Eram 15h10 da passada quarta-feira, dia 30 de dezembro, quando o Tottenham confirmou que a Premier League tinha decidido adiar o jogo contra o Fulham devido aos casos de Covid-19 no clube de Londres. O problema? O jogo estava originalmente agendado para as 18h dessa mesma tarde. Ou seja, ambas as equipas só souberam que afinal não iriam entrar em campo a menos de três horas do apito inicial. Algo que deixou José Mourinho particularmente irritado.
As queixas do treinador português começaram ainda antes de o adiamento ser confirmado, através do Instagram, onde escreveu, de forma irónica: “Jogo às 18h. Ainda não sabemos se jogamos. A melhor liga do mundo”. Na antevisão da partida com o Leeds, este sábado, Mourinho prosseguiu com as críticas e não deixou praticamente nada por dizer. “Quero dizer que me pareceu pouco profissional, mas foi assim. Quando treinava os Sub-13 ou Sub-15, há 30 anos, às vezes chegámos para jogar às 9h30 e o adversário não estava lá. Ou às vezes, numa rara manhã de domingo chuvosa em Portugal, chegávamos e não havia árbitro”, explicou, recordando que cresceu “neste tipo de situações” e que ficava “muito frustrado”.
“Especialmente por causa dos miúdos, que só ficavam a saber nos últimos minutos. Foi o que quase nos aconteceu. Foi quase como chegar ao estádio e não jogar. Quando digo ‘falta de profissionalismo’ talvez seja a expressão errada. Não estou a referir-me ao Fulham, falo da organização. Não creio que seja possível ter este tipo de situação, esta falta de clareza. Os jogadores vinham perguntar — alguns estrangeiros, que liam as notícias nos seus países — e nós não sabíamos o que responder”, acrescentou Mourinho, terminando com a ideia de que os treinos dos últimos dias teriam sido diferentes se o Tottenham soubesse antecipadamente que só iria entrar em campo este sábado e não na quarta-feira.
Encerrado o assunto e com esse jogo agora em atraso, os spurs recebiam o Leeds na primeira partida da equipa em 2021 e procuravam regressar às vitórias depois de quatro jornadas consecutivas sem conseguir ganhar, entre Crystal Palace, Liverpool, Leicester e Wolverhampton. A equipa de José Mourinho entrava em campo já depois de o Everton ter perdido com o Aston Villa e numa jornada em que Manchester City e Chelsea se encontram em Stamford Bridge — ou seja, sabia que os toffees já tinham perdido pontos e também sabia que este domingo um dos adversários mais diretos ia perder pontos (ou os dois, em caso de empate).
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— Tottenham Hotspur (@SpursOfficial) January 2, 2021
O Tottenham arrancava com os habituais titulares, com Ndombele e Bergwijn a fazer companhia a Son e Harry Kane na frente de ataque. Lucas Moura e Carlos Vinícius, recuperados de lesão, estavam no banco, ao contrário dos ainda lesionados Lamela e Lo Celso. Do outro lado, Marcelo Bielsa lançava o ex-Sporting Raphinha e o ex-Benfica Rodrigo no onze inicial, com o português Hélder Costa a começar na condição de suplente. Os spurs abriram o marcador à passagem da meia-hora, por intermédio de uma grande penalidade: o guarda-redes Meslier errou um passe e Alioski, a tentar evitar males maiores para o Leeds, acabou por fazer falta sobre Bergwijn na grande área. Harry Kane, na conversão, não falhou e chegou ao golo 10 da temporada e ao 205 da carreira pelo clube londrino (29′).
O Leeds ficou muito perto de empatar, com um remate de Harrison que passou por cima da trave da baliza de Lloris (41′), mas acabou por ser o Tottenham a aumentar a vantagem. Harry Kane apareceu na direita, no vértice da grande área, e soltou um cruzamento a meia distância para o primeiro poste; Son, antecipando-se ao defesa que o acompanhava, desviou para o segundo golo dos spurs e chegou ao centésimo da carreira pelo clube inglês (43′). Mais uma combinação da parceria ofensiva de José Mourinho, que continua a dar frutos e que já se tornou a dupla que mais golos criou numa única temporada na história da Premier League, 13.
Na segunda parte, sem nenhuma alteração nas duas equipas, Ndombele ficou muito perto de aumentar a vantagem do Tottenham, com um remate que Meslier conseguiu defender (49′). Logo depois, contudo, foi a vez de Alderweireld mexer com o marcador: Son marcou o canto na direita e o central belga desviou de cabeça ao primeiro poste (50′). Bielsa começou a mexer por volta da hora de jogo, para lançar Poveda, Shackleton e Pablo Hernández, e só a partir daí é que o Leeds contestou de alguma forma o controlo que o Tottenham tinha implementado desde o apito inicial.
A equipa de José Mourinho perdeu a capacidade de chegar ao meio-campo adversário nos últimos 15 minutos, Sissoko, Lucas Moura e Vinícius ainda entraram, Matt Doherty foi expulso por acumulação de amarelos mas os três pontos já estavam mais do que garantidos. O Tottenham voltou às vitórias depois de quatro jornadas consecutivas sem ganhar, igualou o Everton e o Leicester em termos de pontuação e saltou para o terceiro lugar da Premier League, a quatro pontos do Liverpool e do Manchester United. Mourinho recordou na antevisão que já não treina os Sub-13 mas a verdade é que o número dá-lhe sorte: Son e Kane chegaram ao 13.º golo que construíram em conjunto, marcaram os dois, assistiram os dois e foram novamente fulcrais para o resultado da equipa.