanto, e durante uma fase, o Sporting mudou. Perdeu ataque à profundidade e exploração dos movimentos de Tiago Tomás, ganhou capacidade de gerir em posse e qualidade de circulação. A inspiração individual nunca foi muita como acontecera com o Farense, sobrava vontade de tentar fazer em termos coletivos o que de outra forma não saía. Mas ainda foi preciso sofrer, também porque o Belenenses SAD souber ler bem também o desenrolar do encontro.

Percebendo as dificuldades de Nuno Mendes (também físicas, o que obrigaria à entrada de Antunes) e também os problemas coletivos para defender naquele lado onde Gonçalo Inácio fazia a estreia, os azuis insistiram no jogo ofensivo pela direita e foram ganhando de forma sucessiva vantagem com os cruzamentos a não encontrarem depois a finalização que se pedia. Depois, também por questões de desgaste, Petit foi mexendo na equipa e as saídas de Silvestre Varela, Miguel Cardoso e Afonso Sousa fizeram com que o Belenenses SAD caísse a pique no rendimento, permitindo uma melhor gestão do Sporting ainda antes de ter passado a jogar com mais um devido à expulsão de Tomás Ribeiro com dois amarelos em três minutos. Edi Semedo ainda empatou mas o lance foi bem invalidado por posição irregular e os leões seguraram um triunfo que vale a liderança no ano civil de 2020.

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