Existe uma piada recorrente entre os habituais rivais do Tottenham. O clube esteve recentemente na final da Liga dos Campeões, tem estado frequentemente nos lugares cimeiros da Premier League e causa normalmente muitas dificuldades a Liverpool, Manchester City, Manchester United, Arsenal e companhia. Além disso, tem dos melhores jogadores da Europa, a começar em Harry Kane e Son Heung-min, e um dos treinadores com maior currículo nos últimos 20 anos, José Mourinho. Mas falta sempre a mesma coisa ao Tottenham: títulos.

Ora, a última vez que os spurs foram campeões nacionais foi em 1960/61, há 60 anos e quando a atual Premier League ainda se chamava First Division. Depois disso, o Tottenham conquistou oito Taças de Inglaterra, quatro Taças da Liga, sete Community Shields, uma Taça das Taças e duas Taças UEFA — um currículo que, apesar de tudo, não envergonha ninguém. Mas existe um problema. É que o último desses troféus, uma Taça da Liga, foi já há 13 anos, em 2007/08, quando o clube era orientado por Juande Ramos e tinha Jermaine Jenas, Robbie Keane e Berbatov no plantel. De lá para cá, o Tottenham não voltou a conquistar qualquer competição.

E era exatamente isso que explicava o porquê de José Mourinho estar entusiasmado com o jogo desta terça-feira, contra o modesto Brentford, a contar para a meia-final da Taça da Liga. Disputada apenas numa mão, a receção ao clube do Championship, o segundo escalão do futebol inglês, podia significar a presença numa final. Final essa que poderia, então, dar ao Tottenham o título que escapava há já 13 anos. E dar a José Mourinho o estatuto de herói que colocou o clube novamente na rota das conquistas.

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“É o jogo mais importante desde que aqui estou. Para mim todas as provas são importantes, mas este jogo é crucial para um clube que não vence um troféu há mais de uma década. É uma oportunidade que não podemos perder, é um jogo em casa e temos de ganhar. Se ganharmos estes dois jogos que faltam, ganhamos o troféu. São dois jogos difíceis, claro, mas se ganharmos dois jogos, ganhamos o troféu. E isso seria muito bom para o clube e para os jogadores”, disse o treinador português na antevisão da partida, que surgia dias depois de os spurs encerrarem uma série de quatro jornadas seguidas sem ganhar para a Premier League com uma vitória esclarecedora contra o Leeds.

Mourinho disse que já não treina os Sub-13. Mas o número dá-lhe sorte: Son e Kane já combinaram em 13 golos e Tottenham voltou às vitórias

Por tudo isto, Mourinho não fez grandes poupanças no onze inicial e lançou Son, Kane, Ndombele e Lucas Moura no ataque. Winks era suplente, saltando Sissoko para o meio-campo — e foi precisamente o médio francês a abrir o marcador. Reguilón tirou um cruzamento praticamente perfeito do lado esquerdo e encontrou Sissoko totalmente sozinho, no coração da grande área, a cabecear para dentro da baliza (12′).

O Tottenham foi para o intervalo a vencer e ainda apanhou um susto na segunda parte, com um cabeceamento de Pinnock ao poste mais distante na sequência de um canto (63′). O lance, porém, acabou por ser anulado pelo VAR por fora de jogo do defesa central do Brentford. Os spurs aproveitaram a sorte e aumentaram a vantagem logo de seguida depois de uma jogada perfeita de contra-ataque: o último passe foi de Ndombele, que isolou Son com um toque vertical, e o sul-coreano rematou quando já só tinha o guarda-redes David Raya pela frente (70′).

Até ao fim, Mourinho ainda lançou Ben Davies, Winks, Tanganga e Carlos Vinícius, o Brentford ficou reduzido a dez unidades devido a um cartão vermelho direto mostrado a John Dasilva — que acertou em cheio em Hojbjerg — mas o resultado não voltou a alterar-se. O Tottenham vai à final da Taça da Liga (onde vai encontrar Manchester United ou Manchester City, que se defrontam na outra meia-final esta quarta-feira) e está a uma vitória de conquistar um título 13 anos depois. Ou seja, José Mourinho está a uma vitória de ser o herói do clube.