A candidata presidencial Ana Gomes elogiou esta quinta-feira o trabalho do atual Presidente da República na causa das pessoas em situação de sem-abrigo, mas sublinhou que são precisos mais apoios às associações e mais respostas das autarquias.

Ana Gomes reservou a manhã para visitar a associação Crescer, acompanhada pelos deputados André Silva e Inês de Sousa Real, do PAN, com o objetivo de conhecer o projeto de habitação É UMA CASA, Lisboa Housing First e algumas das pessoas em situação de sem-abrigo que o programa ajudou.

No final da visita concluiu: o programa é um exemplo, que deve ser mais apoiado e replicado. 

“Este projeto faz sentido, merece ser apoiado — há fundos europeus que podem ser mobilizados — e, do meu ponto de vista, devia ser adotado pelas autoridades municipais, não dispensando que associações da sociedade civil como a Crescer também cumpram o seu papel”, disse à Lusa.

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O problema das pessoas em situação de sem-abrigo foi, ao longo da presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, uma prioridade e em 2017 o chefe de Estado apontou 2023 como meta para “deixar de haver sem-abrigo em Portugal”.

Questionada sobre o trabalho nesta área do atual Presidente e recandidato, Ana Gomes reconheceu o contributo de Marcelo Rebelo de Sousa, referindo que as próprias associações sentiram nos últimos anos uma maior sensibilização para a causa.

“Pus essa questão à Crescer e consideraram positiva a sensibilização da sociedade para um problema que é real e que pode ser facilmente resolvido. Não pode é ser resolvido com perspetivas puramente assistencialistas, tem de ser com perspetivas de recuperação de um projeto de vida”, explicou.

É o caso do programa É UMA CASA, que adota que lógica de housing first, ou seja, a ideia de as pessoas em situação de sem-abrigo não precisam de resolver os seus problemas antes de poderem ir para uma casa e que, por outro lado, esse é precisamente o primeiro passo.

Para a ex-eurodeputada do PS e agora candidata à presidência da República, esta iniciativa é um excelente exemplo daquilo que deve ser a resposta da sociedade civil e das autoridades a um problema antigo, que se agravou com a pandemia da Covid-19.

“A pandemia está a pôr mais pessoas na rua e precisamos de mais iniciativas como esta. Este projeto faz a diferença pela vida das pessoas, como vimos aqui a falar com a dona Josefa”, sublinhou, depois de visitar a casa de uma das mais de 80 pessoas que, após vários anos na rua, voltaram a ter um lar com o apoio da Crescer.

“Há muita gente que cai na rua por vicissitudes da sua vida e precisa de apoio. E o apoio primeiro, de facto, é a casa”, acrescentou, recordando as histórias de outras duas pessoas que conheceu no mesmo dia.

E se for eleita? “Posso garantir que apoiarei este projeto, a difusão deste projeto, a replicação deste projeto e outros projetos em que fundos nacionais e europeus podem ser postos ao serviço de ajudar aqueles nossos concidadãos e concidadãs que precisam de ajuda”, respondeu.

Além de Ana Gomes, também são candidatos à Presidência da República o atual chefe de Estado Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias, André Ventura, Tiago Mayan Gonçalves, João Ferreira e Vitorino Silva.

As eleições presidenciais estão agendadas para 24 de janeiro e a campanha eleitoral decorre entre 10 e 22 de janeiro.