Hoje já ninguém tem dúvidas: com ou sem Marega, jogando sozinho no ataque, com apoio de um médio ofensivo mais próximo ou em dupla, o FC Porto é sempre melhor com Taremi. E são os números na Liga que o mostram: com o iraniano em campo, os azuis e brancos têm uma média superior a três golos marcados por jogo e menos de um sofrido; sem o iraniano em campo, a média de golos marcados desce para dois e os sofridos aumentam para 1.6. No entanto, nem sempre foi assim. E nem mesmo nas piores alturas da equipa, quando existe a tendência para ir à procura de “sangue novo” para mudar, Sérgio Conceição precipitou uma aposta mais consistente no jogador – foi na altura que quis, como entendeu melhor e quando considerou que percebia de forma mais consistente tudo o que a equipa necessitava. Agora, com o passar dos jogos, entendem-se os elogios que fazia ao iraniano. 

Quando Sérgio puxa por Sérgio, ganha (um)a equipa – a crónica do FC Porto-Moreirense

“É um jogador interessante, que consegue ser referência na frente mas também sair daquele espaço que é normalmente dos atacantes. Joga de costas para a baliza, joga em apoio, joga também nos movimentos curtos à profundidade. É um jogador refinado e, pelo que vi, em cima da linha defensiva, é um avançado de equipa grande porque descobre espaços onde é difícil encontrá-los. Só jogadores altamente refinados é que o conseguem fazer. Tem essas características que acho interessantes e, depois, acrescenta uma personalidade de que gosto. É muito humilde, respeitador do que o treinador pretende, do trabalho coletivo”, referira em setembro, numa entrevista ao jornal O Jogo, quando comentou a contratação do avançado ao Rio Ave mas numa fase de adaptação.

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À semelhança do que já tinha acontecido com outros jogadores novos que vão entrando no plantel dos portistas, Sérgio Conceição esperou por aquele que considerava ser o momento certo para lançar em definitivo Taremi na equipa com sucesso. E essa é uma das grandes marcas do técnico, que chegou esta noite ao 187.º jogo no comando do FC Porto e superou o registo de Jesualdo Ferreira, ficando agora apenas atrás de José Maria Pedroto e Artur Jorge. Isto na melhor altura da temporada, com 13 vitórias e um empate com o Manchester City nos últimos 14 jogos e oito triunfos consecutivos pela quarta época consecutiva, algo que nunca acontecera no clube. Mais: este é o melhor ataque das últimas três décadas à 12.ª jornada, igualando o de 2107/18. Todavia, e dentro de um jogo “entretido” e com mais oportunidades, nem tudo agradou ao treinador dos azuis e brancos.

“Tivemos mais ocasiões de golo mas houve alguns momentos que não gostei muito. Foi um jogo entretido mas faltou alguma consistência, foi um jogo algumas vezes partido. Houve também momentos muito interessantes, onde os jogadores interpretaram muito bem o que queríamos, encontrar o Taremi entre linhas, o Corona, depois usar largura e profundidade e conseguimos ocasiões de perigo. Outras vezes complicámos o que era fácil. Mas foi um resultado justo, se tivéssemos feito mais um ou outro ninguém se admiraria. Com um adversário quase sempre controlado. Na segunda parte houve algumas saídas rápidas do Moreirense que podiam ter causado algum perigo mas foi um jogo de forma controlada”, comentou na flash interview da SportTV.

“Houve ocasiões para chegarmos ao intervalo com um resultado mais volumoso, na segunda parte fomos à procura do segundo golo que acabou por aparecer já tarde, houve um outro golo anulado, outra ocasião na cara do guarda-redes… Foi um jogo controlado, bom mas nada de espetacular. Estou satisfeito pela vitória. Saída do Marega? Senti que não estava tão bem no jogo, foi uma opção meter o Toni [Martínez] e no final foi para refrescar a frente de ataque. Havia algum cansaço físico do Corona, do Luis Díaz, do próprio Mehdi [Taremi]. Não nos podemos esquecer que há bem pouco tempo saiu com um problema muscular, temos de ter algum cuidado com isso e gerir da melhor forma”, acrescentou no final de um encontro onde os suplentes voltaram a ter um contributo decisivo para o resultado (dois golos, Toni Martínez e Evanilson) tal como tinha acontecido em Guimarães.

“Dez golos? É sempre bom marcar. Não quero entrar pela questão individual, vamos salientar o coletivo. Vínhamos de um jogo difícil e estes três pontos são importantes. Somos mais fortes fisicamente, conseguimos manter o nível durante os 90 minutos e resolvemos no final. Houve uma ou outra ocasião em que conseguiram sair em contra ataque mas também é normal. Penso que estamos cada vez melhores, mais unidos do que nunca. Agora é conquistar os três pontos já no próximo jogo. Nesta casa estamos habituados a ganhar, perder não faz parte do nosso lema. Jogo após jogo a ganhar, é esse o objetivo. Segundo lugar à condição? O nosso lugar é o primeiro e mais tarde ou mais cedo vamos lá chegar”, salientou Sérgio Oliveira, o MVP para a SportTV.