O secretário-geral comunista avisou esta quinta-feira para os perigos que encerra a candidatura presidencial do líder do Chega, André Ventura, mas mostrou-se confiante no povo português e na “grande escolha” do PCP, João Ferreira.

“Não me surpreende aquele estilo, descontando as encenações e o mau ator de teatro que seria, que vive de proclamações, mas proclamações com um sentido preocupante, na medida em que já vimos este filme aqui há 40 e tal anos e lutámos muito para que isso não se repita”, afirmou Jerónimo de Sousa, referindo-se ao regime fascista do Estado Novo.

O líder do PCP respondia a perguntas dos jornalistas após um contacto com trabalhadores dos Serviços Intermunicipalizados de Água e Resíduos (SIMAR) Loures/Odivelas.

“Tenho um sentimento de confiança em relação ao povo português, que não quer andar para trás, não quer que se assista outra vez ao medo de ser despedido, perder direitos, perder as próprias liberdades consagradas na Constituição. Estou confiante de que o povo português saberá, com a sua sabedoria, afastar qualquer perigo dessa natureza”, insistiu.

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Convidado a avaliar os outros candidatos ao Palácio de Belém, Jerónimo de Sousa declarou que não foi surpreendido “nem pela negativa, nem pela positiva”. “Em relação a um ou dois debates, foi claro posicionamentos que esquecem para que serve a eleição do Presidente da República. A resposta está na Constituição. O Presidente da República vai ter de jurar defender cumprir e fazer cumpri-la. Como é que existem um ou dois candidatos que consideram que a Constituição é letra morta, quando é a Lei Fundamental do país?”, criticou.

O secretário-geral comunista, que também já foi candidato presidencial, elogiou o seu “camarada” e também dirigente partidário “pelas suas características, convicções, inteligência e conhecimento que tem dos problemas”. “Digo-vos, sinceramente, e não estou aqui com qualquer facciosismo partidário: o João Ferreira é uma grande escolha, um grande candidato”.

Questionado sobre o estabelecimento de alguma meta eleitoral, em termos de percentagem de votos ou posição final no sufrágio, o líder do PCP escusou-se a concretizar. “Acho que é um resultado que ainda está em construção, o que se verifica, não só pela participação militante e de ativistas da candidatura que estão no terreno, mas também pelos apoios que se vão alargando, alguns até surpreendentes. Cometeríamos um erro de avaliação se considerássemos que está tudo já claro e arrumado e não é preciso mais campanha e debates. Estamos a construir o resultado”, concluiu.