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Era o segundo ato. Mas as estrelas esqueceram as falas, ficaram nos bastidores e estragaram o espetáculo (a crónica do Santa Clara-Benfica)

Este artigo tem mais de 3 anos

O espetáculo começou no domingo, acabou na segunda. Pelo meio, o Benfica só esteve em campo durante uma parte, entrou adormecido no segundo tempo e cedeu o empate ao Santa Clara (1-1).

Os encarnados tropeçaram nos açores e caíram para o terceiro lugar da classificação
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Os encarnados tropeçaram nos açores e caíram para o terceiro lugar da classificação

EPA

Os encarnados tropeçaram nos açores e caíram para o terceiro lugar da classificação

EPA

O Benfica arrancava esta segunda-feira, de forma competitiva, o ano de 2021. Para trás, ficava um ano de pandemia, um ano em que o Campeonato resvalou para o FC Porto, um ano em que a Taça de Portugal e a Supertaça também caíram para o mesmo rival e um ano em que a importante qualificação para a Liga dos Campeões não foi alcançada. Um ano que teve uma mudança de treinador com um interino pelo meio, o processo eleitoral mais concorrido da história e uma promessa de passar a jogar “o triplo”. Um ano que foi o pior da última década.

Segundo as contas do jornal A Bola, o Benfica disputou 48 jogos de janeiro a dezembro a 2020 — o terceiro ano com menos partidas — e não conseguiu mais do que 27 vitórias em todas as competições, complementadas com 11 empates e dez derrotas. Ou seja, registou uma percentagem de vitórias de 56,25%, abaixo da que era até aqui a pior dos últimos dez anos, em 2017, de 59%. Números que ajudam, sempre em certa parte, a explicar um ano civil em que os encarnados não conquistaram qualquer título (o último foi já em agosto de 2019, ainda com Bruno Lage, na Supertaça) e ficaram pela metade em praticamente todas as competições que disputaram.

Ficha de jogo

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Santa Clara-Benfica, 1-1

12.ª jornada da Primeira Liga

Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada (Açores)

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Santa Clara: Marco, Sagna, João Afonso, Fábio Cardoso, Mikel Villanueva, Nené (Costinha, 74′), Anderson Carvalho, Lincoln (Rashid, 74′), Salomão (João Lucas, 85′), Cryzan (Shahriyar, 74′), Jean Patric (Carlos Jr., 51′)

Suplentes não utilizados: Rodolfo, Ukra, Lucas Marques, Mesquita

Treinador: Daniel Ramos

Benfica: Vlachodimos, Gilberto (Diogo Gonçalves, 51′), Ferro, Vertonghen, Grimaldo, Rafa, Weigl, Taarabt (Chiquinho, 84′), Everton (Ferreyra, 84′), Waldschmidt (Pizzi, 65′), Darwin

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Todibo, Samaris, Nuno Tavares, Tiago Araújo

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Darwin (33′), Fábio Cardoso (60′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Sagna (26′), a Ferro (29′), a Fábio Cardoso (78′), a Rashid (90+5′)

Um ano que, na pretensão de Luís Filipe Vieira e da estrutura que o acompanha, precisava de ser esquecido. E esquecer 2020 passava pelas mãos de Jorge Jesus, passava pela conquista da Primeira Liga e passava por uma boa campanha nas competições europeias. Para chegar a tudo isso, o primeiro passo era dado esta segunda-feira, nos Açores e na primeira partida de 2021. Uma visita ao Santa Clara, que no passado mês de junho ganhou na Luz, que era obrigatória para voltar ao segundo lugar e aos dois pontos de desvantagem para o Sporting.

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“O que queremos é continuar a ganhar, alguns com sofrimento, também não há muitos jogos que consigas ganhar sem sofrimento. Há muita competitividade no futebol português e os passos que queremos dar é melhorar as nossas ideias de jogo. Estou há cinco meses no Benfica, desses se calhar tenho dois meses e meio de trabalho, devido a vários fatores. Acreditamos que, jogo a jogo, a equipa possa estar mais de acordo com as ideias que tenho para a equipa. O futebol mudou, não há adeptos. Aquela força dos adeptos, e principalmente no Benfica, onde os adeptos têm uma influência muito grande na equipa, que ajudam a equipa a ganhar, que obrigam a equipa a ter mais intensidade. As coisas mudaram e o que eu quero é que os adeptos regressem rapidamente ao Estádio da Luz, porque nós sentimos muita falta deles”, disse Jorge Jesus na antevisão da partida, onde garantiu que não sabe se seria aplaudido de pé — como acontecia quando orientava o Flamengo — se os estádios portugueses pudessem ter público.

