Apesar do dramatismo que a situação representou para o mundo inteiro, a verdade é que o isolamento decretado em março para evitar a propagação da pandemia de Covid-19 constituiu uma verdadeira lufada de ar fresco em termos ambientais. Em Portugal, isso ficou bem patente, tendo a melhoria da qualidade do ar sido registada em diversas cidades de norte a sul do país. De acordo com dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), só em Lisboa, a concentração de dióxido de azoto (um poluente emitido sobretudo pelos transportes rodoviários) na atmosfera diminuiu 79% durante o primeiro estado de emergência e a mesma tendência decrescente verificou-se noutras cidades, nomeadamente em Coimbra, onde diminuiu 66%, no Porto (62%) e Guimarães (60%). Tudo isto, segundo aquela entidade, devido ao confinamento que implicou a grande diminuição do número de deslocações, com recurso maciço ao teletrabalho e às aulas online.

Claro que este foi um fenómeno observado um pouco por todo o planeta, com algumas imagens até a tornarem-se virais, como foi o caso das relativas aos canais de Veneza, que ao fim de duas semanas de confinamento, ficaram mais límpidos devido à redução das emissões poluentes. Num relatório publicado recentemente, a Agência Europeia do Ambiente (AEA) confirma que se observaram reduções de até 60% em determinados poluentes atmosféricos em vários países europeus que implementaram medidas de confinamento na primavera deste ano. Ou seja, ficou provado na prática o que investigadores e ambientalistas sabiam em teoria, mas que agora – devido a esta situação atípica – se revelou na plenitude: é possível ajudar o planeta a respirar melhor e está nas mãos de todos contribuir para esse desígnio maior.

Mas nem tudo são rosas

Agora, alguns meses passados desde que a medida drástica do isolamento teve de ser posta em prática, muitas são as análises que têm vindo a ser publicadas e em todas há uma conclusão que parece consensual: sim, os indicadores ambientais melhoraram na generalidade com a redução da atividade industrial e das deslocações em todo o globo, mas há questões que têm de ser ponderadas. Desde logo, entidades como o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), admitem os benefícios ambientais registados, mas acreditam que estes serão temporários, com a grande probabilidade de tudo voltar ao que era antes, se nada for feito para alterar o sistema vigente.

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Tal é também observado pela AEA, que aponta ainda o facto de a pandemia ter trazido consigo mudanças significativas na produção e consumo de embalagens. Com efeito, em consequência do aumento repentino do uso de equipamentos de proteção individual, como as máscaras e luvas, e ainda o recurso a uma quantidade infindável de embalagens de desinfetante, toalhetes, entre outros, a que se juntam as embalagens usadas nas compras online e ainda para as refeições destinadas a consumo no domicílio, o caminho da sustentabilidade ambiental poderá ter dado um passo atrás. Da mesma maneira, diversos especialistas acreditam que a poluição industrial poderá voltar aos níveis anteriores à pandemia e até possam aumentar, com o objetivo de se recuperarem as perdas sofridas ao longo do ano.

Proteger o ambiente para evitar outras pandemias

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Muitas são as aprendizagens que a Covid-19 veio proporcionar ao mundo e uma das mais relevantes prende-se com a necessidade de cuidar do ambiente para evitar esta e outras pandemias no futuro. Segundo um relatório do PNUA, as doenças infeciosas de larga escala podem tornar-se cada vez mais frequentes devido às alterações climáticas, destruição de habitats, perda de biodiversidade e até devido à expansão da agricultura intensiva. Vírus como o Ébola, SARS, Zika, gripe das aves e agora o SARS-CoV-2 chegaram todos ao homem através de animais, razão por que o ambiente deve ser considerado na abordagem a este problema de saúde pública, defendem os especialistas.

Contribuir para uma recuperação verde

Importa, pois, tomar medidas que assegurem uma recuperação sem pôr em causa a sustentabilidade ambiental. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), fatores como a melhoria da qualidade do ar, água mais saudável, gestão efetiva de resíduos e uma melhor proteção da biodiversidade não só reduzem a vulnerabilidade de todos nós a pandemias e estimulam a resiliência como têm o potencial de impulsionar a atividade económica, gerar receitas, criar empregos e reduzir desigualdades.

