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João Cutileiro num dos últimos projetos: "Não tive tempo de agradar a toda a gente"

Este artigo tem mais de 3 anos

Num dos últimos projetos em que participou, João Cutileiro falou do "orgulho", mas também da "perseguição", que a estátua de D. Sebastião simbolizava. Escultor morreu esta terça-feira.

João Cutileiro no vídeo de Tiago Figueiredo para o projeto "Pós-Pop. Fora do lugar-comum", Fundação Calouste Gulbenkian, 2018
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João Cutileiro no vídeo de Tiago Figueiredo para o projeto "Pós-Pop. Fora do lugar-comum", Fundação Calouste Gulbenkian, 2018

Tiago Figueiredo, Vimeo

João Cutileiro no vídeo de Tiago Figueiredo para o projeto "Pós-Pop. Fora do lugar-comum", Fundação Calouste Gulbenkian, 2018

Tiago Figueiredo, Vimeo

Michelangelo, o artista italiano que nasceu há mais de 500 anos, costumava dizer que uma escultura só se tornava boa quando era atirada de um monte e perdia tudo o que tinha a mais enquanto rolava. Mas João Cutileiro, autor de algumas das esculturas mais célebres em Portugal, que morreu esta terça-feira, encontrava a sua assinatura artística noutro ângulo: “Eu tinha vindo atrás a apanhar os bocados e a fazer esculturas com os bocados”.

Foi assim que resumiu o seu contributo para a arte da escultura, num dos últimos projetos em que participou: “Pós-Pop. Fora do lugar-comum”, realizado por Tiago Figueiredo para a Fundação Calouste Gulbenkian. E acrescentou: “A fome sexual e a fome gastronómica são as forças que me moldaram e que se refletem, certamente, em todo o traço que faça”.

João Cutileiro from Tiago Figueiredo on Vimeo.

Durante seis minutos e oito segundos, João Cutileiro deixou-se entrevistar num salão coberto de pó branco, ornamentado com nada mais do que pedaços de mármore em bruto, alguns deles molhados pela chuva, papelada e os materiais que dão corpo à obra. Falou, por exemplo, da caricata estátua de D. Sebastião que ofereceu à cidade de Lagos e é com uma frase sobre ela que fecha a entrevista: “Não tive tempo de agradar a toda a gente”.

João Cutileiro explicou que ofereceu a estátua para não receber dinheiro por ela e, assim, estar “completamente livre de a fazer”. A obra foi inaugurada em setembro de 1973, apenas sete meses antes da Revolução dos Cravos: “Foi pouco tempo. Não sei o que teria sido de se não tivesse havido o 25 de Abril naquela altura. A estátua não era bem aquilo a que as pessoas estavam habituadas”.

“Ele incendiou o mundo, incendiava a arte”. José Pedro Croft recorda Cutileiro enquanto Isabel Mota lembra o homem divertido

O escultor disse ter sofrido uma “perseguição” por ter fugido ao convencional naquele trabalho, mas não se arrependia do produto final, pelo contrário: “É um orgulho”. E citou Sartre para explicar porquê: “Quando as coisas não agradam a ninguém, são capazes de ser más. Mas se agradam a toda a gente são más de certeza”, frisou João Cutileiro entre gargalhadas.

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