As próximas eleições presidenciais são atípicas porque são três eleições dentro de uma, defendeu Luís Marques Mendes. No habitual espaço na SIC, o comentador considerou que André Ventura joga muito nestas eleições e quanto melhor for o seu resultado, maior o dano para o PSD. Por isso, Marques Mendes é de opinião que só o debate entre estes dois candidatos é que pode ter algum impacto nas intenções de voto, porque disputam o segundo lugar.

A primeira eleição é para escolher o futuro presidente e o único verdadeiro candidato é para Marques Mendes , Marcelo Rebelo de Sousa. A segunda eleição será para perceber qual dos três candidatos à esquerda fica mais bem colocado, Ana Gomes, Marisa Matias ou João Ferreira. Mas esta é mais uma questão para bolha jornalística e política. A terceira escolha é saber quem vai ficar em segundo lugar. E esta questão não é tão importante para Ana Gomes, para quem o segundo lugar seria uma vantagem simbólica, como para o líder do Chega.

André Ventura tem um partido e joga muita coisa nesta eleição. Ele quer fazer um ensaio para as próximas legislativas e vai tentar crescer o mais possível, retirando votos ao PSD. Quanto mais votos André Ventura tiver, é o PSD que tem um estrago ou um dano. Se as pessoas que normalmente votam no PSD se fidelizam no Chega, a situação do PSD é mais complicada. E isso já se vê nas sondagens, acrescenta.

Luís Marques Mendes assinalou ainda o primeiro dia de vacinação contra a Covid-19, destacando que a adesão com entusiasmo dos profissionais de saúde é o “maior sinal de segurança”e “um exemplo importante de confiança”. Mas alerta que preciso moderar as expectativas porque ainda não assegurámos todas as vacinas que precisamos, nem para as primeiras fases de vacinação.

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“Há uma incerteza no horizonte. Não sabemos quando teremos a totalidade das vacinas. Confiança sim, euforia não”, aconselhou o comentador. Portugal tem 22 milhões de doses, mas algumas das vacinas ainda não foram aprovadas. As duas últimas previstas, da Janssen e da Sanofi, estão atrasadas.

“No curto prazo só temos disponíveis 6,3 milhões de vacinas” e é preciso vacinar 3,65 milhões de pessoas nas primeiras e duas fases. As vacinas autorizadas dão para 3,15 milhões pessoas, o que representa 86% das vacinações previstas na primeira e segunda fase. Para concluir as primeiras duas fases, Portugal precisa da vacina da Astra Zeneca/Oxford ou do reforço das doses de outras farmacêuticas que já tem autorização.

Luís Marques Mendes comentou ainda os resultados das projeções mais recentes para os partidos e que apontam, em média, para 37,8% para o PS e 25,6% para o PSD. Para já, a pandemia tem beneficiado o poder, quer em Portugal, quer na Europa. Mas falta saber como será quando o impacto chegar ao domínio económico e social.

Com estes dados o comentador tira duas conclusões: se houvesse uma crise política — por causa do Orçamento de Estado — , ficava tudo na mesma. O PS voltava a ganhar, mas não tinha maioria absoluta, o PSD não conseguia ganhar. Ou seja, ao fim de 5 anos de oposição, os partidos à direita do PS, não conseguem ainda criar uma alternativa

“O dado curioso e mais preocupante em termos democráticos — porque a democracia precisa de uma alternativa — é este: todos os partidos à direita somados não ultrapassam os 36%, que é o valor da PAF de Passos Coelho e de Portas há uns anos”. E assinala que não se consegue formar um Governo que não seja com 44-45% dos votos.