Primeiro foi uma lesão muscular com alguma gravidade, depois uma trombose venosa. Em 20 jogos realizados pelo Atl. Madrid na presente temporada, Diego Costa só tinha participado em sete com dois golos apontados, o último no regresso em casa frente ao Elche. Ainda assim, foi como uma “bomba” que caiu a notícia: alegando motivos de ordem familiar, o avançado pediu para rescindir o vínculo de seis meses que tinha ainda com o clube para poder sair e procurar já um novo futuro. Ou seja, Simeone ficaria reduzido a apenas Luis Suárez e João Félix como opções para a frente de ataque, com outras unidades como Correa ou Ferreira Carrasco que podem fazer a posição ou os pouco utilizados Saponjic e Camello. E assim ficaria, até ser encontrada uma solução no mercado.

Um Atlético muy Hermoso que venceu a Real Sociedad e já é líder isolado (mesmo sem João Félix)

“A vida bate-me mas levanto-me sempre porque tenho uma família, uma base. Os meus colegas, fisioterapeutas e médicos estão ao meu lado. Quando não estou, procuro contribuir ao máximo. Não está a ser fácil, desde que regressei ao clube acontece sempre alguma coisa comigo, mas levanto-me sempre”, comentara o internacional espanhol a propósito dessa onda de lesões que o assolou e que precipitou a saída do Wanda Metropolitano. E se no plano defensivo os colchoneros estão a funcionar como nunca, partindo para a 16.ª jornada com apenas cinco golos sofridos (o Sevilha, segunda melhor defesa da Liga, tem o dobro dos golos consentidos), era no setor ofensivo que se centravam as atenções mesmo tendo o terceiro melhor ataque da prova só atrás de Real e Barcelona. Mais concretamente, na dupla Luis Suárez e João Félix, os dois melhores marcadores da equipa esta época.

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Se o uruguaio voltou a ser decisivo depois dos dois golos no triunfo diante do Elche, o último em casa após a derrota no dérbi de Madrid, o português não marcava desde 7 de novembro, tendo falhado por questões físicas o derradeiro encontro frente à Real Sociedad. E esse triunfo no País Basco acabou por ser um espelho de como Diego Simeone tem montado a equipa esta temporada: todos os jogadores são chamados a marcar, sejam os defesas nas bolas paradas, os médios de corredor central ou os alas com mais chegada à baliza. Ainda assim, nem sempre isso é suficiente, como se viu nos empates no início da temporada. À parte dos três pontos que mantivessem a equipa de forma segura na liderança do Campeonato, era esse o desafio num jogo especial para o argentino.

Diego Simeone orientou o primeiro treino no Atl. Madrid fez esta terça-feira nove anos, com mais de 4.000 adeptos a saudarem El Cholo, um prometido para resgatar a alma da equipa. Que conseguiu, furando por mais do que uma ocasião a lei dos mais fortes na teoria: sagrou-se campeão em 2014, ganhou a Taça do Rei (2013) e a Supertaça de Espanha (2014), foi a duas finais da Champions perdidas com o Real no prolongamento e nas grandes penalidades (2014 e 2016), ganhou duas Ligas Europa e outras tantas Supertaças Europeias. Este noite, cumpria o 500.º jogo no banco dos colchoneros, depois de ter chegado à vitória 300 com a Real Sociedad, apenas atrás do histórico Luis Aragonés (611 jogos, 307 triunfos). Ganhou pela margem mínima ao Getafe e com o setor ofensivo em serviços mínimos mas o dia acabou por ser mesmo marcado pela despedida de Diego Costa, sobretudo alguns dos últimos capítulos que faltavam em toda a história e que foram revelados no programa El Transistor, da Onda Cero: o comportamento no balneário mudou, não quis sair antes porque pedia o ordenado na íntegra, quase andou à pancada com o adjunto de Simeone, Nelson Vivas, após a chegada de San Sebastián e… deixou de treinar.

O Atl. Madrid voltou a ter uma entrada dominadora, montou o cerco à baliza do Getafe, raramente deixou a equipa adversária sair com bola controlada para o seu meio-campo e criou alguns bons lances ofensivos nos 20 minutos iniciais, que chegaram com o golo de cabeça de Luis Suárez após livre marcado por Carrasco. Antes, o uruguaio tinha atirado por cima num lance iniciado por João Félix (3′), Carrasco tentara a meia distância para defesa segura de Yáñez (6′) e Lemar acertou com estrondo no poste num remate na área descaído na esquerda após novo passe de Carrasco (14′). Depois, os visitados baixaram a intensidade no jogo, deixaram de condicionar tanto a saída de bola, desceram linhas e quase se colocaram a jeito do empate, que não chegou antes do intervalo porque Ángel atirou de cabeça fraco para Oblak (33′) e Etxeita não acertou na baliza com o guardião esloveno batido (36′).

No segundo tempo, com João Félix a ser substituído aos 65′ por Correa após um dos jogos mais apagados esta época, o Atl. Madrid continuou sem ter aproximações de grande perigo à baliza do Getafe mas também o conjunto, mais subido no campo, encontrou sempre uma muralha intransponível pela frente ainda mais densa depois da entrada de Giménez para o lugar de Suárez a dez minutos do final. Com mais um triunfo pela margem mínima (e em serviços mínimos), os colchoneros mantiveram liderança, vão para o ano de 2021 no primeiro lugar e voltaram a aumentar a distância para o Barcelona. Agora sem Diego, com Suárez e à espera que Félix apareça.