O presidente do Governo da Madeira ouviu este domingo os responsáveis dos municípios do Funchal, Câmara de Lobos e Ribeira, que registam maior incidência de casos de SARS-CoV-2, com vista à adoção de novas medidas.

“O Governo [Regional] teve uma atitude bastante positiva de auscultar, e acho que é bastante importante podermos estar em diálogo e percebermos as preocupações mútuas nesta situação”, declarou o presidente da Câmara Municipal do Funchal à saída do encontro que decorreu na presidência do executivo madeirense, na Quinta Vigia.

Miguel Silva Gouveia, que governa o maior município da Região Autónoma da Madeira, de coligação Confiança (PS, BE, PDR e Nós, Cidadãos!), adiantou que tem mantido também um “diálogo permanente” com o representante da República.

O autarca argumentou que esta “pandemia não é algo que vá passar de um dia a outro e requer diálogo permanente na procura de soluções” por parte de todas as autoridade envolvidas, considerando que “neste momento não há muita margem para falar”.

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Por isso, defendeu que, neste “cenário que se vai agravando de dia para dia”, sejam adotadas as “medidas que foram testadas e estão em prática noutros locais”, a nível nacional.

“O Funchal, neste momento, qualifica-se no primeiro nível elevado, já com 307 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias”, referiu o responsável da autarquia, indicando que as perspetivas não são de regressão.

Sobre a aplicação de medidas que sugeriu ao Governo Regional da Madeira, nesta reunião para a qual foi convocado junto com os outros autarcas, enunciou “o dever de recolhimento fora do período noturno, restrições à circulação no período noturno, algumas restrições à organização de eventos”, vincando que são as que estão “plasmadas e tipificadas para concelhos com o nível de gravidade” do Funchal.

Por seu turno, o presidente do município de Câmara de Lobos, o social-democrata Pedro Coelho, realçou que este é um “concelho de risco elevado”, pelo que as medidas aplicar “não são uma questão local, mas nacional”.

“Todos temos de ser responsáveis e todos vamos trabalhar para combater esta pandemia”, disse, rejeitando a possibilidade de a Câmara de Lobos voltar a estar sujeita a uma cerca sanitária.

Em abril, devido à existência de 54 confirmados na freguesia de Câmara de Lobos, na zona oeste da Madeira, esta localidade ficou em cerca sanitária durante 15 dias.

Desde o início da pandemia, este concelho reportou 249 casos confirmados do novo coronavírus.

Também o presidente da Câmara da Ribeira Brava, na zona oeste da Madeira, esteve nesta reunião, tendo Ricardo Nascimento indicado que o município tem “três cadeias ativas e estão a aparecer novos casos”.

“As situações estão a ser todas identificadas”, complementou, mencionando o “caso emblemático do grupo da matança do porco” que acabou por resultar em 37 infetados e “fez disparar o número de casos” neste concelho.

Ricardo Nascimento opinou que existem “outras cadeias que também estão ativas”, reforçando que estes próximos “esta semana será crucial para ver o que se vai desenvolver” neste município.

O concelho da Ribeira Brava regista 44 casos ativos desde o início da pandemia, de acordo com a autoridade regional de saúde da Madeira

De acordo com os últimos dados divulgados domingo pela Direção Regional de Saúde, a Madeira reportou 65 novos casos positivos de covid-19, menos 11 que os notificados sábado, totalizando 734 situações ativas, das quais 558 são de transmissão local.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.835.824 mortos resultantes de mais de 84,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 7.045 pessoas dos 423.870 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.