O Benfica e o quarto Clássico seguido que caiu para o FC Porto: em janeiro, pode chegar o quinto

“Tenho 30 anos de carreira e só estive num país do mundo que me aplaudia de pé em todos os jogos. E não me aplaudiam de pé 20, 30 eram 70 mil. São situações que vivem as equipas em todo o mundo. Os resultados influenciam a forma como tudo és ou não aplaudido. Ganhando há uma forma de estar, não ganhando há outra”, completou o treinador, que esta segunda-feira já podia contar com Pizzi, recuperado da Covid-19, mas ainda não tinha Gabriel, Cervi, João Ferreira, Gonçalo Ramos, Seferovic e Jardel, todos infetados. A essas seis ausências acrescentavam-se as de Pedrinho e Otamendi: o primeiro com fadiga muscular, o segundo castigado por ter visto o quinto cartão amarelo. Do outro lado, os habitualmente titulares Rashid e Carlos Jr. começavam no banco.

Assim, Jesus lançava Ferro no eixo defensivo, ao lado de Vertonghen, e dava mesmo a braçadeira de capitão ao jovem central. Pizzi começava no banco, apesar de já estar disponível, e o meio-campo continuava entregue a Weigl, Taarabt, Everton e Rafa, com Waldschmidt e Darwin no ataque. No banco, para além de Pizzi, destaque para a presença de Todibo, central emprestado pelo Barcelona que ainda não jogou um minuto pelos encarnados, e do jovem Tiago Araújo, ala de 19 anos formado no Seixal.

Santa Clara-Benfica adiado para segunda-feira às 17h devido às condições climatéricas

O adiamento da partida, originalmente marcada para este domingo mas empurrada para segunda-feira devido às condições climatéricas em Ponta Delgada e ao estado impraticável do relvado do Estádio de São Miguel, fez com que o Benfica entrasse na 12.ª jornada já numa posição diferente. Os encarnados não jogaram, mas o FC Porto sim — o que fez com que os dragões, com a vitória frente ao Moreirense, subissem provisoriamente ao segundo lugar, com a equipa de Jorge Jesus a cair para terceiro. Nos Açores, depois de os dois clubes terem concordado este domingo com o adiamento do jogo após o árbitro Hélder Malheiro ter indicado o regresso dos jogadores aos balneários instantes a seguir ao apito inicial, a partida foi reatada a partir do minuto 5.

Este domingo, o jogo só tinha visto um remate para cada lado: Waldschmidt por cima da trave, Lincoln para uma boa defesa de Vlachodimos. Com o relvado em melhores condições, apesar de muito pesado e com clareiras de lama na zona das duas pequenas áreas, a partida foi reatada esta segunda-feira com um lançamento de linha lateral a favorecer o Santa Clara, ou seja, no exato local onde este domingo tinha sido interrompida. E até à meia-hora, o melhor resumo que poderia ser feito da primeira parte do encontro era explicar que as melhores oportunidades até então tinham sido os remates de Waldschmidt e Lincoln, ainda no dia anterior. O Benfica tinha claramente mais bola, mais posse, mais presença no meio-campo adversário, mas pouco ou nada conseguia fazer com tudo isso. Os encarnados eram demasiado previsíveis, lateralizavam por completo o jogo para os corredores mas demoravam na hora do cruzamento para a área e escasseavam em criatividade.

Contudo, o Santa Clara não tinha capacidade nem qualidade para surpreender o Benfica. O meio-campo da equipa de Daniel Ramos não pressionava o portador da bola, os homens mais adiantados não encurtam os espaços para a defesa na primeira fase de construção encarnada e o conjunto limitava-se a esperar que o adversário avançasse para tentar recuperar a posse e soltar um contra-ataque. Ainda assim, acabou por ser precisamente essa estratégia que culminou na primeira aproximação de uma das equipas à baliza contrária: o Benfica perdeu a bola numa zona adiantada do terreno e os açorianos lançaram uma transição muito veloz, através de Jean Patric, que só não atirou à baliza porque viu o remate bloqueado por um carrinho exímio de Vertonghen (31′).

