O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou esta quarta-feira que o Brasil está “uma maravilha”, um dia após ter dito que o país estava falido e que não tinha condições de remediar a crise económica causada pela pandemia de Covid-19.

“Você viu a confusão ontem? Que eu disse que o Brasil estava quebrado. Não. O Brasil está bem. Está uma maravilha”, disse esta quarta-feira Bolsonaro, numa tentativa de minimizar a polémica que causou com a sua declaração na véspera sobre o estado grave das finanças do país, rebatidas por economistas e até por aliados seus.

“Aquela imprensa [media] desavergonhada causou uma onda terrível com esse assunto. Para a imprensa o bom foi quando Lula e Dilma [ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff] gastaram com eles três mil milhões de reais por ano”, acrescentou Bolsonaro.

O líder falou sobre a polémica a um grupo de apoiantes que o esperava em frente ao Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília.

Na terça-feira, o Presidente brasileiro tinha dito que a economia do país estava “quebrada” depois da crise gerada pela Covid-19, acrescentando que a imprensa foi responsável por agravar a situação, ampliando os efeitos danosos da pandemia.

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“O Brasil está quebrado chefe, eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa ‘media’ que nós temos. Essa ‘media’ sem caráter que nós temos”, disse Bolsonaro na terça-feira, também junto ao Palácio da Alvorada.

Vários economistas e líderes políticos criticaram Bolsonaro pela afirmação, que consideraram infundada e que pode assustar investidores visto que a equipa económica do Governo brasileiro tem defendido que a economia está a recuperar rapidamente e deve encerrar 2021 com forte expansão.

O ministro da Economia do país, Paulo Guedes, que estava de férias, decidiu conceder uma entrevista para esclarecer a declaração do Presidente brasileiro.

Guedes justificou o comentário de Bolsonaro dizendo que a falência citada pelo chefe de Estado se refere às contas públicas e não à situação da economia do país em geral.

Ele está se referindo obviamente à situação do setor público, que está em uma situação financeira difícil, pois, depois dos excessos de gastos dos governos anteriores, foi derrubado o primeiro governo que vinha falando em corte brusco de gastos por causa da pandemia. Estamos reconhecendo a dificuldade da situação, mas estamos enfrentando”, disse Guedes.

De acordo com as últimas projeções do Governo e dos economistas, o Brasil encerrou 2020 com uma contração económica de cerca de 4,5%, a maior em várias décadas, mas um percentual bem menor do que o esperado nos primeiros meses da pandemia.