O Presidente são-tomense reconheceu esta quinta-feira que o ano de 2020 “foi duro”, sublinhando a pandemia de covid-19 como acontecimento “mais crítico na história de São Tomé e Príncipe, desde de 12 de julho de 1975”.

“A pandemia de covid-19 foi o acontecimento mais crítico na história de São Tomé e Príncipe, desde de 12 de julho de 1975. Marcou o ano, a saúde e a economia, de forma severa”, disse Evaristo Carvalho hoje em mensagem do fim do ano à nação.

“A longo de 45 anos como país independente, conhecemos momentos particularmente difíceis”, lembrou Evaristo Carvalho.

Referiu-se, à propósito, a peste suína africana que, “nos finais dos anos 70, dizimou o efetivo porcino”, a “grande seca de 1983 de que resultou em graves carências alimentares” e a várias epidemias de cólera, entre as quais “a de meados dos anos 80 que ceifou varia vidas”.

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O chefe de Estado referiu igualmente aos surtos epidémicos de paludismo, de “elevada morbilidade e mortalidade e outras catástrofes, como os vários naufrágios de navios”.

Em mensagem de 12 páginas, quase toda ela virada para a covid-19, Evaristo Carvalho lembrou que por causa da doença as autoridades foram “forçadas a adotar medidas drásticas” como encerramento, por longo período, dos estabelecimentos de ensino, igrejas, unidades hoteleiras, restaurantes e bares, discotecas e outros centros de diversão, incluindo a administração pública e o comércio de bens não essenciais.

“A economia ficou paralisada”, acrescentou o Presidente da República, recordando que a pandemia levou para o desemprego “um número considerável de cidadãos” e outro “numero considerável de empresas de micro empresas foram duramente atingidas”.

“Produtores de cacau tiveram sérias dificuldades na comercialização dos seus produtos, a frágil economia das vendedeiras e dos trabalhadores informais em geral foi severamente abalada”.

Evaristo Carvalho enaltece as ajudas internacionais que “permitiram ao governo adotar medidas de apoio a empresas e familiares”, considerando, entretanto que “perante a magnitude dos prejuízos, tais medidas foram obviamente insuficientes”.

“2020 foi, portanto, um ano de grandes desafios, um ano muito difícil para todos. Mas não concordo com a ideia de que 2020 foi um ano para esquecer. Foi um ano duro, é certo, mas um ano de ensinamentos e de descobertas”, defendeu o chefe do Estado.

“Um ano de ensinamentos porque o impacto da pandemia na economia mostrou-nos que devemos apostar fortemente na diversificação de fontes de receitas e na conversão progressiva da economia informal numa economia moderna e organizada”, disse.

“Um ano de descoberta porque o isolamento do país, imposto pela pandemia mostrou-nos com acuidade que as nossas estruturas sanitárias são muito frágeis”, acrescentou o presidente são-tomense.

Evaristo carvalho congratulou-se com o que considera de “mobilização social de envergadura” para fazer face ao novo coronavírus e que o país vai precisar também para “resgatar a economia e relançar o desenvolvimento”.

“Há que manter a mobilização tanto das diversas camadas sociais da população, como dos nossos parceiros internacionais, para conseguirmos angariar os recursos necessários à reconstrução da nossa economia, o principal dos quais é o envolvimento responsável de todos nós”, defendeu na mensagem a nação por ocasião do fim do ano.

O governante exprimiu “profundo reconhecimento” ao Brasil, Cuba, Gabão, Gana, Guiné Equatorial, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, Nações Unidas, União Europeia e ao empresário chines Jack Ma e a sua fundação Ali Babá.

“Se o ano que ora termina foi um ano de luta, 2021 não será um ano de descanso. Muitos desafios temos pela frente”, lembrou Evaristo Carvalho para quem “as diferentes medidas de prevenção contra a Covid-19, incluindo a vacina são importantes, o desenvolvimento do sistema nacional de saúde é imperativo”.

Pediu, por isso “a colaboração dos parceiros de desenvolvimento” para ajudar o país a construir uma unidade sanitária “de referência, moderna” na capital que para o chefe de estado é “urgente e inadiável”.

Instou o executivo a “dar passos concretos no ano que inicia com vista a restaurar a autoridade do Estado, reformar a administração pública e aproximá-la dos nossos compatriotas”.

“A economia, seriamente abalada pela pandemia, tem que passar em 2021 por um processo de reorganização e dinamização, a fim de vermos aumentada a riqueza nacional, tendo em conta a grande perda sofrida em 2020”, concluiu Evaristo Carvalho.