Islândia, Islândia, Islândia. A pandemia acabou por esbater em parte o grande sucesso da Seleção de andebol no Campeonato da Europa que se realizou há um ano mas nem por isso o discurso ambicioso deixou a equipa numa fase de maior densidade competitiva e com três jogos oficiais contra o mesmo adversário: esta noite em Matosinhos e domingo em Reiquiavique, na qualificação para o Europeu de 2022, e no dia 14, quinta-feira, na primeira ronda do Campeonato do Mundo que arranca daqui a uma semana no Egito.

“Recomeçámos os treinos ainda no dia 1 e estamos a fazer para, desta vez, sermos superiores à Islândia, que não deverá apresentar grandes novidades em relação ao último Europeu. É um adversário que tem grandes estrelas, mas nós também temos. Aron Palmarsson, lateral do Barcelona, é um jogador chave na equipa, mas há mais nove que jogam todos na Alemanha, entre outros clubes que também têm muita qualidade e elevado nível. Portugal tem de crescer e de se superiorizar para ganhar. A equipa não tem lesões, nem confinamentos profiláticos, pelo que estamos a preparar-nos com muita confiança para alcançarmos os objetivos a que nos propomos”, disse no início do ano o selecionador nacional, Paulo Pereira, comentando não só a primeira partida em Matosinhos mas também a ausência de uma das grandes figuras islandesas – sendo que também Gilberto Duarte ficou de fora.

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A chave é relativamente simples: conseguirmos anular aquilo que eles têm de bom e conseguirmos potenciar as nossas qualidades. Se aplicarmos bem o modelo de jogo e fizermos bem o que temos planeado, penso que vamos vencer”, resumira o selecionador, admitindo que todo o contexto de paragem por causa da pandemia transformou o jogo “numa grande incógnita para ambos”.

Desde 2016 que Portugal não conseguia bater a Islândia, sendo que no último Campeonato da Europa, que a Seleção concluiu num lugar mais alto do que os nórdicos (6.º-11.º), foram os islandeses a ganhar no Grupo II da segunda fase por 28-25 e a condicionarem as contas nacionais de uma participação que podia ter sido ainda mais histórica. Agora, o conjunto nacional não falhou e, apesar de algumas dificuldades e meio da segunda parte, carimbou o terceiro triunfo no grupo 4 de qualificação para o Europeu de 2022 por 26-24 (antes ganhou em casa a Israel por 31-22 e foi vencer na Lituânia por 34-26) e deu um passo muito importante para o apuramento.

Portugal nem teve uma entrada muito conseguida, com três exclusões em cerca de 13 minutos e um lance em que Alexandre Cavalcanti ficou lesionado após pisar um jogador contrário (com os islandeses a fazerem rápido essa reposição e a marcarem sem baliza com o lateral no chão, o que deixou o banco nacional em protestos), mas nunca perdeu “contacto” no resultado, melhorando cada vez mais na defesa com um grande Alfredo Quintana na baliza e mostrando argumentos em ataque organizado que os islandeses nunca tiveram com grande mérito de Portugal à mistura. Ao intervalo, os três golos de vantagem mostravam essa superioridade, com Pedro Portela (cinco golos em cinco remates) a ser o melhor marcador e a Islândia a ter apenas 50% de eficácia em 22 tentativas.

No segundo tempo, entre algumas falhas no ataque e a melhoria do guarda-redes islandês, os visitantes foram conseguindo aproximar-se no resultado, empataram a 20 e levaram o encontro para uma ponta final de grande emoção, onde todas as posses de bola podiam mudar o rumo do encontro e onde voltou a aparecer não só Quintana mas também Humberto Gomes, veterano guardião de 43 anos que travou dois livres de sete metros. Com muito coração à mistura e Iturriza a não falhar dos seis metros (a defender e a atacar), Portugal segurou o triunfo e deu mais uma prova da força coletiva tendo o aniversariante Portela como melhor marcador com sete golos.