A Igreja ortodoxa grega está a contrariar uma ordem governamental sobre o encerramento dos locais de culto durante uma semana para conter a propagação do novo coronavírus, e antes da planeada reabertura das escolas.

O organismo dirigente desta igreja emitiu esta segunda-feira uma declaração na qual exorta os padres a admitirem fiéis durante os serviços religiosos no interior dos templos para a celebração da Epifania, na quarta-feira.

O Santo Sínodo referiu que “não aceita” as novas restrições, em vigor entre domingo e até 10 de janeiro, e enviará uma carta de protesto dirigida ao Governo.

Após a Grécia ter registado um novo surto de infeções de Covid-19 e de mortes em novembro, com as unidades de cuidados intensivos a atingirem o limite máximo, as autoridades impuseram um novo confinamento através do encerramento de escolas e a suspensão de grande parte das atividades sociais e económicas.

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As medidas foram parcialmente suavizadas antes do Natal, quando as igrejas e estabelecimentos não essenciais foram autorizados e reiniciar algumas atividades, apesar de limitadas, incluindo cabeleireiros e esteticistas.

Todos estes serviços foram agora encerrados durante uma semana numa tentativa para conter a propagação do vírus, mas com as escolas a reabrirem a 11 de janeiro após duas semanas de inatividade. E os padres são autorizados a conduzir os serviços religiosos da Epifania, mas sem admitirem fiéis.

A declaração desta segunda-feira do Santo Sínodo indica que o Governo deverá manter as medidas adotadas no Natal, aplicadas após negociações com a Igreja, ao argumentar que os clérigos cumpriram todas as medidas de contenção no decurso do recente período de férias.

As reações dos membros da Igreja grega foram díspares face às medidas de contenção, ao variarem desde um entusiasmo contido a uma virulenta oposição.

O líder da Igreja grega, arcebispo Jerónimo — que contraiu e já recuperou da Covid-19 –, apoiou o plano de vacinação que já decorre no país. No entanto, um bispo conservador opôs-se a esta medida pouco antes do Natal, ao referir aos fiéis ter sido informado que as vacinas incluíam produtos provenientes de fetos abortados.

O Santo Sínodo exorta ainda a liderança da União Europeia e o Governo grego a assegurarem que “o número necessário de vacinas aprovadas seja imediatamente garantido aos cidadãos”.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.843.631 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.