Este lance pareceu espicaçar o Benfica e o golo apareceu logo depois — no primeiro e único remate enquadrado que a equipa de Jorge Jesus fez na primeira parte. Darwin ofereceu largura no corredor direito, Waldschmidt combinou com Rafa e recebeu na grande área depois de um passe vertical do português; o alemão cruzou e Darwin, depois de uma movimentação perfeita, apareceu já junto à pequena área a desviar de primeira para dentro da baliza (33′). O avançado uruguaio marcava assim na Primeira Liga pela segunda jornada consecutiva, chegava ao terceiro golo no Campeonato e desbloqueava um resultado que estava complicado de desatar — mas era Rafa, elemento fulcral na jogada, o jogador que ia fazendo novamente a diferença na equipa. Até ao intervalo, os encarnados ainda poderiam ter aumentado a vantagem, através de um remate ao lado de Waldschmidt (36′) e de um lance em que Rafa apareceu na cara do guarda-redes (40′), mas as equipas desceram mesmo aos balneários com a vantagem mínima do Benfica.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Santa Clara-Benfica:]

Depois do intervalo, nenhum dos treinadores mexeu nas equipas de livre vontade — mas os primeiros instantes da segunda parte obrigaram tanto Daniel Ramos como Jorge Jesus a fazer alterações. Um choque violento na grande área do Benfica, entre Jean Patric e Gilberto, deixou os dois jogadores muito abatidos no relvado e forçou a saída de ambos, para as entradas de Carlos Jr. e Diogo Gonçalves. Ainda assim, esses primeiros instantes já tinham chegado para perceber que o Santa Clara tinha voltado do intervalo com outra atitude e com outra intensidade, à procura da grande área adversária e dos espaços que os encarnados, pela primeira vez na partida, estavam a permitir.

A lógica manteve-se e alargou-se depois da entrada de Carlos Jr.. Ferro afastou uma das primeiras ocasiões de perigo, depois de um livre batido na direita (53′), Vertonghen evitou que um cruzamento decisivo chegasse ao último elemento do Santa Clara (59′) mas ninguém conseguiu parar o que aconteceria depois. Lincoln cruzou a partir da direita, Cryzan cruzou novamente já na grande área mas para lá do segundo poste com um movimento acrobático e Fábio Cardoso desviou de cabeça para empatar o marcador (60′).

Jorge Jesus reagiu ao golo sofrido com a entrada de Pizzi, que voltou à equipa depois de estar infetado com a Covid-19, mas a dinâmica da partida dificilmente se alterava: o Santa Clara estava por cima do jogo e acreditava na ideia de que podia chegar ao segundo golo, até porque o Benfica parecia estar perdido tanto em discernimento como em critério e procedimentos. Cryzan teve nos pés a vantagem, ao ser isolado na cara de Vlachodimos por Lincoln (68′), mas desperdiçou o lance e viu Marco, instantes depois, evitar o golo de Ferro na melhor ocasião que o Benfica criou na segunda parte (70′).

Daniel Ramos fez uma tripla substituição, colocando Shahriyar, Rashid e Costinha em campo, e o Benfica cresceu ligeiramente nos últimos 20 minutos — também graças às alterações nos açorianos e à entrada de Pizzi. O internacional português veio dar frescura e velocidade à movimentação ofensiva dos encarnados, que pressionaram o Santa Clara no derradeiro quarto de hora, mas a defesa do Santa Clara permanecia bem organizada. Até ao fim, Jesus ainda lançou Ferreyra e Chiquinho, o Benfica continuou maioritariamente no meio-campo adversário mas nem sequer criou verdadeiras oportunidades, permanecendo apenas nas imediações da grande área sem conseguir romper.

O Benfica cedeu um empate nos Açores devido a uma entrada totalmente adormecida depois do intervalo — algo que é cada vez mais recorrente — e não conseguiu mostrar a capacidade de dar a volta ao resultado que já demonstrou noutras partidas. Os encarnados foram igualados pelo FC Porto, caíram para o terceiro lugar devido à diferença de golos e estão agora a quatro pontos do líder Sporting. Era o segundo ato de um espetáculo que começou no domingo e acabou na segunda-feira: mas as estrelas da companhia esqueceram as falas, ficaram nos bastidores e estragaram a atuação.

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