O número de mortos provocados pelo mau tempo que se fez sentir na região centro de Moçambique na quarta-feira aumentou de dois para quatro, anunciaram as autoridades locais num balanço preliminar.

As novas vítimas mortais são duas crianças, de quatro e sete anos, que estavam no interior de casas de construção precária num centro de acomodação de deslocados que fogem dos ataques armados de dissidentes da Renamo em Manica, no centro de Moçambique, disse o presidente do Município de Gondola, Arlindo Ngozo, citado esta quinta-feira pelo jornal O País.

Os pais das crianças estavam do lado de fora da cabana e “tentavam arranjar mantimentos para os filhos quando, de repente, a casa desabou e as crianças morreram de imediato”, disse Arlindo Ngozo.

As crianças faziam parte de um total de 200 famílias deslocadas, que vivem no centro de acomodação de Mazicueira, em Gondola, na província de Manica, e que fogem aos ataques armados da autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), um grupo dissidente do principal partido de oposição responsável por incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica.

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Na quarta-feira, o primeiro balanço sobre o impacto da tempestade indicava que duas pessoas morreram, uma após o desabamento da sua casa e outra eletrocutada, nas províncias de Manica e Sofala.

A tempestade, apelidada de “Chalane” e que afetou também Madagáscar, atingiu parte das províncias de Sofala e Manica, no centro de Moçambique, durante a madrugada de quarta-feira, com ventos entre 90 e 100 quilómetros por hora.

Além dos quatro óbitos, um total de 3.600 pessoas foram afetadas durante a tempestade tropical e várias residências ficaram destruídas, segundo os dados preliminares Centro Nacional Operativo de Emergência.

Entre os meses de outubro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral, além de secas que afetam quase sempre alguns pontos do sul do país.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois ciclones (Idai e Kenneth) que se abateram sobre Moçambique.