O apoio que os sem-abrigo de Faro recebem durante todo o ano foi intensificado para garantir um acompanhamento mais próximo destas pessoas enquanto o tempo frio se faz sentir, disse esta quinta-feira, à Lusa o presidente da Câmara.

Segundo Rogério Bacalhau, o município tem no terreno um dispositivo em rede composto por organismos oficiais, associações e instituições de solidariedade social para garantir que os 24 sem-abrigo referenciados no município estão preparados para ultrapassar a vaga de frio que afeta o país e o Algarve.

O autarca explicou que o município tem “os planos de contingência contra as condições climáticas e também da pandemia ativos” e que a secção da Comissão Municipal de Proteção Civil se reúne “duas a três vezes por semana” para preparar o apoio a estas pessoas, sublinhando que algumas não aceitam a ajuda, como a utilização de uma área criada nos bombeiros para pernoitar.

“Em particular nesta altura, em que as condições climáticas estão um pouco agrestes devido à baixa temperatura, temos vindo a fazer um acompanhamento dessas pessoas que estão referenciadas como sem-abrigo, que neste momento rondam as 24 situações que estão referenciadas. Mas destas, apenas cinco pessoas estão a viver na rua, propriamente, os outros estão em casas abandonadas ou coisas do género”, afirmou o autarca.

O trabalho é realizado através do núcleo de Planeamento e Intervenção dos Sem-abrigo (PISA) de Faro, “que faz o acompanhamento ao longo de todo o ano e em particular nesta altura”, com o apoio “das forças de segurança – GNR e PSP -, da União de Freguesias de Sé e São Pedro, do G.A.T.O [Grupo de Apoio a Toxicodependentes], do MAPS [Movimento de Apoio à Problemática da Sida] e da Santa Casa da Misericórdia”.

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“E vamos fazendo o acompanhamento, não digo diariamente, mas dia sim, dia não, vendo como as pessoas estão”, garantiu o autarca, recordando que “no dia 30 [de dezembro de 2020], quando começou a baixa temperatura, foi pedida ajuda à Cruz Vermelha, que cedeu um conjunto de mantas e os bombeiros distribuíram por essas pessoas”.

Rogério Bacalhau assegurou também que os sem-abrigo são “convidados a passar a noite no quartel de bombeiros”, mas depois “eles não aceitam e não querem”, e lembrou “uma experiência” com a montagem de “um espaço com tendas de campanha” para estas pessoas pernoitarem, mas só “houve um que na primeira noite apareceu, mas a meio da noite foi-se embora e depois já não voltou”.

“Portanto estamos a fazer esse acompanhamento para criar melhores condições para pernoitarem. Também estão a ser fornecidas refeições e alimentação e estamos a trabalhar com outras instituições também para dar também o apoio que for necessário nesta altura, tendo em conta a baixa temperatura, mas ao fim e ao cabo fazemos isso durante todo o ano”.

O presidente da Câmara de Faro reconheceu que “um dos grandes problemas” que a autarquia enfrenta relativamente às pessoas nesta condição é que “recusam muitas vezes ajuda” e apontou situações em que os serviços lhes foram levar mantas, mas eles depois “jogaram-nas fora”.

“Mas aqueles que aceitam a ajuda, estamos disponíveis para ajudar e queremos ajudar, mas nem sempre conseguimos ser bem-sucedidos nessa tentativa”, concluiu o autarca.