O caminho para essa recuperação verde, como lhe chama aquele organismo, passa por, entre outras medidas, acelerar a transição para uma economia de baixas emissões poluentes. Tal é igualmente defendido pela Organização Mundial da Saúde e constituía já o foco do Acordo de Paris, em vigor desde novembro de 2016, que tem como objetivo alcançar a descarbonização das economias mundiais e limitar o aumento da temperatura média global.

Ilustração: Hugo Haga

SEAT comprometida com o meio ambiente

É exatamente aqui, neste nível de compromisso com o futuro do planeta, que a SEAT tem vindo a posicionar-se nos últimos anos, muito antes de a pandemia de Covid-19 nos ter atingido. Move to ZERØ é como o construtor espanhol designa a sua missão em matéria de sustentabilidade e que visa a redução progressiva do impacto ambiental da atividade que desenvolve, em conformidade com o estabelecido no Acordo de Paris. Só em 2019, o fabricante de automóveis conseguiu reduzir os seus cinco principais indicadores ambientais em 43%, os quais incluem o consumo de energia e água, a produção de resíduos, os compostos orgânicos voláteis e o dióxido de carbono (CO2) da produção.

No ano passado, a empresa investiu 27 milhões de euros em iniciativas ambientais, continuando a dar passos importantes para alcançar os objetivos estabelecidos para 2025, ou seja, reduzir a pegada ambiental resultante da produção em 50% face a 2010.

A SEAT tem vindo a investir na mobilidade elétrica, mas o seu empenho na questão ambiental é mais amplo. Na última década, a empresa reduziu o consumo de energia e água em 26% e 32%, respetivamente, melhorou a gestão de resíduos em 58% e reduziu as emissões de compostos orgânicos voláteis em 23%. Além disso, reduziu em 65% as emissões de CO2 resultantes da produção. Tudo isto traduz-se numa diminuição de 43% da sua pegada ao longo dos últimos dez anos.

Como é que a SEAT reduz a sua pegada ambiental?

São muitas as iniciativas que a SEAT leva a cabo para atingir o seu propósito. Desde logo, foram adotadas estratégias ao longo de todo o ciclo de produção, com vista à minimização da geração de resíduos e sua valorização. Desta forma, conseguiu reduzir dois quilos de resíduos gerados por cada veículo produzido, o que contribuiu para uma diminuição de 38,5% de resíduos produzidos em 2019 (menos 58% desde 2010). De destacar ainda medidas como a distribuição de garrafas reutilizáveis aos colaboradores, o que ajudou a eliminar 22 toneladas de plástico por ano.

Por outro lado, foi levada a cabo a recuperação energética dos fornos de pintura, o que permitiu uma poupança anual de 11,7 GWh no consumo de gás natural. Nas contas da empresa, este valor corresponde às necessidades anuais de cerca de 2 400 famílias espanholas e permite igualmente reduzir as emissões anuais de CO2 em 2 400 toneladas.

Ecomotive Factory para melhor cuidar do planeta

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Em 2010, a SEAT lançou o plano Ecomotive Factory com o objetivo de minimizar o impacto ambiental da fábrica SEAT localizada em Martorell, Espanha. A iniciativa insere-se na missão que a empresa persegue em termos ambientais – Move to ZERØ – e cuja ambição é “minimizar o impacto ambiental de todos os produtos e soluções de mobilidade ao longo do seu ciclo de vida, desde a aquisição de matérias-primas e produção até ao fim da sua vida útil”, segundo a companhia.

Também a oficina de pintura dos veículos foi alvo de uma transformação, tendo sido implementadas várias iniciativas de poupança, incluindo a reutilização da água usada para pintar os veículos. Como forma de contribuírem para a manutenção da biodiversidade, os colaboradores da empresa plantaram ainda árvores no delta do Llobregat, localizado nas imediações de Barcelona, Espanha, próximo de duas das unidades de produção da SEAT.